Apartamento 316

𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚎𝚎𝚗

Jungkook

Eu estava petrificado, esperando uma ação do de cabelos negros. Eu não pretendia pedir o homem sentando em meu colo em namoro desse jeito, porém, quando vi, minhas palavras já haviam abandonado meus lábios e, agora, eu fitava o mais velho, que possuía os olhos esbugalhados. Meu corpo estava em puro nervosismo, eu observava cada reação que poderia vir do outro, esperando ansiosamente por alguma resposta ou palavra proferida pelo mesmo — de preferência, positiva.

Talvez eu o tivesse apanhado despercebido, mas eu, simplesmente, não aguentava mais estar na corda bamba e não saber o que nós éramos. Nós já nos havíamos confessado um ao outro, eu o amava e ele também me amava e, devido a isso, eu pensava que não deveria haver qualquer empecilho para que não ele aceitasse minha proposta. No entanto, sua expressão confusa e vacilante mudou meu pensamento, em pouco tempo.

— Eu... — conseguia perceber hesitação vinda de sua parte — o que, claramente, não era um bom sinal —, enquanto o homem procurava olhar outro ponto que não pertencente a meu rosto, como a porta ou até um armário ali próximo. Finalmente, ele suspirou e separou nossos corpos, deixando uma sensação de tristeza e vazio em meu coração. — Eu não... não consigo aceitar, Jungkook.

Talvez eu não estivesse preparado que ele negasse, porque arregalei meus olhos. Como assim ele não pode aceitar? O que o impedia? — Porquê, Taehyung? — eu precisava de saber. Qual fosse a razão, parecia que eu era o culpado para que ele não concordasse. — O problema sou eu?

O outro continuava a evitar me fitar, agora seu olhar estava preso no tapete felpudo da sala, que era iluminada pelas luzes fortes vindas do lustre, logo acima de nós. Ele mordeu seu lábio inferior, talvez estivesse nervoso em falar comigo, coisa que não entendia. Há minutos atrás, ele me revelou sua história que, com certeza, era muito mais complicada do que justificar porque não aceitava.

Porém, uma culpa começou a me invadir. Não, ele não tinha que se justificar perante mim. Meu coração estava apertado com sua decisão, no entanto, nós não éramos nada, então, ele não precisava de me dar qualquer justificação, mesmo que eu achasse que ele devesse. Chacoalhei minha cabeça, afastando todos os pensamentos, e me levantei do sofá, com meu corpo rígido e meu olhar triste, movimento que não passou despercebido por ele. O homem, finalmente, deixou que seus globos oculares pousassem em minha figura, e o mesmo pareceu arrependido. — Jungkook, desculpa, eu...

— Não, Tae. Não quero que se justifique, muito menos peça desculpa. — fui firme, meu tom de voz transmitia que eu estava magoado e penso que ele não deixou escapar esse pormenor.

— Mas, porquê? Eu quero...

— Porque não! Você não me deve satisfações, nós não somos nada. — mais uma vez, minha voz saía decidida, apesar de meu coração estar rachando e minha garganta doer com minha escolha de palavras amargas. Eu percebi que o mesmo estava se sentindo da mesma maneira quando percebi seu corpo se encolher — movimento quase imperceptível para quem não prestasse atenção — e seus olhos se tornarem húmidos. Respirei fundo, puxando meus fios parcialmente azuis para trás, tentando manter a calma enquanto Taehyung engolia em seco, provavelmente, impedindo que suas lágrimas rolassem. — Merda, eu não queria dizer isso. Me desculpa.

— T-Tudo bem. Eu e-entendo seu lado. — fiz questão de me socar mentalmente quando vi que, para além de gaguejar, o rapaz voltou a mirar o chão, sua expressão triste me fez perceber que não deveria ter dito o que disse. Foi o estopim quando ouvi uma fungada e uma das suas mãos ser levada até seu rosto, secando uma lágrima que teimava em cair. Tentei me aproximar, dando um passo à frente, mas talvez meu movimento tenha sido muito rápido, pois o mesmo se afastou em questão de milissegundos. Porra, eu o havia assustado!