Capítulo vinte

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Provavelmente a primeira coisa que Louis pensou após observar a pessoa a sua frente era que ele estava vendo alguma alma, até mesmo sonhando acordado ou delirando. O garoto não sabia ao certo quais motivos levaram a pessoa a vir até ele, já se fazia tantos anos, porque ele estaria aqui, agora, e além do mais com essa carranca expressivamente tristonha e confusa estampada em seu rosto?

Louis guardava tantos segredos e sentimentos em seu interior que achava que iria explodir, o que já estava praticamente acontecendo nesse momento. Seu rosto estava vermelho por raiva e surpresa, seus lábios finos e suculentos estavam entreabertos e havia um resquício de suor em sua testa. Tudo causado pela pessoa a sua frente.

- Ei, Louis, acorde. - A pessoa falou com a sua voz fina e rouca ao mesmo tempo, se levantou e andou até Louis, parando centímetros do corpo do mesmo, estendendo a sua mão direita e a balançando em frente ao seu rosto.

- O que você faz aqui? - Louis falou abruptamente e suspirando pesado. Essa era a frase que borbulhava em sua mente. Ele precisava de respostas e acreditava que a pessoa saberia responder detalhadamente e sem devaneios.

- Só vim visitar um velho amigo e resolvi passar por aqui, sabe? Pensei que ia ser recebido com um sorriso, um "E ai camarada" que você sempre falava quando me cumprimentava ou quando chegava de alguma viagem de negócios, mas parece que tudo mudou pelos bairros negros da cidade, inclusive em seu interior negro e horrendo. - Stanley falou calmamente passeando pelo quarto de Louis e olhando para os objetos que o garoto possuía, pegando e tocando em alguns deles uma hora ou outra.

Stanley Lucas.

Um dos principais motivos para tudo na sua vida estar um caos ultimamente. Fora ele que havia levado Louis para aquela festa lotada de pessoas bêbadas, drogadas e em busca de sexo salvagem em uma noite de sexta-feira. Se não fosse por ele e Stanley serem tão descuidosos, Zayn não haveria assistido à fita que mostrava todo o grande segredo de Louis e nada disso teria acontecido.

Louis estava quase tendo um ataque cardíaco pela situação, quando tudo havia se tornado tão difícil em sua vida? Porque ele não podia ser feliz livremente com Harry sem precisar se esconder? Porque ele havia sido tão idiota naquela noite a ponto de fazer uma burrada tão grande que havia transformado a sua vida em poucos minutos? Eram tantas perguntas que rodeavam a mente turbulenta do garoto e que infelizmente não havia respostas. O sentimento de culpa alastrava todo dia em seu corpo, o deixando quase sem forças. Seus olhos amanheciam úmidos e Louis sempre dava um jeito de fazê-los pararem de ficar de tal forma, o que ele acabava não conseguindo, já que era uma coisa que acontecia naturalmente. Era uma sensação um tanto estranha, parecia que os seus olhos iriam chorar milhares de lágrimas em segundos seguidos, mas era somente uma sensação que passava conforme as horas do relógio mudavam de localidade.

E agora, lá estava ele, chorando noites e noites e tudo era culpa dele e do garoto que permanecia intacto a sua frente.

- Você estragou tudo! Você tem noção da porcaria de vida que a minha está ultimamente? Você tem?! - Louis falou eufórico andando apressadamente em sua direção, sentindo a raiva ferver em suas veias cheias de sangue puro e seu coração bater quase descompassadamente. Stanley arregalou os seus olhos e suspirou nervoso pela situação que se encontrava.

Um ar tenso surgiu no ar e Louis desejou que estivesse morto, não era um desejo surpreso para ele que havia pensando nisso inúmeras vezes naquelas semanas insuportáveis. Ele permaneceu olhando fixamente para o garoto a sua frente que estava com os olhos arregalados levemente, prendendo o ar e sentindo seus pulmões necessitarem a cada segundo de uma tragada para poderem voltar ao natural.

- Calma ai cara! O que está acontecendo? - Stanley questionou o garoto e Louis relaxou seus ombros, se afastando e indo sentar em sua cama.

O garoto de olhos azuis se sentia pequeno diante de todo o mundo. Era como se ele estivesse exposto a uma imensa plateia que gargalhava dele e da forma de como ele se encontrava. Era terrível. Uma sensação de desconforto e extremo medo. E quase ia desistindo. Quase. Se não fosse por a sua família, que era a sua maior riqueza e Harry, seu primeiro e único grande amor.

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