5. Dia 11

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Eles eram diferentes. Todo dia era uma pessoa diferente.

Comecei a prestar mais atenção no homem mascarado que me levava ao banheiro. Todo dia era um homem diferente, não era difícil de perceber.

A primeira diferença notada foi o tamanho da figura, uns mais baixos; outros mais altos; outros magros; corpulentos. Depois foi o modo de andar, de segurar a arma. Agora era os olhos - a única coisa visível por baixo da máscara - que mudavam de cor e expressão. As vezes eram calmos; tensos; preocupados; apreensivos...

Com certeza os olhares eram para mim, mas o que poderiam fazer? Eu estava no centro de uma briga da máfia, eles só podia executar as funções que lhes foram pagas para fazer.

Engraçado como eles poderiam ter pena de mim, uma garotinha solitária. Outros nem tinham pena e eu comecei a admirar esse sangue frio.

Eu adorava o Batman por ser sangue frio em enfrentar seus oponentes e ainda ter piedade deles. Sonhava em ser como ele, até fiz um ano de karatê para aprender sobre o combate. Desisti no ano seguinte.

Conclui que, se eu quisesse ser como o Batman, precisaria principalmente da misericórdia, uma coisa que me escapava no momento. Naquela altura, odiava meus pais; o mafioso que me sequestrou e todos os meus guardas.

Sonhei que o Batman me salvava daquela cela. Claro que ele nunca viria. Gotham estava corrompida. O Batman faz o que faz porque a justiça não existe nessa cidade. Se ninguém vai me salvar, eu vou salvar a mim mesma.

Punchline - Derradeira OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora