Volto para casa mais cedo

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Suspensão.

Eu estou suspenso.

Isso pode ser a pior coisa que pode acontecer com um estudante depois de ser expulso, mas já estava acostumado. Essa com certeza não era a primeira e muito menos a última vez em que isso aconteceria. Só não esperava ficar suspenso aqui e agora.

Juro que estou fazendo todo o possível para não chamar atenção e tentar seguir as regras – você está de prova, embora tudo o que faça seja em vão. Não deveria estar surpreso com isso, mas acho que não queria ser suspenso. A última coisa que quero é voltar pra casa e dizer ao meu pai que novamente fui incapaz de obedecê-lo e que, pra variar, falhei. E o pior, estava a um passo de ser expulso!

Era tarde. Não tinha mais nenhuma opção. Deixaria que Pete cuidasse dos preparativos para a minha campanha. Disse-lhe para não contar que fora suspenso e sim que estava com alguma doença contagiosa. Não queria manchar o meu nome por um pequeno deslize. Pelo menos, voltaria a tempo da eleição.

Naquele dia quente de segunda-feira, tive que fazer as minhas malas e voltar antes do tempo para casa. Não era por saudade, por mais que essa fosse a desculpa que pretendia dar pelo o meu retorno repentino.

Fui até a sala do diretor, avisar que estava de saída. Ele se despediu, sem nem olhar para a minha cara, dizendo que não precisava mais voltar. (Acho que ele não gosta muito de mim). Despedi-me dos meus amigos dizendo que não precisavam sentir muito a minha falta, pois logo voltaria e eles brincaram, alegando que nem iriam notar que eu não estava mais ali. Não consegui falar com Duane. Beijei as meninas e pedi para Pete tomar conta de tudo até o meu retorno. Peguei um ônibus para voltar à minha cidade natal. Acenei pela janela para todos eles.

Durante o percurso, pensava em algum pretexto para dar ao meu pai. Assim, talvez ele só me matasse – e não me torturaria. Não pensei em nada inteligente o bastante para enganá-lo. Seu olhar persuasivo iria me obrigar a confessar a verdade. Em outras palavras, não tem jeito mesmo... Seria uma longa semana.

Andei devagar pelo resto do caminho, como se isso me fizesse ficar menos tempo em casa. Parei em frente da mesma cerca em frente de casa observando aquele imenso jardim que me era tão familiar. As mesmas margaridas de mamãe estavam plantadas em seus respectivos lugares. Hesitei antes de entrar, mas naquela hora ninguém deveria estar em casa. Harry deve estar na faculdade e a mãe e o pai trabalhando. Peguei minha chave reserva que costumava esconder atrás de um vaso de flor vazio. Abri a porta com cautela. Joguei minha mochila no chão.

Nada naquele casarão havia mudado. Estava tudo exatamente igual desde que fui para o colégio interno. Subi alguns lances de escada e fui até o meu quarto. Nenhuma de nossas empregadas havia tocado em alguma coisa minha, como pedi. Estava um tanto empoeirado por este motivo. Joguei-me na minha cama. Como sentira falta do meu próprio quarto, da minha própria bagunça.

Desci novamente deslizando pelo corrimão. Algo que nunca – nem pensar – poderia fazer na escola. Em casa eu também não deveria, mas o caçulinha sempre pode fazer tudo. Exceto quando ele ultrapassa todos os limites – aí você tem um final igual ao meu. Entrei na cozinha. Nossa cozinheira havia feito um de seus famosos bolos. Era de chocolate, o meu favorito. O bolo estava descansando na bancada. Parecia até que eles estavam esperando por mim. Estremeci com a ideia, mas logo a deixei de lado e fui atacá-lo. O bolo era como o manjar dos deuses!

Estava com o rosto sujo de chocolate e glacê quando algo inusitado aconteceu. Harry chamou do outro lado da porta.

– Oi, tem alguém em casa? Sou eu. Cheguei mais cedo da faculdade hoje...

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