Capítulo 4

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Ele não está mais lá, de uma virada para outra simplesmente desapareceu. Estou cada vez mais nervosa com tudo isso, mas não quero ligar para os meus pais e preocupar eles, provavelmente voltariam pra casa na hora. Minhas pernas não param de balançar e eu passo a mão na trança de cinco em cinco minutos, todos devem estar me achando uma maluca – não que eu seja muito diferente disso.

- Senhorita Locke, se importa de me dizer a resposta do número sete, por favor? – O professor Diggory me chama, mas estou distraída encarando a janela. – Senhorita Locke!

- Presente! – Viro-me rapidamente para ele que me observa de braços cruzados, as risadas da turma são iniciadas por Jake lá no fundo. Dou de ombro, depois de um temo você aprende que não importa quem seja, a turma sempre vai rir.

- A chamada já foi feita. – O professor revira os olhos e aponta para o livro de matemática em minha mesa. – A resposta. Da sete.

- Ah... Deu 56?

- Isso é uma pergunta ou uma afirmação?

- Afirmação, eu acho. – O professor desiste de me questionar ao ver que hoje estou muito distraída e confirma a resposta, dando continuidade a aula. Mesmo depois disso não consigo me concentrar. E parece que sou a única, pois nem as duas garotas atrás de mim – que normalmente falam igual matracas – estão conversando hoje.

Resolvo escrever alguma coisa, talvez ajude a me concentrar. Penso por alguns segundos sobre o que escrever e uma ideia surge na minha cabeça.

"O bandido acelera cada vez mais e a detetive é obrigada a fazer o mesmo, se ela não se apressar o bandido irá fugir. Atravessando vários semáforos fechados e desviando de carros no caminho ela perseguia ele por toda a cidade.

- O bandido está na minha reta, essa é minha única chance! – Ela aponta a arma para a roda da moto do homem e atira, o gancho dispara e se prende com firmeza. – Isso! – Em seguida a detetive freia o carro com força, impedindo a moto de avançar. O veículo enganchado derrapa no chão, lançando o bandido longe.

Mas a vitória não pode ser comemorada, ele levanta do asfalto mancando e aponta uma arma para ela, mas ela pula do carro que é atingido pelo disparo.

- Corram! Vai explodir! – Ela grita para os civis paralisados com a cena. – Corram! – As pessoas parecem finalmente se tocar e correm desesperadas. A detetive aproveita que o bandido manca e consegue imobiliza-lo, jogando-se junto dele para trás de um muro.

Um barulho de explosão invade a rua e pedaços de vidro voam para todos os lados. O alarme de incêndio da escola local dispara. Droga, a explosão tinha ocasionado um curto circuito no colégio e feito o local pegar fogo também."

O alarme da escola soa quase ensurdecendo todos. Cinco segundos de tensão se seguem dentro da sala e de repente todo mundo se levanta desesperado. As luzes se apagam, fazendo as de emergência piscarem.

- Acalmem-se e façam fila! – O professor vai para a porta para impedir que todos se atumultuem. Fico ainda algum tempo em choque com a situação. É coincidência demais.

- Acorda garota. – Jake esbarra na minha mesa me fazendo levantar num pulo. – Não, não, tem razão, morrer queimado deve ser muito divertido. – Diz irônico.

Pego minha mochila e vou atrás dele. Todos estão numa fila meio organizada e apressada para o corredor. Olho em volta e vejo todas as outras turmas fazerem o mesmo, nunca eu tinha visto o corredor tão cheio como está agora. Sou a última da fila e minha turma também é a ultima a conseguir entrar no mar de alunos no corredor. Estranhamente não estou aflita com incêndio, ele me parece tão fictício, como se realmente fosse obra da minha escrita.

 O Último Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora