Turbilhão de Inverno

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Sentindo que estava perdido nos corredores do castelo, tornou a procurar maneiras de retornar os passos das duas irmãs, num estado de tensão que em geral o tornava tranquilo e vagaroso em seus movimentos, acercou-se de uma porta. Quando girou a maçaneta, lá dentro duas criadas conversavam à medida que ajeitavam a cama de Elsa, uma delas tinha a face aflita, reconheceu como a mulher que vira antes, a mesma que derrubara os pratos, teve um expressão divertida com a fala dela, apoiou o queixo sobre o cajado, escutando a conversa.
— Eu vi Agnetha, um fantasma flutuando ao lado da Rainha, ele tinha uma aparência estranha, segurava um bastão mágico.
— Um bastão mágico Gerda? — riu a mulher mais nova, colocando um travesseiro na cama. — Está lendo muitos livros infantis.
— Tenho certeza que vi, posso ser velha, não caduca.
Ele olhou uma última vez para as criadas, girando o cajado, escutou um grito vindo da mulher chamada Gerda e depois da outra, sorriu largamente com diversão, uma delas jogou-lhe várias almofadas, desviou-se de todas, os gritos e o desespero lhe trouxera mais diversão, dois guardas surgiram empunhando espadas.
Jack voou para longe, ficando acima de suas cabeças, ambos presenciavam aquilo com espanto.— O quê é aquilo! — gritou um dos guardas.
— É um fantasma! — respondeu Gerda, buscando abrigo atrás do homem.
— Vejamos, é primeira vez que me chamam de fantasma, soa bem constregador — pausou a voz, passando a mãos nos fios brancos, um sorriso zombador surgiu nos lábios — , não sou um fantasma, sou o espírito do inverno, da diversão e claro do caos.
Terminando a fala, girou o dedo indicados no ar, criando um mini-tornado de neve, logo transformando-se em uma nevasca.
Todos ali abismados e paralisados encaravam aquele ser sobre suas cabeças, jamais viram algo parecido, exceto a rainha, qual apresionou Arendelle em um inverno eterno.
Ameaçados, um dos guardas jogou-lhe a espada, Jack desviou, era para ser divertido e não para machuca-lo, analisando os seus semblantes, decidiu cessar a tempestade de neve, fechando o punho com força.
O quarto todo estava alvo, incluído os indivíduos, o guardião pousou no chão, segurou a risada colocando o punho fechado sobre os lábios, mudou atenção em direção a figura da mulher que entrou pela porta, Elsa. Naquele momento parou de rir, sabia que durante o momento seguinte estaria morto, viu como ela encarou o quarto surpresa, tentou disfarçar lhe presenteando com um sorriso curto, a alteza lançou-lhe um olhar irritado.
— O que você fez? — indagou ela. Fechou as pálpebras, tentando manter a postura, de relance percebeu os guardas e as duas mulheres.
— Nada. — respondeu.
Anteriormente a soberana seguiu Anna, enquanto a irmã puxava o cordão vermelho, primeiramente foram até um dos terraços do castelo, onde do lado de fora um buquê com flores roxas e girassóis esperava por Anna, logo após desceram por um tipo de balanço, onde de pé a rainha descia e a irmã sentada pegou um sanduíche dentro de uma cesta.
Agora voltava com Anna para irem até a sala de quadros, seria uma surpresa, todavia escutara gritos de seu quarto, pediu para ela esperar, no instante que vislumbrou o responsável queria matá-lo.
Quis explicar para os súditos quem era o guardião, entretanto as duas mulheres saírem correndo gritando, os guardas permaneceram a sua frente, limparam a neve dos rostos, aguardaram as ordens.
— Acalmem Gerda e Agnetha, e que tudo que viram aqui esqueçam.
— Mas alteza…
— É uma ordem. — interrompeu com o tom de voz autoritária, estando de costas para os dois. — Vão. — acrescentou.
— Sim, vossa alteza. — responderam em uníssono, fazendo uma reverência.
Toda a perturbação e todo o embaraço de Elsa desaparecera, dando lugar a uma viva exasperação. Aproximou-se do interlocutor, cruzando os braços esperando que ele falasse.
— Exite uma ótima explicação. — principiou Jack, respondendo ao olhar da rainha, como se de fato ela lhe tivesse falado.— Elsa, eu…
Com um aceno de mão o interrompeu.
— Um minuto Frost, lhe deixo sozinho por um minuto e o cavalheiro causa uma tempestade em meu quarto. — disse, fazendo um grande esforço para falar coerentemente. — Assustou aquelas pessoas… Eu deveria matá-lo! Lhe ordenei para não causar confusão!
— O que esperava de mim "vossa alteza" ? Não recebo ordens de ninguém, inclusive de você.
O espírito do inverno riu, um riso zombador. O som era como o ar rarefeito da montanha na face pálida de Elsa.
— Eu sou a Rainha!
— Não, você é a rainha de Arendelle, não a minha rainha, a única coisa que faz é dar ordens, esquecera que há mais na vida do que um castelo e um reino.
Apesar da indiferença desdenhosa e completa que agora, no seu entender, sentia por ela, devido estar sendo tratado como uma criança irresponsável, restava um sentimento por qual recusava nutrir.
A raiva que a atormentava no período de incerteza passou no mesmo minuto em que Jack aproximou-se com o olhar rígido, dolorosamente, pelas palavras do espírito.
— Diferente de você, tenho responsabilidades e deveres, não perco meu tempo com bobagens e esse tipo de diversão. — Interpela com a voz rude. — Afinal porque voltou? Eu não preciso do senhor, Frost, nunca precisei. — ironiza, ferindo-o profundamente.
Ele não admitia ter voltando por ela, mas, no fundo da alma, queria que Elsa fosse feliz, mesmo não estando na sua felicidade.
Encararam-se por breves minutos, ambos com amargura, transmitindo-se pela face, estavam a poucos centrimentros de distância, entrelaçados por um sentimento de dor, quando Anna pigarreou, acabando com atmosfera pesada.
— O que aconteceu? — indagou preocupada, observando o quarto totalmente congelado e o rosto da irmã.
— Oi Anna, não aconteceu nada, estava apenas conversando com ele. — respondeu-lhe, evitando falar seu nome, como se fosse um palavrão.
— Tem certeza? Olhe para esse quarto, só uma tempestade de neve para causar esse estrago… — Franziu as sobrancelhas, olhando diretamente para Jack, trazendo atenção na sua roupa coberta de neve, desconfiava de algo. — Vocês dois não parecem estarem bem, há algo que devo saber?
Entreolharam brevemente, Jack suspirou, no momento que a amiga desviou o olhar.
— Elsa estava mostrando-me como seus poderes são conduzidos por suas emoções. — suspirou ele.
— Oh… Então o que…
— Anna, vamos seguir com o planejado, é seu aniversário e agora temos que ir para a sala de quadros. — interrompeu a irmã, agarrando-a pelo braço que recuou.
— Tudo bem, mas Jackie precisa vir conosco, vou adorar mostrar as pinturas dos nossos pais e claro! A da Joana, irá ficar impressionado com é tão realista.
A alegria da garota contagiou os ânimos dos dois, e ainda que custasse sorrir, um singelo sorriso surgiu nos lábios da rainha e do guardião.
***
Os olhos azuis do espírito observou as duas irmãs, fizeram um gesto que conduziu a um pulo até um sofá verde, Elsa entendeu o braços, enquanto cantava, mostrando-lhe um quadro, na pintura as duas estavam sentadas em Sven, enquanto a rainha segurava Olaf no colo, Kristoff apoiava os antebraços na rena, cada um olhava para direções opostas, por um instante uma pontada de inveja avançou em seu interior, eles eram como um família, algo que jamais teria.
"Um dia para festejar pra valer."
Indentifica a fala de Elsa em um som melodioso, removendo da parede o quadro, entregando nas mãos de Anna, que sentou-se no sofá, para apreciar a obra, sem nunca deixar o cordão vermelho. Ocupou-se em analisar as várias pinturas da sala, uma delas tinha a suposta Joana, joga o cajado para mão esquerda, minimamente com as pontas dos dedos sente a espessura da tinta, incluindo os detalhes, como a moldura de madeira escura, julga ser de uma árvore rara, devido a delicadeza da região, sem perceber cria uma ligeira camada de gelo, suspira chateado, às vezes seus poderes seguia seu humor, decidiu olhar mais quadros.
— Adorei o presente Elsa. — falou Anna, segurando a pintura em frente a seus olhos.
Elsa sorriu em resposta.
Ela recua a atenção para o guardião, que distraído não repara o olhar grudando em sua figura, está ocupando vendo a arte de uma mulher sentando em um balanço. Tão distraída, não ouvira o momento que Anna lhe chamara, desculpa-se em seguida, a princesa sorri, um sorriso cético, acusando-a do momento inoportuno ao espírito do inverno.
— O que foi? — pergunta, voltando-se a ela.
— Só fiquei curiosa sabe, seus olhinhos brilhando olhando para Jackie.
— O quê? Ele? — arqueja em um tom descrente. — Ele é um adolescente irresponsável. — cruza os braços, desviando o olhar.
— Certo, mas esse adolescente "irresponsável" lhe traz mais diversão. — ironiza e apressa-se para não ser interrompida: — Desde que ele chegou eu vejo como sua postura mudou Elsa, nos últimos meses suas responsabilidades estavam lhe privando de diverti-se, mesmo no inverno, recusava-se a brincar na neve.
Com as palavras da irmã, olhou diretamente para Jack.
Podia compreender o que Anna dizia, a verdade que ele sempre trouxe diversão em sua vida, principalmente quando estava trancando em seu quarto, contundo repetia para si mesma que esse tempo estava no passado, de onde quer que viesse, porém, a atmosfera de indiferença generalizada que reinava em seu eu, jamais permitiria estar com ele como um amigo, talvez um conhecido, a amargura lhe atormentava.
Tamanho foi o bom humor, por parte do guardião que Elsa não pôde deixar de ser influenciada.
— Não diga tolices Anna. — articulou depois de um breve silêncio.
A rainha, sem hesitação ergueu-se, pedindo que a irmã continuasse a seguir o cordão e ainda que a princesa quisesse continuar a conversa obedeceu.
Percebendo a movimentação das duas, Jack deixou de lado os quadros, com o cajado na mão direita, perguntou-lhe onde iriam.
— Seguir o cordão. — sorriu Anna, mostrando-lhe a primeira fileira de dentes brancos.
— Posso dar uma sugestão?
— Que tipo de sugestão? — inquere Elsa, com dúvida.
Descobrira que os acontecimentos do aniversário da princesa, haviam sido planejado, mesmo que inconscientemente pela Rainha, de modo que repetia o que Anna fizera quando pequena, sozinha, observara atentamente a imagem dela cantando e correndo pelos corredores do castelo; um sorriso lhe surgiu ao recordar tal lembrança.
— Seria mais animador andar de bicleta por aí, até o próximo presente. — falou ele.
— Isso seria ótimo! — animou-se, tentando equilibrar os presentes de Elsa nos braços. — Podemos pedalar pelo salão, depois descer a enorme escada e claro! Podemos usar aquele bicicleta que o serralheiro fez para nós Elsa, é incrível! — exaltou dando pulinhos de alegria, sem parar para tomar fôlego entre uma fala e outra.
E com uma animação que não caberia em seu ser cativante, correu em direção a saída, puxando a irmã pela mão, Jack riu levemente, balançando a cabeça, antes de seguir ambas.

Coração AquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora