20. Burra e Masoquista!

102 11 24
                                    

UMA SEMANA DEPOIS


SEMANA DE NATAL

Dia 20/12 - Segunda-feira




Gabriel:





Eu sei que estava agindo como um canalha e eu odiava me sentir dessa forma. Nay era incrível, e a ideia de tempo havia sido minha, então porque estou tão ofendido?

"Porque ela pulou na cama de Mark na primeira oportunidade", falo para mim mesmo, amargo. Sentado na minha mesa, antes dela, olho para a caixa de veludo à minha frente e deslizo a mão por ela. Eu havia comprado um colar para Nay, no dia seguinte que descobri que ela estava grávida. Quase patético.

Quer dizer, a mulher pode estar grávida de outro, e lá estava eu comprando um colar de quase cinco mil dólares para ela! Não que dinheiro fosse um problema, mas enfim... Qual era o meu problema?

"Meu problema é não estar preparado para dizer adeus", repito para mim mesmo. Estar junto dela havia sido o mês mais fantástico dos últimos tempos, ela havia devolvido a cor para a minha vida. Por isso eu realmente não queria dizer adeus.

Porque ela valia a pena.

Olho o relógio: 18 horas.

Pulo da minha cadeira com a caixa na mão. Tenho uma coisa para fazer em Malibu.








****





Nay:





Deus, que enjoo! Eram quase 20 horas, os enjoos não deviam ser apenas matutinos? Abro as janelas e deixo o vento fresco da praia de Malibu entrar pelas janelas. Ligo o som baixo e me pego pensando em tudo, novamente. Eu precisava conversar com Jenny, contar a ela o problema que havia me metido, mas ainda não estava preparada.

Pego um livro, Sonetos, de Shakespeare, e tento me concentrar na leitura, abrindo em qualquer página

Deverei comparar-te a um dia de verão?
Tu és a mais serena e a mais amável
Os fortes ventos de maio movimentam os brotos,
e o prazo do verão é sempre inconsolável
em um momento muito intenso, brilha o olho estelar,
e freqüentemente se ofusca a luz do seu semblante,
nefasto, o encanto da beleza irá renunciar, porventura ou pelo destino inconstante;
Mas teu verão é eterno e jamais morrerá, não há de perder o encanto que possui;
E pela sombra da morte não vagarás, pois em versos eternos tu e o tempo sois iguais.
Enquanto o homem possa respirar ou os olhos possam ver, viva este canto dar-te a vida é o seu dever.



Fecho o livro. Romance demais para um momento complicado demais. Acho que era mais seguro ler alguma coisa do Dostoiévski!

Devolvo o livro para a prateleira, e ligo a música. Na rádio mesmo, para eu não ter que escolher.

O finalzinho de uma bossa nova me dá vontade de sorrir, mas a batida na porta me deixa em alerta. Não vinha muita gente aqui, e eram poucas as pessoas tinham a chave do portão. Devia ser a minha mãe, para ver como eu estava. Já abro a porta sorrindo e dizendo:

- Estou enjoada sim, mas estou bem, dona Elaine!

E então eu vejo que estava enganada. É Gabe. Perco a fala na hora.

Is It Love: MarkOnde histórias criam vida. Descubra agora