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Aos dezoito anos, Hinata se sentia mais solitária do que nunca sentira antes.

Certa tarde de primavera, ela saiu de casa com uma pequena cesta e um casaco.

Fazia pouco mais de um ano desde que a guerra acabara agora. Centenas de vidas haviam sido perdidas, centenas de lares devastados... Mas os ninjas do mundo todo estavam lidando com isso, cada um do seu próprio jeito. Hinata perdera vários companheiros do seu batalhão, e o luto por eles já não a torturava mais, mas... O Neji...

Eles sempre tinham sido unidos de uma forma diferente. Mesmo quando ele a odiava, ainda assim estavam ligados. Hinata nunca fora boa com palavras, por isso não era tão fácil para ela se abrir para as pessoas, mas com ele, sentia-se segura. Eles protegiam um ao outro.

Sem ele ela estava sozinha.

Hinata caminhou pelas ruas do mercado de Konoha devagar, observando as pessoas. Tudo havia sido reconstruído e voltado ao normal... Às vezes, ela quase se esquecia de que havia acontecido uma guerra.

- Hinata! - Alguém a chamou. Surpresa, ela se virou e encontrou Sakura acenando junto com Ino de uma loja.

- Ah, oi, Sakura-chan, Ino-chan - acenou de volta.

- Viemos comprar roupas - contou Sakura. - Por que não vem com a gente?

- Ah... - Hinata sorriu para elas, meio envergonhada. - Sinto muito, é que estou com pressa agora...

- Ah, entendo, não se preocupe - Sakura disse num tom simpático. - É que faz tempo que não fazemos algo, só as meninas, não acha?

Era verdade. Ultimamente, o grupo de amigos deles vinha se reunindo um pouco menos, em jantares e churrascos, mas sempre todos juntos.

- E se a gente chamar o pessoal pra ir nas águas termais? - Ino deu a ideia. - Daí podemos ter um papo de mulheres e depois encontrar os meninos.

- Eu gostei! - Disse Sakura.

Hinata balançou a cabeça.

- É uma ótima ideia, Ino-chan.

- Certo! Vou comunicar a eles hoje mesmo! - Ino parecia animada.

Quando Hinata se despediu e continuou seu caminho, ficou na verdade um pouco incerta sobre sair com o pessoal. É que haviam dias e dias. Na maioria das vezes, ela conseguia vencer a timidez e interagir normalmente com os amigos, mas, em dias como aquele, ela achava que só iria atrapalhar a alegria dos outros.

Se o Neji nii-san estivesse aqui, eu não ficaria insegura, pensou cabisbaixa. Bem, se ele estivesse aqui, não haveria motivos para eu estar triste, em primeiro lugar...

Logo ela avistou o seu destino: o campo de flores perto do cemitério. Na entrada, havia um boneco de neve com galhos nas bochechas para representar as marquinhas de Naruto.

Agora que ele era um famoso herói da guerra, todos o idolatravam, especialmente as crianças. Hinata parou por um momento e sorriu levemente.

Ela ficava feliz que agora todos conseguissem ver a pessoa incrível que Naruto era, não apenas ela. Ele merecia isso.

Mas, também... Ficava um pouco triste que tantas meninas gostassem dele. Tudo bem que os dois não tinham nada - nem perto disso - e ela não tinha esse direito, mas morria de ciúmes as vezes.

Hinata balançou a cabeça para si mesma. Não adiantava nada ficar pensando nessas coisas... O amor dela por Naruto não iria mudar, e a indiferença dele em relação a ela também não. Depois da guerra, acontecera a mesma coisa que tinha acontecido depois do Pain. Quando Hinata achou que tinha dado um passo para frente, Naruto parecia ter esquecido completamente dela.

Pelos Meus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora