Bolo de Sorvete

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O por de sol iluminava as ruas de Arendelle, tornando a paisagem em um tom laranja e amarelo, a brisa suave causava cócegas nas crianças e adultos, o calor sumia aos poucos no ritmo que a noite aproximava-se.
Durante a volta para o castelo, os três ficaram em silêncio, Anna ajudava a irmã a andar, mesmo sem necessidade, Jack ia atrás, atrasando-se de propósito, evitando assim perguntas quais recusava-se a responder.
Anna Lançou-lhe um olhar por cima do ombro, notou como ele tinha uma perturbação no semblante pálido, olhando para os próprios pés, segurando o cajado com preguiça e marasmo, piscou duas vezes, voltando-se para a irmã, um tipo de dúvida pairou na própria mente, quis começar um interrogatório, entretanto suspirando, engasgou-se com as próprias palavras, e em vez de dizer, as matou lentamente.
Elsa, cruzou os braços em torno da barriga, a figura exausta de si causava-lhe vergonha, planejou tudo em vão, sendo a culpanda novamente do desastre, um aperto no coração e um nó no estômago davam ênfase a esse fato, fez um esforço e de repente, rompendo a força do silêncio que a acorrentara, falou com a voz baixa, interior.
— Desculpe Anna. Só queria lhe dar o dia perfeito. Mas eu estraguei tudo de novo.
A princesa sentindo empatia, afirmou que não era a responsável por nada, colocando-se a sua frente, segurando-a pelos ombros. Jack deteve-se em ficar calado, parou de andar e decidido voou dali, nenhuma das duas notou quando partiu.
No topo do castelo, apoiando no mastro, observou vários snowgies tentando comer o bolo, Kristoff esquivando-se de cada um, as crianças e os empregados do castelo cantavam juntos, assim como Olaf, pulando de um lado para o outro, um tipo de inveja assumiu o ser do adolescente, eles eram como uma família, uma palavra que não existia em seu dicionário , nascera do ar frio e do inverno, incapaz de sentir calor.
Às vezes pensava como seria tocar em uma vela acesa e queimar o dedo, dormir ao lado de uma lareira aquecida com uma família, odiava não ter o que outros têm, fechava os olhos e camuflava esse sentimento tão íntimo e impossível.
Dotado de uns grandes olhos azuis, muito atencioso, percebera como a rainha era impedida de tocar o berrante de aniversário, sendo puxada pela princesa, em vão, com um sopro o tocou, criando no processo uma enorme bola de neve, que voou para longe do reino, a fisionomia de Jack impressionou-se, mesmo doente era capaz de ter enorme poder, sentira-se pequeno com tal afirmação.
Então entraram depois de minutos, no castelo, esperou antes de passar por uma janela aberta, e assim andar pelos corredores do castelo. Observava os quadros nas paredes, uma delas chamando-lhe atenção, os pais de Elsa em um pose séria e de mãos dadas, cada um deles dividido os traços com a filha, os olhos e aparência inteiramente da mãe e a disciplina e responsabilidade do pai, suspirou estreitando o olhar para o véu negro sobre a pintura, indicando o falecimento de ambos.
Lembrou-se do dia que a amiga recebera a notícia, encontrava-se no quarto como uma fera enjaulada, tentando controlar os poderes, a criada Gerda anunciara com pesar atrás da porta, imediatamente tudo tornara-se braco, neve e estacas de gelo formaram-se no lugar, assemelhando-se a tempestade interior no coração de Elsa, que juntou os joelhos contra si, escondendo a face em lágrimas .
Naquele dia, tentou consola-la, todavia cada vez que tentava aproximar-se, estacas de gelo afiadas iam a sua direção, derrotado sentou-se em seu lado direito, as lanças impedido parcialmente a visão do guardião. Quisera dizer quaisquer palavras de conforto, o sentimento de inutilidade fez presente ao ouvir a voz de Anna atrás da porta.
"Você quer brincar na neve?"
Partindo mais o coração dela, que em prantos chorou.
O espírito do inverno, que até então estivera perdido em pensamentos e lembranças, foi interrompido por um amiguinho, esse mordendo o dedão do pé, com ajuda de um único dente, sorrindo ligeiramente, pegou o ser pequeno na mão e colocou no ombro.
— O que foi amigo? — indagou.
O snow-babie perto da orelha de Jack fizera alguns sons inrreconheciveis, como se quisesse pronunciar palavras, soando engraçado.
— Até queria entender, mas não falo com criaturas de neve. — riu, um riso gentil.
Tão distraindo, que notara a presença de Olaf no instante que esse o falou, estendendo para o guardião um pedaço de bolo, posto em um patro real, agradeceu-lhe e de bom grado dispensado o uso de um talher deu a primeira mordida, em seguida deixando o cajado encostado na parede e tirando um pedaço para o snowgie, qual devorou rapidamente.
— Olha um amiguinho. — comentou o boneco de neve. — Eu vou ler chamar de floquinho.
Jack balançou a cabeça com divertimento, ainda saboreando a guloseima.
— Olaf sabe me dizer sobre a rainha? — perguntou.
— Claro, ela tem lindos cabelo loiros, quase brancos, olhos como o céu azul e… — começou animado.
— Não, quero dizer se a viu? — interrompeu, com um gesto na mão.
— Eu a vejo todos os dia, hoje ela estava com Anna…
— Sei disso, só me diga para onde as duas foram. — suspirou.
— Estão no quarto da Anna. — afirmou. — Mas por quê?
— Nada de especial. — E acabando com o último fragmento do bolo continuou: — Poderia me levar até lá? Faz algum tempo que visitei o castelo, e são muitas portas.
— Com certeza Jack Frost! — gargalhou, os bracinhos de madeiras o empurrando para andar. — No caminho podemos cantar uma música.
— O quê? — piscou repetidamente, com surpresa. — Eu não canto.
— Sempre tem uma primeira vez.— deu mais uma de suas gargalhadas espalhafatosas. — Por uma vez na eternidade.— acrescentou.

Coração AquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora