𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝𝚎𝚎𝚗

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Taehyung

O lançamento do meu álbum havia sido um sucesso. Fora um mês de intenso trabalho, empenho e esforço e, apesar de ser um novo artista no mercado, a quantidade de divulgação e a qualidade da produtora ajudaram no triunfo da minha mais nova obra de arte. As vendas começaram a subir quando eu coloquei meu single principal, 'Singularity', na maior plataforma digital da Coreia, acompanhado de um videoclipe elaborado e no qual eu tinha participado, com imenso orgulho.

Jungkook — que também estava extremamente orgulhoso e extasiado — me levaria em um restaurante chique, em tom de festejo, no dia de amanhã. Eu tinha contestado sua decisão, não porque não queria ir ao local, mas porque já havíamos marcado de nos encontrar com os seus amigos para um café rápido. Porém, o mesmo continuou persistindo, afirmando que teríamos tempo para as duas coisas, e eu decidi não insistir, afinal, eu sabia como ele era cabeça dura e, quando decidia algo, muito dificilmente era convencido do contrário.

Entretanto, enquanto alinhava, mentalmente, os ingredientes que necessitava para a refeição noturna, me apercebi que os que tinha em casa não eram suficientes para preparar o jantar que pretendia. Por isso, enquanto esperava que o trem chegasse, disquei o número de Jungkook, desejando que o rapaz não estivesse muito atarefado ao ponto de não responder a minha chamada.

— Lindo? Está ocupado? — indaguei assim que notei a ligação ser atendida. Jungkook parecia estar concentrado em algo, visto que apenas murmurou em resposta, pedindo para que eu prosseguisse, e pensei em uma maneira de ser breve, contudo, sem causar uma preocupação desnecessária ao mais novo. — Então... — mordi os lábios, não é como se eu lhe transmitisse algo de grave, só que eu sabia como o outro poderia ser protetor. — eu iria preparar uma janta para nós dois, estava de saída agora do estúdio pensando no que ia fazer e... lembrei que estamos em falta de estoque.

Você quer que eu vá ao mercado? — perguntou, me fazendo revirar os olhos. Porque ele sempre quer fazer tudo? Eu não sou um inválido, poxa! — Pode me dizer o que precisa e, depois do trabalho, eu...

— Eu vou ao mercado, Jungkook. — ditei, carregando minha fala na palavra "Eu". O silêncio do outro lado da ligação foi tão duro que tive de checar para ter certeza que ele não havia desligado na minha cara. Suspirei, continuando. — Estou no metrô, de volta para casa, posso descer um pouco antes e ir comprar o que precisamos.

Tem certeza disso? Quero dizer... — ele tossiu, limpando sua garganta. Me permiti rir pela preocupação do outro, que parecia indeciso em suas palavras, demorando para prosseguir. — Não quer que eu vá junto?

— Não vai acontecer nada, meu bem. — disse em uma maneira para tranquilizá-lo, o que não pareceu dar muito certo, visto que seu suspiro foi bem audível. — Confie em mim, eu vou pegar as coisas, pagar, colocar na sacola, voltar para casa...

Não, não, eu confio em você. — Jungkook começou, e eu tive que tapar uma orelha ao escutar o som do metrô se aproximando. — Em quem eu não confio é nas pessoas ao seu redor.

Respirei fundo, fazia anos que não ia a algum lugar desacompanhado — a não ser o estúdio — e eu realmente queria tentar. Tomar um pouco de coragem e seguir sozinho, não poderia deixar tudo nas mãos de Jungkook, afinal, ele não é meu empregado. Não deveria ser tão perigoso, era apenas uma ida ao mercado, o máximo que poderia acontecer era eu ser roubado, ou morto? Quer saber...

— Vai ficar tudo bem. — falei, conseguindo imaginar sua expressão duvidosa do outro lado da linha, até eu estava um pouco inseguro, mas, qualquer coisa era só gritar, certo? — Agora tenho de ir, o trem está parando.

Apartamento 316Onde histórias criam vida. Descubra agora