Capítulo 5

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Depois do festival Qing Ming, a atmosfera no cemitério voltou a ficar deserta. Cansado de vagar por aqui, decidi embarcar em uma viagem para lugares distantes. Embora já tivesse visitado alguns deles antes, não conseguia imaginar como ir mais longe.

Sendo um fantasma, não me cansava de sair para explorar, mas sabia que se continuasse por muito tempo, acabaria ficando entediado. Assim, cheguei ao pé de uma colina próxima ao cemitério e me sentei, observando um templo não muito distante.

Quando não havia ninguém por perto, apreciava muito a paisagem, apesar de ser bastante árida, com várias dunas de areia no chão. Mas ao amanhecer, esse lugar se transformava no mais bonito de todos.

Abraçando meus joelhos, saudei o nascer do sol, tentando afastar os sentimentos tristes que me assombravam. Acabei adormecendo sem perceber.

Embora os espíritos não precisem dormir e estejam sempre conscientes, não estava acostumado com isso, provavelmente um hábito da época em que era humano. Então, mesmo não sentindo sono, segui minha rotina e fui dormir.

Enquanto pensava, ouvi o som de um motor próximo e levantei a cabeça para descobrir sua origem.

Aquele carro...

Decidi me aproximar e, para minha surpresa, não estava enganado. Era o mesmo carro que eu havia visto pela primeira vez há quatro anos.

Mas por que?

Não estávamos no festival de Qing Ming, era o meio do ano, tornando a visita ainda mais estranha.

Apesar de não saber o motivo da vinda da família do garoto a esse lugar, senti uma grande felicidade.

Pensei em correr atrás do carro para provar que não estava alucinando, mas logo desisti. Minha resistência era fraca, não estava acostumado a exercícios físicos, então optei por esperar no cemitério.

Em pouco tempo, o carro parou no final da estrada e o garoto saiu do veículo. A porta se fechou imediatamente, e ele carregava um saco plástico na mão. O carro esperou até que todos descessem e partiu.

Fiquei piscando ao ver o carro se afastar, surpreso com o que estava testemunhando. O menino tinha agora 14 anos, ele não era mais o garoto de 10 anos que eu conheci. Vê-lo vindo até aqui e sendo deixado sozinho era algo realmente estranho.

Meus olhos fixaram-se no carro até que ele desaparecesse no horizonte, então me virei para o garoto, sentindo uma grande preocupação.

Permaneci no local, caso houvesse alguma situação urgente ou perigosa em que pudesse ajudar o menino.

Entretanto, o que mais chamou minha atenção foi a expressão do garoto, muito triste, seus olhos vermelhos e inchados, como se tivesse chorado recentemente. Era evidente que algo havia acontecido.

"Aconteceu alguma coisa?" Perguntei nervosamente, tentando acariciar sua cabeça para consolá-lo, mas minhas mãos passaram direto por ele.

"Minha mãe morreu."

Meu coração apertou.

O garoto tentou se acalmar, esforçando-se para não chorar na minha frente, embora sua voz tremesse.

Compreendia a dor que ele sentia, pois também havia perdido meus pais quando era criança, como ele.

"Phi, você pode me ajudar a falar com a minha mãe? Tenho medo que ela se sinta sozinha." Ele se abaixou, ocultando suas lágrimas de mim.

Mas, ainda assim, as lágrimas fluíam incontroláveis dos olhos do menino.

"Ela deve estar solitária e com medo. Se possível, poderia contar com sua ajuda para cuidar dela?"

Ele está vindo para mim (Novel PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora