Nono Encontro

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Depois da morte dos pais do Connor, as coisas mudaram um pouco. Eu descobri que na verdade Arthur não sentia nada por Grace, e que os dois eram realmente apenas amigos, o que foi ótimo, porém a situação acabou me abatendo.

Perder o meu pai foi algo muito ruim, mas com o testamento ele acabou criando uma história em volta para que eu me concentrasse e esquecesse um pouco a tragédia, mas depois de Connor, todos os sentimentos vieram a tona, eu perdi meu porto seguro, a pessoa que mais acreditava em mim, que mais me amava em todo o mundo.

Ouço uma batida na porta e em seguida Arthur entra, ele se senta a cama ao meu lado e acaricia meus cabelos, ele sabe o que eu estou sentindo, de alguma forma sei disso.

- Você está bem?

- Não...

- Me diz o que está sentindo - ele continua acariciando meus cabelos.

- É uma tristeza tão grande, é quase insuportável, sinto que estou sozinha.

- Você não está sozinha, eu estou aqui.

- Não assim, estou sozinha porque não tenho mais ninguém...

- Você não está sozinha - ele beijou onde antes acariciava - hoje é a missa pelos Bryant, você quer ficar?

- Não, eu quero ir.

- Tem certeza?

- Sim, podemos ir ver a mamãe depois?

- Claro.


Tracy estava superando a morte do pai de forma espetacular, mas depois do que aconteceu com os pais do Connor, ela se retraiu, e eu simplesmente não sei como agir

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Tracy estava superando a morte do pai de forma espetacular, mas depois do que aconteceu com os pais do Connor, ela se retraiu, e eu simplesmente não sei como agir.

Eu perdi minha mãe, e nunca tive um pai, mas ainda sim eu tenho meus avós, que apesar de morarem em outro estado sempre foram presentes, e mais ainda, tenho meu irmão. Dylan sempre foi e sempre será minha maior força, por causa dele sei que nunca estarei sozinho no mundo, mas como fazer ela entender que eu nunca vou deixá-la sozinha?


É difícil, muito difícil

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É difícil, muito difícil.

Tudo está sobre mim ao mesmo tempo.

Eu estou em um velório de pessoas que eu nem conhecia muito bem, mas isso tudo está me fazendo reviver a morte da mamãe, a morte do papai e sentir a dor das perdas de Connor, tudo ao mesmo tempo. Essa voz na minha mente, dizendo que logo logo Arthur também vai me deixar, só está piorando ainda mais as coisas.

Sinto um braço passando por minhas costas, e Arthur me puxa para mais perto.

- Eu não vou te deixar, para de pensar nisso.

- Você não sabe o que eu estou pensando.

- Olha para o Connor - eu olhei, ele estava melhor do que no hospital, mas ainda sim abatido, com olheiras e na falta de uma palavra melhor, acabado - quem está ao lado dele?

- Sua amiga Grace.

- Sim, aquela mulher ali, nunca mais vai sair do lado dele, acredita em mim?

- Sim - impossível não acreditar depois de olhar para os dois.

- Olha para mim, docinho - ele segura gentilmente meu rosto e seca minhas lágrimas - eu vou ser a sua Grace - e como se aquilo já não fosse a coisa mais fofa do universo, ele me dá um beijo na testa e me abraça, e de alguma forma, as coisas começam a ficar melhor.



Depois do funeral, cumprimentamos todos, principalmente Connor, e quando Tracy abraçou meu amigo, acho que a dor dos dois se reconheceram, ficamos até a última pessoa sair

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Depois do funeral, cumprimentamos todos, principalmente Connor, e quando Tracy abraçou meu amigo, acho que a dor dos dois se reconheceram, ficamos até a última pessoa sair.

- Vamos? - Falei.

- Claro - ela segurou minha mão e fomos andando para o cemitério em silêncio, passamos por diversas lápides e a cada metro ela apertava minha mão um pouco mais, até que chegamos em frente a uma bonita lapide, brilhante e com a grama aparada, e entalhada nela estava a mensagem "Aquele que amamos não se ausenta, se traduz em eternidade e saudade" , e o que veio a seguir foi algo que eu não estava esperando.



Estamos chegando no tumulo da mamãe, sei que Arthur vai achar que eu sou maluca, mas papai e eu achamos uma forma de lidar com a nossa dor, e não é algo que eu seja capaz de mudar

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Estamos chegando no tumulo da mamãe, sei que Arthur vai achar que eu sou maluca, mas papai e eu achamos uma forma de lidar com a nossa dor, e não é algo que eu seja capaz de mudar.

- Oi mamãe - digo me sentando em frente a lapide - já faz tempo, sinto muito.

Olho para Arthur e faço sinal para que ele sente-se, ele não está entendendo nada, eu sei, mas pelo menos ele se senta.

- Esse aqui é o Arthur, lembra-se dele? A senhora nem sabe o que o papai fez, quer dizer, deve saber sim porque tenho certeza de que ele te contou, acredita nisso? Mas olha, o Arthur se tornou um ótimo advogado, e o irmão dele, Dylan, é médico, a senhora deve estar orgulhosa deles... - as lágrimas começam a cair outra vez - Mamãe, os pais do Connor... o senhor e a senhora Bryant morreram, eles devem estar meio perdidos aí no céu, ajuda eles, explica para eles como as coisas funcionam, por favor.

Paro para enxugar minhas lágrima e ele segue sendo o melhor cara que eu já conheci.

- Olá senhora Harris, como a Tracy disse antes, eu sou o Arthur - ele olha para mim e sorri - me tornei um advogado, espero realmente que a senhora fique feliz com isso, minha mãe... minha mãe está aí também, se a senhora a ver, pode dizer que eu estou com saudades? A Tracy está preocupada, achando que vai ficar sozinha, mas eu prometo a senhora que vou passar até o último dia da minha vida ao lado da sua filha e fazendo tudo para que ela seja feliz, então por favor, a senhora pode cuidar dos pais do meu amigo? Eles foram muito importantes para mim.

- Eu vou me casar com ele mamãe.

- Eu vou fazer sua filha feliz, sogra.

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