𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝

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AVISO: O capítulo a seguir contém cenas explícitas de violência e agressões físicas, portanto, caso seja sensível ou não se sinta confortável, recomendamos que não leia, ou vá por sua conta e risco!

Taehyung

Não fora fácil sair do conforto dos braços de Jeon quando Soojin o chamou, avisando que, por hora, estava bom e nosso contacto já havia sido o suficiente. Se Yesung sequer cogitasse a ideia de que estivemos juntos — ou visse Jungkook a sair do seu apartamento —, nos mataria a ambos, disso eu não tinha dúvida. Ele suspirou, deixando um último selar sobre meu cabelo azulado e o afagando, delicadamente. Seu corpo saiu lentamente da cama, esta que rangeu baixinho pela diferença de peso sentida em segundos.

— Por favor, Taehyung. — suas mãos foram de encontro a minhas bochechas, ele as segurou como se eu fosse um vidro prestes a quebrar se o toque fosse brusco. O rapaz repetiu, antes de se retirar do quarto e, consequentemente, do apartamento. Seus olhos brilhavam em expectativa e ele humedeceu os lábios, os deixando brilhantes e demasiado chamativos para meus globos oculares. — Deixe-o. Eu sei que você é forte o suficiente para isso. E, se precisar, é só chamar meu nome que eu estarei lá em segundos, está bem?

Eu acenei positivamente com a cabeça, meus olhos acompanhando seu corpo bonito sair pela porta a fora, a rosa branca que ele me deixara em mãos espalhando o seu perfume doce por todo o ambiente e conseguindo arrancar me um sorriso. Talvez, agora as flores tenham um significado favorável para mim, novamente.

Eu consegui almoçar com Soojin e com o namorado, Jinyoung, uma das poucas refeições em harmonia que eu havia tido nos últimos anos. Sem qualquer discussão ou gritaria, apenas um casal e um amigo desfrutando de um prato cozinhado com amor e carinho. Eu me encontrava um pouco alheio ao que se passava em meu redor, ainda pensando no que acontecera de manhã.

Jeon era a melhor coisa que poderia ter acontecido em minha vida. A maneira como o rapaz se preocupava comigo — ao ponto de me oferecer um moletom e um protetor labial que havia melhorado minha aparência —, me tratava tão bem e tentava me defender sempre que possível aquecia meu coração, findado a sofrer, de uma forma que eu não acreditava que fosse possível.

Mesmo assim, não pude deixar de prestar atenção em como Soojin e Jinyoung pareciam diferentes de mim e Yesung. A morena sorria largo quando o namorado perguntava como tinha corrido sua manhã e vice-versa, quando ele a tocava com carinho em suas bochechas coradas e ela levava uma das suas famosas bolachas deliciosas até sua boca, e ele a beijava em seguida. A mulher chegou a me ofereceu uma bolacha — que eu prontamente neguei, com a razão de estar demasiado satisfeito.

Como eu havia sido tão azarado no quesito do amor? Toda a gente à minha volta parecia feliz em seus relacionamentos — Soojin e Jinyoung, Jimin e Minju — e eu, em meus vinte anos, vivia num relacionamento onde nem sequer podia discutir meus sentimentos ou acabaria por sair com um hematoma. Onde nem sequer podia ter uma voz ativa nas decisões de casal ou até mesmo sair de casa. Talvez eu nem soubesse mais falar com pessoas do exterior, fazia tanto tempo que eu não saía para um café ou uma passada rápida no supermercado que eu acho que minhas capacidades sociais haviam diminuído para níveis abaixo do zero.

Antes de sair da casa de meus vizinhos atenciosos, eu agradeci sua intervenção no episódio de ontem à noite, prometendo que viria visitá-los mais vezes e que daria notícias. Era mentira, como é óbvio. Não por minha vontade, mas sim porque Yesung me controlava e odiava a mulher que me abraçou antes de eu entrar em meu apartamento. Suas palavras foram como um balde de água fria, visto que eu pensava que ninguém sabia o que se passava dentro de meu apartamento.

— Faça o que Jeon disse. E, sempre que precisar de algo, não existe em tocar aqui, okay? Seja a que horas for, nós iremos te proteger e impedir que Yesung te magoe como tem vindo a fazer.

Apartamento 316Onde histórias criam vida. Descubra agora