quatorze

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Até então, Emma, eu só contei algumas partes felizes do nosso relacionamento, e por agora, continuaremos assim.

Querida, os momentos felizes que tivemos foram essenciais para a nossa história, o nosso conto. Embora, eu estou tentando ao máximo evitar chegar no ápice dessa história.

Ao ápice do nosso não tão feliz final de contos de fadas. O ápice é o fim, o ultimato.
Um final feliz, brilhante, e clichê ou, um final desastroso, escuro, e um talvez, passo de recomeço.

Por agora, irei contar mais um dos nossos momentos felizes.

Havia se passado uma semana, desde que havíamos começado à namorar. E, no meu ponto de vista, estava sendo surreal.

Era um rotina.
Uma rotina na qual fazíamos tudo juntos, como a porra de um filme adolescente clichê.
Acordávamos, tomávamos banho, íamos até à cafeteria, almoçávamos, ríamos, íamos até o trabalho juntos...

Um clichê, né?

Naquele tempo eu não me importava de viver um clichê ao seu lado.
Eu também era um clichê, Emma.

O problema do nosso filme de romance clichê fora você.
Você não era um clichê, e nem um final feliz.

Neste dia fizemos a mesma rotina.
Quando havia chegado o final do dia, eu estava arrumando às minhas coisas para retornar para casa. Retornar à você.
E, quando eu estava desligando o computador, recebi uma mensagem sua, na qual dizia:
"Quando estiver chegando, avise. Estou com saudades. Beijo, Emma."

Então, quando terminei de arrumar tudo, fui até o meu carro, e dei partida.
Em menos de 20 minutos, eu estava em frente ao seu apartamento.
Apressado, e ansioso, avisei que havia chegado. Alguns minutos depois, você avisou que eu poderia entrar.

Caminhando em passos rápidos, adentrei em seu apartamento — com a chave que você havia me dado no dia anterior — , me deparando com uma mesa de jantar, velas perfumadas, e uma mulher de cabelos escuros de costas.
Quando essa mulher virou, Emma, eu pude me apaixonar novamente.

Era você.

Você estava com os seus cabelos escuros, como a noite, e mais curtos.
Você estava extremamente magnífica.

- Boa noite, amor. — Você sorriu.

E, sem nem perceber, um sorriso se esticou nos meus lábios, e eu corri para te abraçar com força.

- Você está linda, querida. — Deixei um beijo em seus lábios.

Você me deu um sorriso sincero, e sentou-se na mesa, apontando para que eu me sentasse à sua frente.

- Fiz o jantar. — Olhei para os pratos, assim que você pronunciou.

Nos pratos havia um porção de espaguete, e nas taças um vinho rosé.

- Uau. — Olhei para você, maravilhado.

- Espero que goste. — Colocou um pouco de espaguete dentro da boca, e em seguida, limpou os lábios com um guardanapo.

Colocando um pouco de espaguete na boca, me maravilhei com o sabor.

Emma, estava incrível.
Você era surpreendente.

- Isso está muito bom! — Falei, limpando os lábios.

Você colocou uma mecha dos seus cabelos escuros atrás da orelha, e abriu um sorriso de agradecimento.

- Essa cor combinou com você. — Soltei, bebendo um pouco do vinho.

- Pensei em mudar. — Deu de ombros. - É bom algumas mudanças.

Eu concordo com você, Emma.
Com certeza, os seus cabelos naquela cor eram magníficos.
Você conseguiu ficar ainda mais bonita.

Os cabelos brilhantes, como uma noite sombria, olhos azuis, como à tempestade, e o sorriso mais doce.

Eu sei que, na maioria das vezes, às pessoas não mudam por uma cor de cabelo. Mas você mudou.
E, isso foi estranhamente bom.

Eu amava a Emma de antes, com os cabelos loiros. Mas essa Emma, era maligna.
No entanto, a Emma de depois, com os cabelos escuros... Por essa Emma, eu quis me apaixonar.

Você mudou muito, amor.
E, eu também.
Durante esse tempo, eu pensei que a sua mudança era real.

Mas de novo, me enganei.

Querida, eu não gosto de contos de fadas, e nem clichês, mas eu adoraria vivê-los com você.

Eu adorei você de todos os jeitos, formas, faces, penteados, humores, cabelos.

Esse foi mais um dos motivos pelos quais eu me ferrei:
Para o meu tão sonhado final feliz, eu precisava de uma donzela apaixonante.
E você, Emma, era até então, a vilã do nosso próprio conto de fadas, e eu nem percebi.

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