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Entramos em casa e eu continuava a chorar incontrolavelmente.

"Senta-te, Jess! Sei que não me deves querer ver nem pintado de ouro mas não posso ir embora e deixar-te aqui assim!"- ele diz quando nos sentamos no sofá.

"O David era uma merda! Uma merda de pessoa!"- murmuro ainda a chorar.

"Jessica, só porque ele andava metido em esquemas que não são completamente legais não quer dizer que ele não era a pessoa que tu sempre conheces-te. Não me interpretes mal, não te estou a dizer que eu próprio sou um santo, mas tu conhecias um David diferente do David que trabalhava comigo!"- o Lorenzo tenta acalmar-me mas em vão.

"Ele era um monstro..."- murmuro.

"Jessica, ele amava-te..."- ele diz, fazendo-me festas nas costas no sentido de me confortar.

"Quem ama uma pessoa não faz a vida dela um inferno!"

O Lorenzo para de me fazer festas e fica com os olhos arregalados a olhar para mim, completamente confuso.

"Jess..."- ele começa mas eu interrompo-o e levanto-me do sofá, já irritada.

"Quem ama uma pessoa não abusa dessa pessoa! Não abusa verbalmente, fisicamente e sexualmente da mulher que supostamente ama!"- grito com os olhos cheios de lágrimas.

O Lorenzo não me responde! Fica completamente chocado a olhar para mim, boquiaberto.

"Ele fez o quê?"- ele pergunta, baixo.

"Ouviste bem! Ele batia-me, humilhava-me diariamente, controlava praticamente todos os aspetos da minha vida! Eu não podia sair com pessoas que não fossem aprovadas por ele, não podia ter amigos do sexo masculino, não podia fazer mais nada a não ser ir para o trabalho e regressar, e só saía se fosse na companhia dele!"

"Não podes estar a falar a sério!"

"Mas estou! Tinha de andar sempre com camisolas de mangas para tapar as nódoas negras provocadas pela sua fúria... E ele ficava furioso facilmente, bastava bater a porta com um pouco mais de força, revirar os olhos... Ou as marcas de quando ele me prendia na cama!"

"Queres dizer...."- ele deixa a frase em aberto.

"Sim! Ele violava-me! Quem diz que não podes ser violada pelo teu companheiro é cheio de merda, porque eu fui violada por ele, inúmeras vezes! Ele filmou-me e ameaçou-me... Disse que ia divulgar aquele vídeo e eu ia ficar desgraçada... A minha família ia odiar-me, não ia poder arranjar emprego na minha área... Quem ia contratar uma educadora de infância que tem uma sex tape a circular?"- dou uma gargalhada sem humor.

"Oh Jess..."- ele levanta-se e tenta caminhar na minha direção mas eu interrompo-o levantando a mão.

"Por isso não me venhas dizer que ele era outra coisa que não um monstro, porque a morte dele foi um alívio para mim..."

"Se ele não estivesse morto eu era capaz de o matar! E mesmo a morte seria demasiado branda tendo em conta tudo o que ele te fez... Foi para isto que ele te abordou primeiro? "- ele parecia falar mais para si próprio do que para mim, mas depois vira-se novamente para mim -"Foi por isso, por esse vídeo que nunca o denunciaste, porque aceitaste casar com ele?"

"Sim... Ele pediu-me em casamento em público e eu não podia dizer que não senão a sua reação ia ser muito pior. Quando ele morreu encontrei o vídeo e destruí-o..."

"Tu não merecias isto... Não merecias nada do que te aconteceu..."

Desta vez ele aproxima-se de mim e abraça-me, encostando a minha cabeça no seu peito.

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