Capítulo 18: De Volta dos Mortos

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No sacrifice, no victory.
(Sem sacrifício, sem vitória.

Sabe quando você está tão assustado que perguntam se você viu um fantasma?

Era assim que eu estava, porque, no meu caso, eu realmente estava olhando para um fantasma bem na minha frente.

- Achei que nunca mais veria vocês! - Val disse nos abraçando.

- Você está viva! - foi a única coisa que consegui dizer antes de vomitar. Vê-la ali, viva mexeu com meu organismo, Gion rapidamente me socorreu, não era a primeira vez que aquilo acontecia, estava muito estressada com toda a pressão de liderar Litaten a sua liberdade, então esses ataques estavam cada vez mais frequentes.

- Parece que sim! - ela disse rindo com o seu costumeiro bom humor.

- Mas por quê? Por que você não voltou a Litaten? Por que não nos disse que sobreviveu? Onde você estava esse tempo todo? - disse Gion lendo meus pensamentos e perguntando exatamente aquilo que eu queria mas que não teve forças para sair de minha boca.

- Por causa de Amara...

- Quem?

- Não estávamos sozinhos aquele dia com aquela votu. Amara, sua outra filha, estava lá também, e quando vocês foram embora, sua mãe mandou que ela escondesse meu corpo, e foi o que ela fingiu fazer, mas eu ainda estava viva, bem perto de morrer, mas viva, então ela me deu uma poção que serviu como antídoto para o veneno que tomei. Ela me salvou! Não podia simplesmente abandoná-la! Ela foi tão gentil comigo, me ajudou a construir um abrigo na floresta e me visita todos os dias, mas sempre com um novo ferimento. Sua mãe a espanca! E ela é tão bondosa... Não merece isso! Tenho medo do que sua mãe pode fazer com ela se descobrir que me salvou! Não posso voltar a Litaten, tenho que continuar morta.

Ficamos um tempo absorvendo aquelas informações, não parecia real, me sentia em um daqueles sonhos que não fazem sentido algum.

- Volte com a gente, Val, por favor! Sentimos sua falta! Todos nós! Eu sinto sua falta! - eu disse com lágrimas nos olhos.

Ela suspirou e mexeu nervosamente em seu cabelo. Pude ver que havia algo que ela não estava contando. Gion também percebeu, pois disse:
- O que você está escondendo, Val?

Ela ficou alguns instantes pensando, como se tentasse encontrar palavras para dizer aquilo.

- Eu não quero voltar. Estou apaixonada por ela!

Ficamos nos olhando em silêncio, não sabia o que dizer, estava chocada com tudo o que acabara de ouvir e transtornada demais para ser racional.

- Bom, então nada mais justo do que conhecermos a garota que roubou nossa Val, não é mesmo?

Por isso eu amava Gion! Mesmo visivelmente tão abalado quanto eu, ele achou uma forma de descontrair aquele clima e confortar Val.

- Tudo bem! - ela disse sorrindo - Vou levá-los até minha nova casa!

Para uma casa construída às pressas apenas com tocos secos de árvores, até que era bem confortável. Não era muito espaçosa, na verdade, era bem apertada, e não tinha quase nenhum móvel.

- Não é muito, mas é minha casa!

Sorri nostálgica ao lembrar de quando tinha essa mesma sensação, quando morava em meu trailer.

Dentro de uma hora, Amara apareceu, apesar de inúmeras manchas roxas em sua pele, ela era linda! Era rechonchuda e tinha cabelos curtíssimos, seus olhos eram puxados, lembrando um pouco descendências orientais e tinha um sorriso acolhedor no rosto sardento.

Rebecca Evelyn- A MestiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora