Capítulo 7

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Um ano se passou desde aquele dia, e durante esse período, minha mente foi tomada por ansiedade. Houve noites em que pensei demais e não consegui dormir. Estava nervoso com a possibilidade de nos encontrarmos novamente e que Than já não seria mais uma criança. Será que seus sentimentos e hábitos mudariam?

Na última vez que Than veio, ele tinha 17 anos. Depois disso, passou um ano sem aparecer, o que significava que agora ele teria 19 anos. Cada vez que eu pensava nisso, a sensação de falta de ar aumentava. O tempo estava passando rápido demais, e eu havia sido negligente. Quando o conheci, ele estava no primeiro ano.

Agora, na faculdade, ele teria a oportunidade de conhecer muitas pessoas, e sua comunidade seria muito mais ampla do que antes. A possibilidade de Than gostar de alguém ou ter uma namorada aumentava. Esses pensamentos me faziam sentir dor na cabeça. Eu desejava que o tempo pudesse parar, que Than não crescesse, e que tudo permanecesse como sempre, imutável. Mas sabia que era apenas um desejo irracional.

Embora eu tenha dito anteriormente que não esperava nada e apenas desejava que Than fosse feliz, a verdade é que isso não era diferente de uma mentira que eu contava a mim mesmo para me distrair. Se eu ainda estivesse vivo, não sei se conseguiria ficar calmo e sorrir quando ele se casasse e trouxesse seu filho para me conhecer. Se conseguisse sorrir, provavelmente acabaria derramando lágrimas em seguida.

Eu tentava evitar pensar muito sobre isso, mas a ideia sempre retornava à minha mente, incessantemente. Quanto mais ocioso eu ficava, mais esses pensamentos me atormentavam. Eu não sabia o que fazer. Preocupação, depressão e ansiedade agiam como sombras que mudavam constantemente de forma.

A dor em minha cabeça me fez esfregar os olhos antes de me levantar. Precisava fazer algo para desviar minha atenção e parar de pensar nisso. Então, decidi ir viajar, distanciar-me e caminhar por algum lugar distante.

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Há muito tempo não visitava esse mercado, pois a viagem era longa e o trajeto cansativo. Normalmente, só vinha aqui quando tinha tempo livre e nada para fazer.

Ao chegar ao mercado, percebi que estava mais lotado do que antes, talvez por causa da chegada do verão, atraindo mais pessoas. Fui em direção ao mercado, com meus olhos fixos nas lojas ao longo da rua.

De repente, alguém correu em minha direção e eu me esquivei instintivamente, mas logo percebi que ninguém podia me tocar, mesmo estando ali, parado.

Cansado de olhar para a comida, decidi ir à loja de brinquedos. Percebi que, desde que morri, a variedade de brinquedos havia aumentado bastante. Entrar na loja de brinquedos para ver as novidades parecia mais interessante do que observar as frutas e legumes entediantes.

Após olhar ao redor da loja, me deparei com um ovo de brinquedo semelhante ao de um dinossauro. Interessado, estendi a mão para pegá-lo, mas logo lembrei que não seria capaz de tocá-lo. Suspirei com frustração enquanto o ovo caía de minha mão e rolava para o lado da mesa. Às vezes, eu conseguia tocar em certas coisas, mas outras vezes, não importava o quanto tentasse, minha mão passava direto.

Tentei pegar o ovo novamente, mas antes que caísse da mesa, a dona o pegou e repreendeu quem supostamente havia causado o acidente. Decidi deixar o lugar, planejando voltar em outro momento para fazer experimentos com outros itens.

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Abril chegou novamente, e enquanto voltava em vários lugares, avistei um carro branco dirigindo pela estrada de terra. Ao ver o número da placa, tive certeza de que era ele. Animado, pulei da colina e parei em frente ao túmulo.

Desta vez, o vi sentado no banco do passageiro. Quando o motorista abriu a porta, minha ansiedade diminuiu um pouco. A última vez que o esperei, ele não veio, e temi que essa espera de dois anos fosse em vão mais uma vez.

Ele está vindo para mim (Novel PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora