Capítulo 8

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Logo que Caíque foi embora, Anna olhou em seu celular e já eram duas horas da tarde. Hoje não teria como fazer almoço em casa, até porque demoraria demais. Então passou uma água no rosto para aliviar o calor, bebeu um copo de água gelado e foi almoçar no restaurante do dia anterior. O término da arrumação de sua casa poderia esperar, já seu estômago estava prestes a roncar (o que não aconteceu pois ela estava sozinha, mas se tivesse alguém por perto provavelmente ele já teria feito aquele barulho de fome constrangedor).

A comida, como o esperado, estava uma delícia. Após comer tudo o que tinha no prato, terminar com seu tradicional suco natural de laranja e pagar a simpática senhora do caixa, Anna partiu de volta para casa.

Assim que chegou, trocou de roupa, colocou uma de suas tradicionais blusas de ficar em casa, que eram na verdade, de seu irmão e foi até a varanda. Observou as grandes caixas de papelão e decidiu começar pelos itens de cozinha. Arrumou os pratos, talheres, copos e panos na gaveta, colocou a batedeira, o liquidificador e o microondas na estante e agradeceu mentalmente o fato de a casa já ter geladeira e fogão. Depois pegou a caixa de itens de limpeza e os ordenou no cômodo de frente ao seu quarto, onde ficava a máquina de lavar e secar roupas, um armário e uma estante com nichos e algumas gavetas. Colocou suas toalhas, tapetes e alguns outros itens nesse cômodo e seguiu para a próxima caixa. Assim que a abriu, deteve-se nos álbuns de fotos que nela havia.

Anna era apaixonada por fotos e sempre gostava de revelá-las, trazia consigo fotos suas de quando era criança, fotos da família, com os amigos e fotos recentes. Apesar do celular ser um ótimo e prático aparelho para tirar fotos, ela amava observar momentos felizes no papel e relembrar todas as memórias boas em fotografias espontâneas. Antes que começasse a pensar demais, levou a caixa para a sala e organizou as fotografias na gaveta da estante e a decorou com alguns itens de decoração que também estavam na mesma caixa.

Faltavam somente três caixas, uma com mais itens decorativos, outros itens de casa e duas repletas de livros que ela havia lido. Assim que terminou de colocar o último item decorativo que trouxera, um filtro dos sonhos azul que ela adorava desde adolescente, abriu as duas caixas enormes de livros e deu um sorriso animado. A estante que tinha em seu novo quarto era linda e perfeita para colocá-los. Organizou-os de acordo com o gênero de cada um, ajeitou alguns enfeites e estava pronto. Ela era apaixonada por livros também. Na verdade, Anna era apaixonada por muitas coisas da vida. Mas sua antiga vida corrida e um tanto quanto fútil em Capecócia talvez a tivesse feito esquecer, por um tempo, o quanto ela amava tantas coisas singelas e simbólicas que a vivência na Terra poderia oferecer. E, agora que estava em Belas Velas, sem ter que correr, literalmente, para ser a primeira a entrevistar o próximo modelo da vez, ela estava se lembrando de tudo que sempre gostara, mas que havia ficado escondido por um tempinho dentro dela.

Anna olhou as horas em seu celular e deu um leve suspiro para se livrar de tantos pensamentos, afinal, já eram quase sete horas da noite e ela estava completamente suada e bagunçada. Empilhou as caixas e as colocou no cômodo da máquina de lavar, em seguida, foi direto tomar um banho. Seu maior desejo no momento era colocar um pijama e ficar em casa nessa noite de sexta-feira, estava cansada com o longo dia, mas não seria legal fazer isso com Caíque que a ajudara tanto. No entanto, após o banho, enquanto se enxugava, parecia que todo seu cansaço também se esvaia do corpo e Anna começou a sentir uma leve e estranha animação.

Enrolou a toalha no cabelo e, após escovar os dentes, abriu seu guarda-roupa. Pensou consigo mesma que não fazia ideia de como as pessoas se vestiam para ir ao bar de Belas Velas, mas provavelmente não seria o mesmo estilo das baladas bares de Cape. Observou suas roupas, a procura de algo arrumado mas não muito chique, quando reparou em seu vestido curto de seda preto. O clássico preto não teria erro, não era o famoso vestido tubinho preto, mas era mais apropriado para o lugar, arrumado, bonito e despojado. Colocou o vestido em cima da cama, separou um salto branco confortável e uma pequena bolsa de lado preta. O look estava decidido e agora ela precisava fazer uma maquiagem para esconder as olheiras de cansaço do rosto.

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