Casino

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As semanas vão passando e a rotina trabalho-casa mantém-se já que tenho tido pouco tempo para saídas. Quanto ao Lorenzo, bem essa parte está um pouco estranha... Um beijo aqui, outro ali, mas nada sério, nada de avanços, nada de mais nada... Sinceramente começo-me a fartar um bocado de servir apenas para ele fazer o que quer... 

Saio dos meus pensamentos quando o Giorgio surge revoltado ao telemóvel e chama por mim.

Aproximo-me dele ainda receosa, face à discussão que ele está a ter.

"Jessica, preciso de ti lá atrás num carregamento, está tudo uma confusão."- estranho, nunca sou chamada por ele.

"Mas porque não chamas o Lorenzo então?"

"Porque era para ir eu, mas estou ocupado como vês"- ele aponta para o telemóvel- "Vai lá!"- ele ordena e eu opto por não me opor.

"Como queiras, mal-humurado."- sussurro, ele parece não ter ouvido, e saio por ali fora...

"Jess."- reconheço a voz do Filipo ao longe a chamar por mim.

"Que foi?"- respondo.

"O Boss chama por ti."- ele diz.

"Pois mas estou a trabalhar, a seguir ordens do Giorgio... A seguir vou lá."- ele não riposta.

Sigo o meu caminho e ainda demoro uns 15 minutos a perceber os desentendimentos dos distribuidores de bebidas. Finalmente resolvo o assunto e encaminho-me de novo para dentro do casino para a área dos escritórios. Bato à porta da sua excelência e ouço um leve "entre".

"Chamaste?"- questiono-o.

"Sim, e tu demoraste bastante..."

"Fui tratar de um assunto que o teu braço direito não estava conseguir..."- ele arqueia uma sobrancelha, mas deixa passar. 

"Já estás há umas horas cá e ainda não me tinhas vindo dar um beijo de bom dia..."- o Lorenzo diz-me.

"Não sabia que isso fazia parte do meu contrato."- provoco-o, mas ao mesmo tempo a verdade surge.

Ele levanta-se da cadeira e contorna a secretária aproximando-se de mim, coloca as suas mãos na minha cintura e encosta-se à sua secretária fazendo o meu corpo colidir com o seu, tento resistir mas é em vão face à força dele. Ele não tenta aproximar os nossos rostos, mas encara-me com um olhar sugestivo.

"Fazer não faz... Mas pensei que gostavas..."- ele responde-me.

"Não nego, mas não sirvo para andar por aí e ser uma fonte de troca de germes e saliva só quando te apetece... Era só isso? Tenho que ir trabalhar! Pagas-me para alguma coisa..."- digo e tento-me libertar do seu aperto, mas como previsível sem sucesso.

Ele coloca uma mão atrás do meu pescoço e puxa-me para ele colidindo os nossos lábios sem me dar tempo de reagir. Começo por não corresponder ao beijo, mas acabo a ceder. Como é que dá para resistir a este pedaço do mau caminho? Quase que o posso chamar de guilty pleasure, o meu preferido aliás.

"Lorenzo... Loren..."- digo ou tento dizer por entre os nossos lábios colados.

"Afinal gostas de trocar germes... E que era mais?"- ele finge ficar pensativo- "Ah saliva..."

"Bem, já posso ir...?"- apresso-me a sair dali ou então vamos ficar nisto de beija e não beija por uns belos minutos, e quanto mais tempo mais viciante se torna.

"Eu não te chamei aqui só para isto... Tenho uma viagem esta tarde..."- ele diz.

"E o que é que eu tenho a ver com isso? Queres que tome conta do casino é isso?"- ele nega - "Ok queres que reserve algo é? Posso fazer isso já que não tens uma secretária e o Giorgio está demasiado ocupado nas suas discussões..."- ele interrompe-me.