Capítulo 3

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Eu definitivamente ainda estou cagando de medo. Enquanto faço um lanche para a seção de filmes com os meus pais, a música toca num volume bem alto – talvez mais que o necessário. Isso me ajuda muito a não pensar nas várias coisas misteriosas que aconteceram.

Decidi que tudo não passou de uma grande coincidência. Alguém deve ter usado o meu caderno outra hora e colocado de forma que quando levantei deve ter caído e aberto na página mais usada. Isso deu no barulho que ouvi do banheiro. E o senhor da cafeteria deve ter mais de um trabalho ou tem um irmão gêmeo. Tudo mera coincidência.

Mas porque estou tão aflita se é apenas isso?

Ah, deve ser só o meu coração que ainda não conseguiu diminuir completamente o ritmo.

- Deixa de ser ridícula Megan, você assiste filmes de terror desde que se conhecesse por gente, sabe muito bem que essas coisas não existem. – Tento me convencer.

Contudo, quando a música para de repente pego a primeira coisa que me vem à mente e aponto para a porta, assustadíssima. Dessa vez algo realmente passa por ela, minha mãe, e ela também toma um susto ao me ver – quem não tomaria ao ver um ser humano apontando uma frigideira na sua cara?

- Ficou maluca garota? – Ela pergunta afastando a frigideira para longe, solto um longo suspiro aliviado.

- Quase dava pra ouvir a música da esquina. – Meu pai comenta ao entrar na cozinha, ele trás consigo uma caixa cheia de coisas que coloca no chão ao lado da bancada.

- Desculpem, aconteceu coisas estranhas aqui em casa e eu fiquei paranoica. Mas olhem o lado bom, agora temos um montão de lanches para os filmes. – Eles encaram a bancada cheia de comida. – Talvez eu tenha exagerado um pouquinho. Só um pouquinho.

Minha mãe balança a cabeça e me abraça.

- Você conferiu com o Bip se tinha mais alguém na casa?

- Mais de uma vez.

- Devem ser apenas coisas da sua cabeça, querida. Essa semana vi que não dormiu muito bem, madrugou vários dias lendo algum livro.

- É, talvez seja apenas isso mesmo. – Concordo.

- Vamos assistir uma comédia para aliviar isso tudo. – Meu pai sugere e nós duas concordamos com ele sem nenhuma relutância.

Eles sobem para tomar seus banhos e eu levo os lanches para o porão que após uma bela reforma, se tornou uma aconchegante sala de cinema. Coloco "As branquelas" no projetor e me jogo no sofá espaçoso e olho as mensagens do meu celular.

Abro o grupo com as meninas. Elas comentam alguma coisa sobre a festa de formatura e depois sobre a festa na casa de alguém na próxima semana. Hanna me chamou para ir, mas tenho quase certeza de que não irei. Não gosto de beber e tenho certeza que se eu for, serei a babá das quatro doidas.

Recebo uma mensagem de Tim. "Um boa noite para a melhor pessoa do mundo.", é o que diz a mensagem, reviro os olhos – porém sorrindo - e lhe respondo com um "deixa de ser falso, Tim". Felizmente ele entende que é brincadeira e me manda uma risada. Não digito mais nada, já que meus pais entram na sala de cinema. Eles se sentam confortavelmente ao meu lado e damos inicio ao filme.

..........

- Estou com tanto sono que não aguentaria assisti nem mesmo um episódio de Friends. – Minha mãe diz e se estica toda assim que o filme termina. – Não sei vocês, mas eu estou subindo para dormir. – Ela me da um beijo na testa e sobe as escadas do porão.

- Não vá dormir muito tarde, garota. – Meu pai dá um peteleco na minha cabeça - mania dele desde que me conheço por gente, e sobe também.

Fico vendo eles subirem antes de voltar a olhar para a grande tela branca para projetor. Não estou com um pingo de sono sequer, porém também não tenho vontade de assistir mais nada. Resolvo subir para o meu quarto também.

 O Último Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora