capítulo 5 | você ousa me desafiar?

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[Obrigada pelas 300 leituras em menos de 24h. Obrigada por darem uma chance para Kenya. Amo vcs ❤️ PRONTOS?]

	Raylin se recosta ao portal do porta, sem sequer levantar o olhar de seu celular

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Raylin se recosta ao portal do porta, sem sequer levantar o olhar de seu celular.
Seu rosto está indecifrável, os olhos verde acizentados estão vidrados no aparelho, no qual consigo ver pelo reflexo dos óculos, que está escrevendo alguma mensagem. Seus cabelos prateados curtos estão perfeitamente no mesmo penteado de sempre. A pele está com uma quantidade considerável de maquiagem e, ainda assim, não aparenta algo pesado, apenas para esconder as rugas e olheiras que todos sabemos que tem. Ela sempre é cuidadosa para esconder sua idade.
Assim que chego à porta, ela apenas entra em seu escritório, ainda sem olhar para mim.
Fecho a porta atrás de mim ao entrar.
Apenas fico parada, com os braços pendentes ao lado do corpo.
Aquele anel de Bryana...
— Sente-se. — sua voz fria e calma corta o silêncio.
Sento na cadeira cromada, confortável, mas, como tudo aqui, gélida. Tão fria.
Ela desliga o aparelho.
E finalmente dirige seu olhar para meu rosto.
Algo em seus olhos deixa minha cabeça mais zonza do que já está. Aquela frieza está mais intensa hoje.
Aquela tulipa…
— Por um momento, — sua voz me traz de volta à realidade. — achei que arriscaria ficar sem sua injeção.
Observo seus olhos.
— Vocês foram bem claros sobre isso. Tenho muitos planos para minha vida pra simplesmente ter minha mente cozinhada. — falo acima do rugido que surge em minha mente.
Um grito. Tem um grito estridente de uma mulher soando em meus ouvidos.
Mas Raylin não dá nenhum indício que está ouvindo algo. Não faço nenhuma menção que estou ouvindo o grito desesperador.
Ela apenas dá um meio sorriso antes de caminhar até o outro cômodo. Seu laboratório particular.
Analiso sua mesa prateada. Está estranhamente bagunçada. Cheia de revistas, contratos, fórmulas químicas, cálculos…
E perco o fôlego.
Uma tulipa lilás desabrochada.
Igual ao anel.
O desenho da flor está em um papel amarelado, antigo.
Por que…
— Você deve estar alterada. Fazem mais de 20h que você tomou a última injeção. — Raylin diz voltando para o escritório pisando forte com seus saltos marfim. Marfim, como todo o seu escritório. Por Deus, até as estantes são de um tom de branco puro.
Por que essa tulipa está aqui?
Ela tira o lacre da agulha. Apenas ela e Grial, sua imediata, podem ter acesso às minhas injeções. Mas mesmo assim, fazem questão de prevenir, com lacres, as senhas do computador, o código de maletas…
Afasto meu cabelo, deixando meu pescoço exposto.
Essa flor, essa flor, essa flor…
— Estou ótima.
O anel infantil…
Raylin testa a agulha no ar.
Tulipa lilás…
Ela se aproxima lentamente de meu pescoço.
Fico rígida quando, por uma fração de segundo uma lembrança antiga, tão antiga, atravessa minha mente.
Aquele anel é…
Raylin aplica a injeção em meu pescoço.
E minha mente fica vazia, silenciosa.
— Não deveria ser tão irresponsável em questão à sua injeção. — ela diz, já descartando a agulha.
Olho para seu rosto. Parece mais nítido agora que a névoa em meu cérebro se dissipou.
— Eu estava completamente ocupada hoje. E vou estar por alguns meses. — falo, limpando as unhas. — Então preciso de uma grande quantia de minha injeção, pois não terei tempo de vir até aqui.
Raylin apenas apoia os antebraços na mesa. Encaro seus olhos.
— Não terá tempo, — a sua voz fria e inexpressiva. — ou vai estar longe demais para vir até aqui?
Merda.
Claro que ela já sabe. Desde quando Raylin D'amore fica por fora de algo?
Esboço um sorriso.
— Umas férias são sempre bem-vindas, — digo dando de ombros. — até mesmo para Kenya Wedyn.
— Você é mesmo uma ingrata.
— Estou acostumada a me chamarem de coisa pior. — meu sorriso aumenta.
— Você sempre cuspiu em cima da pouco consideração que tem por nós.
— Fala como se você tivesse algo semelhante a sentimentos. Não que eu esteja cobrando carinho ou algo do tipo, — cruzo as pernas e me recosto mais na cadeira. — pois, de certa forma, querendo ou não, me tornei Kenya Wedyn graças ao temperamento que você me doou com o passar dos anos.
— E você ao invés de ser eternamente grata pelos ensinamentos, — ela dá um sorriso frio. — nos trai.
— Eu não pertenço mais à Darveen.
— Volto a dizer: você é uma ingrata. A pior de todas, arrisco dizer. Pois ainda usa e abusa dos privilégios de ter sido criada por nós, e ainda assim…
— Uso e abuso com muito prazer. Pois foi feito no meu cérebro. Foi meu corpo que foi treinado e moldado. E até onde sei, não assinei, nem dei algum tipo de permissão para a Darveen ter algum direito ao que faço ou deixo de fazer com meu corpo. — descruzo as pernas e me inclino para frente, me erguendo um pouco da cadeira. — E fique você sabendo que meu corpo está sempre em ótimas mãos. Todos que provam dele não reclamam. Então, por favor, deixe-me agradecer, por terem me garantido uma vida sexual digna de…
Ouço, antes de sentir, o tapa que faz minha cabeça virar para o lado.

Blindada (vol. 1) [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora