Nine

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Dois meses.
Dois meses sem ele.

Ah Ana, cada dia que passo me sinto mais sozinho.
Sinto sua falta.
Falta do seu cheiro, das suas coisas no meu banheiro, das danças enquanto trabalhávamos juntos, dos banhos, das noites...
Volta pra mim, Ana.
Eu te amo.
Pra sempre seu Edward.

Todo dia quando acordava tinha um bilhete novo na minha porta. Essa era minha nova rotina sem Harry. Uma rotina triste, solitária -em partes- e monótona.

Isso foi escolha sua.

Minha mente me lembra disso cada dia. E cada dia eu me arrependo mais.

Arrepender.

Antes de escolher retirar Harry da minha vida sem nem lhe dar uma chance de se explicar eu não conhecia essa palavra. Eu sempre fazia escolhas das quais eu tinha certeza que não me arrependeria. Mas dessa vez eu não pensei. Apenas agi. E acreditem, foi o pior ato da minha vida.

Bom, vocês devem estar se perguntando o quê aconteceu quando eu acordei no hospital. Vou lhes contar.

Quando acordei, Mia estava ao meu lado. Ela chorava pedindo desculpas por ter deixado Connor me contar daquele jeito sobre a traição. Eu lhe assegurei que estava tudo bem e que foi tudo culpa da ansiedade e da anemia. Obviamente ela já sabia pois não ficou surpresa pelo meu autodiagnóstico.

Minha família sempre dizia que eu tinha tudo para ser médica. Eu realmente tenho. É um sonho que carrego comigo até hoje, mas nem todos os sonhos acontecem. Alguns só são sonhos. Inalcançáveis e intangíveis. Medicina no Brasil é algo muito difícil pra quem não tem um estudo num colégio de gente rica. Medicina em Londres é mais impossível ainda pelo seu preço anual. Então fodam-se os meus sonhos.

Não que eu esteja triste ou faça psicologia forçadamente. Eu adoro. Amo como a mente humana trabalha e amo os tipos de síndromes que podemos ter/desenvolver. Acho uma das coisas mais incríveis do mundo. E me sinto feliz estudando isso e meus pais me apoiaram nessa escolha racional.

Voltando. Eu a perguntei por quê diabos eu estava num quarto de luxo no hospital se mal tinha dinheiro para comprar comida. Ela me contou sobre Connor me socorrendo, como ele ficou preocupado e como usou o cargo de seu pai para que eu fosse examinada corretamente. Eu fiquei grata mas confusa. Mal troquei duas frase com ele e ele fez tudo isso por mim. Talvez ele leve o amor ao próximo muito a sério. E é óbvio que Mia disse que havia algo a mais nisso, eu sabia que ela não iria deixar isso pra lá mas apenas ignorei. Como faço com qualquer coisa.

Após eles me deixarem em casa e eu praticamente expulsa-los alegando estar cansada psicologicamente e fisicamente eles cederam. E foi ai que Harry apareceu.

Na hora que o vi na minha porta, notei que ele estava cansado, cabelo desgrenhado e com folhas de grama no mesmo, rosto sujo de lama, camisa amarrotada e suja também, lhe faltava um sapato.

Uau. Ele estava péssimo mesmo. Eu também estava. Mas por dentro.

Ficamos nos encarando por muito tempo, tenho certeza. Ele abriu a boca e a primeira palavra me cortou o coração. Foi como se tivessem dezenas de ninjas me atravessando com suas espadas. Como se uma bomba explodisse dentro de mim. Sei la, doeu pra caralho.

-Me perdoe.

Quando aquilo saiu da boca dele eu suspirei e desabei na sua frente. Não deixei que ele me tocasse. Não deixei que ele entrasse ou que fosse embora. Queria que ele visse o que ele causou em mim. Que sentisse como me deixou. Que sentisse que mesmo depois de eu ter me entregado de corpo e alma à ele, como não havia feito nem com Garret, ele estragou tudo. Todo o meu amor, respeito. Tudo.

O cara do bar. (SHORTFANFIC) H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora