3. Dia 2

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Eles traziam comida e uma vez ao dia me levavam ao banheiro. No primeiro dia não deixaram eu sair, mas no segundo, um homem alto com o rosto coberto por um pano preto abriu a porta pesada da cela e me forçou a sair.

Achei que aquilo seria minha liberdade, porém, o homem pegou a gola da minha blusa e me guiou até um lugar pequeno e abafado. Passei pelo corredor e dobrei a direita, outro corredor se estendia, mas fui empurrada na primeira porta que surgiu.

O novo lugar era um banheiro coberto por azulejos. Minha tristeza voltou na hora. Não era liberdade, e sim mais um paço para a prisão. Usei o vaso e tomei banho, colocando a mesma roupa que usava.

Abri a porta delicadamente na esperança de sair correndo pelo corredor. Sem chances, o mesmo homem esperava ao lado da porta do banheiro. Quando me viu, pegou meu braço sem piedade, levando de volta para a cela.

Tentei soltar o braço, mas o homem segurou com mais força quando me debati.

- Por que estão fazendo isso!? Quero meus pais!

Ele não respondeu. Fiquei encolhida no canto quando voltei para a cela.
Aceitei que todos os dias seriam assim. As únicas cores do mundo se tornaram o cinza do quarto e o branco do corredor e do banheiro. Minha roupa já estava meio desbotada de tanto ficar no chão, meu boneco se palhaço era a única coisa confortante, quase como uma coisa viva.

Escrevi no caderno até cair no sono, agarrada ao meu boneco.

Punchline - Derradeira OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora