Amostra grátis do inferno

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O colégio interno é um lugar para adolescentes problemáticos. Isso posso lhe afirmar... Em que outro lugar estaria se não fosse o pior aluno da classe? Bem, se não dormisse durante as aulas de Matemática e ao menos me lembrasse de onde deixei meu livro de História, talvez não estivesse aqui. Agora é tarde demais! Nada que eu faça pode mudar a decisão do meu pai. Deveria tê-lo ouvido quando ameaçava me trancar nesta prisão. Estou em um ponto sem retorno: vou para o primeiro ano do Ensino Médio em um internato!

Caso queira saber, sou Patrick. Tenho 15 anos. Costumava ter alguns problemas na minha antiga escola. Digamos que não era um estudante certinho que só tirava nota 10. Na verdade, costumavam me conhecer por ser um aluno terrível e sem controle. Matava aula, me metia em brigas, desacatava o diretor, cantava as professoras... (As bonitas, se é que me entende. Com certeza, não como a bruxa da minha velha professora de Ciências). E, é claro, tirava notas baixas. Não estou falando de zeros, mas sim números abaixo disso: notas negativas, se é que isso é possível.

Somente passava de ano por influência do meu pai, mas havia um porém. Ele me colocou em um colégio interno, segundo suas próprias palavras, para ver se eu criava juízo. Um tal de Master Boarding School – um nome bem esnobe por sinal. Mas cá entre nós: duvido que isso funcione.

Acordei naquela quente manhã um tanto infantil, embora raramente agisse assim. Fiz uma careta ao lembrar que dia é hoje: volta às aulas. O pior dia do ano para mim, pois a única coisa que significa é "término das férias". Ignorei o despertador tapando os ouvidos com o travesseiro. Mas quem precisa de alarme quando se tem um bom pai sempre disposto a te acordar caso você não queira se levantar? Abriu a porta fazendo barulho propositalmente e disse, com sua voz grave:

– Vai se atrasar, Patrick.

– Bom-dia para você também, pai – murmurei com a voz abafada pelo travesseiro.

– Levante-se! Não quer chegar tarde para o seu primeiro dia de aula, quer? – Atravessou o quarto e abriu as cortinas de uma vez.

Grunhi.

– Ah, vamos! Talvez não seja tão ruim... – Não sei ao certo, mas senti ironia em seu tom de voz.

Ele puxou o cobertor sem dó.

– Pai, são seis da manhã! – Sentei na cama, com os cabelos bagunçados pelo sono. Senti minhas retinas queimarem pela luminosidade do sol.

– Não me faça repetir.

Era a hora do apelo. Fiz minha cara de cãozinho abandonado. Talvez ele tenha piedade e ceda à vontade do caçula.

– Patrick, você vai àquele colégio nem que eu tenha que te amarrar e te arrastar até lá!

Sabia que não poderia insistir em uma segunda chance, pois, com certeza, se passara da milésima! Depois da ameaça para me fazer ir à escola por livre e espontânea pressão, levantei.

Saí da cama contra a minha própria vontade. Rastejei pelo quarto como se estivesse cansado e indisposto. Meu pai ainda me observava com um sorriso sarcástico no rosto.

Meu quarto era, digamos... uma bagunça total! Parecia que um furacão havia passado por ali, como minha mãe costumava dizer. Mas gostava da minha bagunça. Diferente de quando está arrumado, consigo encontrar todos os meus pertences no meio de um monte de roupa suja jogada no chão entre o vão da entrada. Mais precisamente ao lado do meu skate e da embalagem daquele x-burger que comi anteontem.

Andei esbarrando em alguns objetos espalhados pelo chão e quase caí pisando no meu skate, mas não pude evitar sujar o pé descalço no molho de tomate daquele hambúrguer. Ao passar por meu pai, o encarei feio, mas isso apenas pareceu deixá-lo mais feliz. Acariciou meus cabelos com certa agressividade, a fim de deixá-los mais desarrumados ainda. Continuei a andar até o banheiro para tomar um banho. No caminho, encontrei Harry. Me surpreendi ao vê-lo acordado tão cedo.

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