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Aos doze anos, Hinata saiu do treinamento com a Kurenai-sensei se sentindo revigorada, apesar de dolorida. Ela caminhou pelas ruas do caminho até a sua casa junto com seus queridos companheiros de time: Kiba, Shino e Akamaru.

- Descansem bem! Não se esqueçam de levantar cedo para a missão de amanhã! - Gritou a jounnin em despedida.

- Hai!

- Francamente - Kiba resmungou com Akamaru em seu encalço. - Como essa mulher pode estar tão sorridente depois de uma luta tão intensa...

- Um massacre tão intenso, você quer dizer, Kiba - Shino cortou-o com seu jeito misterioso de sempre. - Fomos massacrados.

Kiba o fuzilou com o olhar, mas Hinata sorriu.

- Bem, isso significa que temos que treinar muito para alcançarmos ela!

- É mesmo, você anda se esforçando muito ultimamente, Hinata... - Kiba comentou. - Isso tudo é pra impressionar o Naruto?

- Ah-ah - Hinata ficou vermelha como um pimentão. - O q-que é isso, Kiba?!

- Bem, é que toda vez que a gente dá uma pausa você começa a falar sobre o Naruto, e como a gente tem que se esforçar como ele, e Naruto-kun isso, Naruto-kun aquilo...

- Ah-ah...

- Kiba - repreendeu Shino com gravidade. - Não zombe dos sentimentos de uma mulher dessa maneira.

- E além disso, eu não estou dando duro para impressionar o Naruto-kun... - Hinata mentiu deslavadamente, mas a próxima frase era uma verdade: - Os exames chunnin estão chegando...

- Ah, é mesmo... - Kiba cruzou os braços atrás da cabeça e bocejou. - Com esse esforço todo, não podemos passar vergonha - ele fez uma cara determinada. - Vou mostrar para aquele metido do Naruto que eu é que vou ser hokage!

Um inseto voou silenciosamente para fora da manga da roupa de Shino.

- Veremos. No momento a porcentagem é de 67% a favor do Naruto...

Enquanto eles discutiam, Hinata ria e olhava para as mãos enfaixadas. É verdade, ela andava treinando muito com a Kurenai-sensei ultimamente, mas não só com ela. Também treinava com a sua irmãzinha e com o Neji nii-san, que nos últimos tempos, andava pegando muito duro. As vezes até parecia que ele queria machuca-la de verdade... Mas Hinata não se importava com o quão difícil fosse o treinamento, e não importava o quão cansada e machucada ficasse, não podia parar. Ela tinha que treinar o dobro para alcançar o Kiba e o Shino. E de uma coisa estava certa:

Não podia, de jeito nenhum, ser um estorvo para o seu time ou envergonhar o pai.

Nos últimos tempos, ele andava pegando ainda mais pesado com ela. Ele não conseguia vê-la como algo diferente de um fracasso. Por isso, Hinata tinha que continuar dando seu máximo para que, um dia, pudesse deixa-lo orgulhoso.

E a única coisa que a impedia de desistir, de se acomodar... Era olhar para ele. O Naruto-kun.

- Hei, Hinata, você vai treinar com aquele seu primo assustador hoje de novo? - Perguntou Kiba, quando estavam passando pelo centro.

Hinata pisou errado e estremeceu de dor por um instante.

- Acho que sim...

- Cuidado para não forçar demais e acabar se machucando seriamente, Hinata - Shino disse. - Tenha cautela.

Hinata concordou silenciosamente. Mas não gostava de relaxar porque sabia... Sabia que tinha tendência a desistir das coisas, e não queria deixar isso acontecer de novo.

Não agora, que estava indo tão bem...

Os três - mais Akamaru - acabaram se esbarrando com o time 7 em uma esquina.

- Olá, Kiba, Shino, Hinata - cumprimentou Sakura.

- Para onde estão indo? - Perguntou Shino.

- Estamos indo no Ichiraku - Naruto disse animadamente. Hinata observou que, quando ele sorria, fechava os olhos, e era a coisa mais fofa. - Acabamos de sair de uma missão.

- É mesmo? A gente vai sair em uma amanhã. - Kiba sorriu desafiadoramente para Naruto. - Uma ranque B.

Naruto franziu a cara.

- Mentira! - Era mesmo, mas Hinata não teve coragem de desmentir.

- Verdade! E digo mais: vamos acabar com vocês no exame chunnin!

- Seu...

- Kiba-kun... - Hinata se meteu no meio para separa-los, sorrindo levemente. - Naruto-kun... Vamos todos dar o nosso melhor e treinar bastante, certo?

- Hinata, você é muito boazinha - Naruto disse com um bico.

- De qualquer forma, com esse nível, vocês nunca ganhariam da gente - Sasuke disse simplesmente. - Se não quiserem passar vergonha, eu aconselharia a nem entrarem.

- Haaa! Que cara metido!! - Kiba parecia soltar fumaça pelas orelhas. - Você é mais insuportável que o Naruto!

- Ei!

- Quer saber, vamos nessa... - Sakura pôs-se atrás dos meninos e começou a empurra-los rua acima, com um sorriso de desculpas. - Até mais, pessoal...

Hinata sorriu para ela.

- Até...

Antes de ir, no entanto, Naruto virou-se para eles e gritou:

- Ei, façam o que a Hinata disse! Treinem muito, principalmente você, Kiba - acrescentou com um sorriso travesso. - E então vamos ver quem é o melhor no exame, dattebayo!

Como sempre acontecia quando ficava perto de Naruto, Hinata percebeu que estava vermelha e imóvel. Os olhos azuis dele passaram pelos dela por alguns segundos, mas isso foi mais do que o suficiente... Ela se sentia renovada. Iria treinar muito, muito! Ainda mais! E então ele a reconheceria... Um dia.

- Hinata, você está com uma cara estranhamente determinada - Shino comentou quando continuaram a andar.

Hinata sorriu alegremente.

- É porque ver o time 7 me deu mais vontade de ficar forte! - Virou-se para os amigos. - Kiba-kun, Shino-kun, vamos dar o nosso melhor!

Eles acharam graça.

- Certo!

Quando chegou em casa, ao invés de descansar, Hinata foi direto para a sala de treinamento. Encontrou o pai lutando com o Neji nii-san. Eles a olharam com incerteza.

- O que faz aqui, Hinata?

- E-eu vim treinar também.

Neji pulou ao lado dela.

- Mas você não acabou de sair do treinamento com a Kurenai-sensei?

Hinata sempre se sentia estranha, nervosa e fraca perto deles. Mas agora isso era necessário. Enfrentar as suas inseguranças também era uma forma de treinamento...

- Eu... Eu gostaria de treinar aqui também... - ela levantou a cabeça e, pela primeira vez na vida, olhou o pai fixamente nos olhos. - Se vocês aceitarem.

- Tudo bem - Hiashi acabou dizendo, parecendo positivamente surpreso em suas micro-expressões.

- Então... Por favor... - ela se inclinou para baixo. - Não peguem leve comigo!



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