O inferno pode congelar!

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Não via a hora de o sinal tocar. Encarava o relógio da sala implorando que o tempo passasse um pouquinho mais rápido, por mais que aquela aula de Geografia estivesse tão divertida.

Para piorar, Duane tinha um horário diferente do meu. Estava completamente sozinho e nenhum professor ia com a minha cara. Minha fama estava se espalhando e todos sabiam que eu era o aluno calouro, causador de problemas.

Felizmente, não criei nenhuma outra encrenca até o sinal do término da segunda aula soar. Tentei ficar na minha ao máximo e não responder nem quando for chamado para a conversa. Isso parece ter funcionado. Pode até parecer, mas não sou o pior aluno da escola de propósito.

E, finalmente, os deuses dos alunos preguiçosos decidiram atender às minhas preces e o sinal tocou. Fui o primeiro aluno a sair da sala de aula. Durante o intervalo, não foi difícil encontrar Duane: seu cabelo se destacava na multidão. Era o único emo da escola, praticamente todo mundo nesse lugar tem a mesma aparência. Todos com o cabelo arrumadinho e roupas alinhadas. Apenas os rebeldes se destacam e, por essa razão, são excluídos. Pode parecer estranho, mas nesse colégio interno de elite é a coisa mais natural, pois todos aqui são quase perfeitos.

Estava recostado em um muro perto da lanchonete. Sua franja tampava todo o lado esquerdo do seu rosto. Aproximei-me dele.

– E aí? – cumprimentou, enquanto tomava um suco de caixinha.

– Tudo bem, eu acho.

– Irritou mais algum professor?

– Sabe que não consigo evitar... mas por sorte, não.

– Quem era aquela garota com quem você fez a prova?

– O nome dela era Jill.

"Cri-cri" fizeram os grilos imaginários. Duane esperou o restante. Não tinha. Ergueu uma sobrancelha e indagou:

– E o que mais?

– Ah, não sei o que dizer a seu respeito. – Desviei o olhar. Gostaria de saber controlar melhor minhas reações.

A verdade é que havia muito a se dizer sobre Jill. A maneira como me intimidara, como lia nas entrelinhas e era extraordinariamente engenhosa... mas amigos gostam de enxergar fatos onde não existem.

– Hmmm... Você gostou dela! – Deu um sorriso amarelo.

Parece que todos os meus esforços foram em vão.

– O quê? Não!

– Não foi uma pergunta!

– Não posso dizer que gostei dela. Conheci Jill hoje.

– Não sei não, Patrick... Ela é bonita. Parecia ter gamado em você também. Viu a maneira como sorria?

– Não seja tolo, Duane. Ela é só a minha dupla. Não é nada de mais... – Mal sabia que ela não seria apenas a minha dupla de todos os trabalhos escolares, mas sim minha eterna parceira. Porém, não vamos nos precipitar! –E com quem você fez a prova?

– Chamava-se Pete. É um cara engraçado. Um tanto maluco, mas gente fina.

Fomos para a fila do refeitório comprar algum lanche. Voltei a tagarelar como de costume. Procurei Jill por todo o refeitório, mas não a encontrei. Queria poder vê-la novamente e apresentá-la ao Duane.

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