Punchline - Derradeira Origem

11. Realidades

Durante a madrugada, com a chave já em mãos, destranquei o escritório e comecei a vasculhar as pastas de arquivos. Não demorei para achar o que queria.

Uma certidão de casamento e um comprovante de posses estavam bem escondidos na escrivaninha central.

A certidão, obviamente, era do casamento dos meus pais, já o contrato de posses, era um arquivo governamental da união de renda entre as duas famílias.

Tive que segurar o riso.

O casamento foi apenas para unir duas grandes redes de tráfico. A família não valia nada, apenas o dinheiro. Meus pais achavam que eu era apenas mais uma naquela casa, eles já tinham os papéis e as influências para simbolizar a união que queriam.

Mas eles estavam erados.

Eu também era um contrato. O mais valioso entre aqueles papéis. Eu carregava o sangue e o nome dos dois. Cada parte do contrato pertencia a um e a outro, porém, tudo pertencia a mim.

Coloquei os papéis em seus devidos lugares e fui silenciosamente devolver a chave.

Papai e mamãe dormiam serenamente, nem perceberam minha figura entrando; pegando a carteira e saindo novamente. Talvez tão serenamente que nem notariam se alguma coisa os acertassem...

Voltei para o meu quarto e joguei-me na cama. Não queria dormir, ainda tinha muito a pensar, mas a pequena vitória fez meu cérebro entrar em êxtase.

Eu ainda teria que esperar, talvez não precisasse esperar muito, apenas o momento certo ou a idade certa.

Dormir e não sonhei com nada. Antigamente eu sonhava muito. Não sei se o motivo era minha cabeça infantil ou se eu já não queria ter sonhos na vida.

Não sonhava mais, e sim, desejava. Desejos são piores do que sonhos, estava sentindo isso na pela agora mesmo.

Ah, como eu sentia falta do meu palhaço. Suas cores. Prometi ampliar seu legado. O Batman era sem cores, sua justiça não era efetiva. Ele caçava os peões e esquecia dos reis e das rainhas.

Batman começou o jogo, agora alguém precisava terminar.