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Hoje estou demasiado nervosa! Já vou ter a minha terceira entrevista de emprego desde que voltei para Las Vegas e já me tinha esquecido do quão eram exigentes por cá. A meio do ano letivo não consigo vagas para a minha profissão: educadora de infância por isso tenho feito entrevistas para os mais variados cargos tendo em conta a minha formação. Desta vez a tentativa é a de trabalhar como empregada de um catering que serve grandes superfícies como bares, discotecas e hotéis.

"Jessica Evans."- uma senhora chama à porta de um gabinete.

"Sou eu."- digo quando me levanto da cadeira na pequena sala de espera.

"Faça o favor de entrar."- assinto e entro no gabinete.

"Boa tarde, o meu nome é Ravena Davis e sou a gestora de recursos humanos da empresa. Faça o favor de se sentar."- ela diz depois de me apertar a mão e eu assim o faço.

"Boa tarde, é um prazer estar aqui."- tento parecer simpática, embora não tenha visto nem um sorriso da parte da mulher. Estou mesmo a ver que vou acabar sem conseguir emprego.

"Ora muito bem, pelo que vejo no seu currículo, você era educadora de infância. Foi despedida?"

Fico um pouco reticente em responder já que, primeiro, ela começou logo com esta questão, algo que não é muito comum, e segundo porque a verdade é que a resposta é: não propriamente.

"Não, eu despedi-me por motivos de saúde."- não sou muito específica porque a verdade é que não lhe vou contar toda a minha história de vida na primeira entrevista e quero passar boa impressão. 

"E desde 2018 que não trabalha?"- ela insiste e eu não percebo porque é que ela está tão focada neste aspeto e não nas minhas capacidades na área, já que é bastante diferente de ser educadora de infância. Mas porquê tanta curiosidade? 

"Exato."- ele olha para mim pensativa, mas lá muda de rumo.

"Você poderia falar-me um pouco de si?"- a mulher pergunta. 

"Sou uma pessoa determinada, responsável e que se adapta a novas realidades com bastante facilidade. Cresci no meio de uma família ligada à restauração, pelo que embora não tenha trabalhado oficialmente em nenhum hotel, restaurante, ou bar, tenho a experiência de ajudar a família e tenho bastante presente o que é necessário para ter sucesso neste campo de trabalho."- tento ser breve.

"Porque não se limitou a trabalhar com a sua família? Porquê ser educadora de infância?"- ela volta ao tópico da minha profissão oficial. Apetece-me responder: foram opções de vida, não?

"Sinceramente fui estudar a pedido da minha mãe que queria que eu prosseguisse estudos fora da área, e a área surgiu devido à minha paixão por crianças."- justifico embora ache irrelevante.

"Como soube desta oportunidade de emprego?"- ela questiona-me.

"Através de uma rede social. O anúncio pareceu-me muito atrativo e simples."- quase que a posso ver a revirar os olhos.

"Onde se vê daqui a 5 anos?"- a mulher com cabelos ondulados pretos e de franja, pergunta-me.

"Irei procurar que o meu caminho seja de crescimento e aprendizagem, não sou pessoa de me contentar com conhecimento estático. Quero continuar a trabalhar e conseguir contribuir para a expansão da empresa."- repito a resposta básica que li em vários sites de como suceder numa entrevista. 

"Muito bem, e o que a distingue dos outros candidatos?"- soa impaciente.

"O facto de ter sido criada num meio similar àquele a que me proponho a trabalhar..."- sou interrompida.

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