[OBRIGADA PELAS MINHAS TÃO SONHADAS 5K DE LEITURAS!]
Como ele ousa gozar antes de mim?
Antes de me fazer gozar.
Como ele ousa me negar prazer?
Minhas mãos formigam com a vontade de fazer Thoan engolir todos os seus dentes goela abaixo.
E por que não faz isso Clare?
Eu... Não sei.
Fecho a porta com o pé com força, ao entrar em minha suíte. Me recosto na parede.
Rholan ainda não voltou de onde o deixei plantado, cheio de armas para juntar e carregar até aqui.
Então, milagrosamente, tenho privacidade por um tempo.
Suspiro alto. Eu só queria uma transa porra.
Pelo jeito é pedir demais.
Me recuso a aliviar minha tensão sozinha. Não mesmo. Quero que fique marcado o dia que Thoan me negou a pior coisa que se pode negar para mim.
Prazer. Sexo. Orgasmo.
Fecho os olhos com força.
Pensar nisso não vai adiantar.
Me desencosto da parede e admiro a beleza e a fortuna do saguão da suíte.
Caminho tranquilamente entre os tapetes caros e as poltronas refinadas.
Na verdade, hoje eu não tenho me comportado como eu mesma.
A começar por quando acordei esta manhã, cedo, para tomar minha injeção. E no momento em que levei a agulha, já com o lacre rompido, até meu pescoço, algo dentro de mim, da minha mente gritava… implorava uma única palavra: não.
E por mais estranho que fosse, uma voz pela primeira vez em 10 anos gritar em minha mente ao ver a injeção, não por medo da agulha ou do que o conteúdo faria, só prevenindo… Obedeci a mim mesma.
O café da manhã foi muito conturbado em minha mente. Berros, de uma mulher, me ensurdeciam. E a caminho do campo de treinamento, tudo estava zonzo.
Mas depois de um certo tempo, se tornou… suportável. Até que não houvesse nada de errado.
Como estou agora. Com mente sã e intacta. Nenhum sinal de combustão em meu cérebro.
Me sento, sem olhar no que.
Também teve a oportunidade, que há tempos aguardo, de socar a cara de Rholan. Oportunidade desperdiçada por mim. Seja qual foi a merda de motivo pra isso.
E teve também um óbvio motivo para deformar o pau de Thoan. Por mais amigos que sejamos, se eu estivesse nos meus dias normais, não teria hesitado em cortar seu pau ao vê-lo gozando após poucos momentos.
Talvez eu devesse tomar logo a injeção…
Não. Uma voz dentro de mim sussurra novamente.
Com precaução, não com medo. Como sempre acontece com meu treinamento me alertando sobre alguma ameaça.
Mas que ameaça meu treinamento vê em uma injeção que tomo há 10 anos?
Giro no banquinho no momento que me dou conta de no que sentei.
O banquinho do piano.
Fico de frente para o piano escuro. Tão lustroso que consigo ver meu reflexo.
Minhas mãos hesitantes de dirigem a tampa.
A levanto e encaro as teclas.
Por que algo dentro de mim acha que sabe o que fazer?
Levemente, sem pressioná-las, passo os dedos pelas teclas.
Dentro de mim, algo se inquieta.
Um fiapo de lembrança surge em minha cabeça. Como se algum dia no passado, eu estivesse nessa mesma posição.
Sem pensar muito, pressiono uma tecla.
E meu coração acelera com o som familiar. Mesmo eu nunca tendo tocado piano antes.
Pressiono outra. Apenas notas graves.
E outra. E outra.
Então, me entregando a lembrança desconhecida, levo a outra mão ao instrumento, e começo a reproduzir as notas que surgem em minha mente.
E, como mágica, uma música leve e acolhedora resulta de meus dedos.
Meu coração aquece diante das notas delicadas. Minha mente fica silenciosa. Um silêncio aconchegante. Enquanto me entrego à música suave e linda.
Meus dedos tomam vida própria, sem eu nem pensar, eles se dirigem às teclas certas, sem errar nenhuma vez…
Ouso fechar os olhos. E meus dedos seguem tocando sem hesitar, sem desafinar, em território familiar.
Com as duas mãos, a música acelera, pouco, e volta a lentidão, como se contasse uma história. A história de alguém.
Minhas mãos se movem paralelamente. Uma nas notas graves e outra nas agudas.
De olhos fechados, minha mente viaja para um campo infinito, com toda a extensão coberta de neve. As árvores congeladas.
Uma pausa triste na música. E então tudo de novo, mais lento que antes.
Um recomeço. Isso que a música parece retratar.
Lento e rápido se mesclando.
O campo nevado, alegre e convidativo apesar do frio, permanece em minha mente.
Com eficiência e perfeição, meus dedos prosseguem.
E após alguns segundos, mais uma pausa na música.
E então apenas notas um pouco mais agudas são tocadas. Lentas, demoradas.
Como se fosse uma promessa. Uma promessa nas notas agudas.
Em minha mente, na visão, uma mão pequena se estende para frente. Virada para baixo.
E neve cai dos seus dedos.
Não cai.
Flui. Surge nos dedos da criança. Provavelmente menina.
A magia da menina faz milhares de flocos de neve dançarem lentamente da sua mão até irem de encontro ao chão.
Como se em resposta, as árvores farfalham, com um vento gelado e tranquilo em direção a menina.
E a música acaba.
Abro os olhos. A última nota ainda pairando no ar.
E vejo Rholan em frente ao piano, sentado no braço do sofá.
Com os olhos brilhando com lágrimas.
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Blindada (vol. 1) [CONCLUÍDA]
Misterio / Suspenso¡PLÁGIO É CRIME! +18 | Clare Parlay, foi criada e treinada desde muito nova para se tornar uma assassina invencível e impiedosa. Após algumas experiências em laboratório, ela se tornou incapaz de sentir medo e dor física. Agora no auge dos seus 20 a...