Atravessei a floresta correndo o mais rápido que conseguia. Os galhos das árvores rasgavam minha pele, mas eu não me importava, só queria chegar à aldeia para ver minha mãe, saber se ela estava bem. Mas quando cheguei lá, vi a mesma cena que havia visto na clareira depois que os Anciãos foram mortos. Todos estavam caídos no chão! Fui até minha casa, minha mãe também estava caída. Não podia acreditar que ela estava morta, me aproximei de seu rosto, estava respirando! Foi aí que eu me dei conta de que eu não havia verificado se estavam mortos realmente!
_ "Mãe, mãe?" – Ela não podia me ouvir, eu era um urso!
Tive medo de machucá-la com minha força, então a balancei devagar com meu focinho. Ela não se movia!
Escutei barulhos do lado de fora e fui ver, talvez fosse alguém da aldeia. Mas eram os guerreiros Minkys!
_Rápido, vasculhem tudo! Vejam se há alguém de pé! – Um dos guerreiros dava as ordens.
_ "Preciso sair daqui antes que me vejam." – Não queria deixar minha mãe, mas não tive escolha.
Se eu ficasse acabaria sendo morto, e apesar de não entender o que meu pai havia dito, eu sabia que deveria viver! Sai antes que me vissem, fui para a floresta. Ali eu era apenas um urso, era bem maior do que os outros, mas ainda assim, era um urso!
De onde eu estava dava para ouvir e ver a movimentação dos guerreiros Minkys na aldeia.
_Eles não estão mortos, estão apenas inconscientes! – Um dos guerreiros Minkys disse para o que dava as ordens.
_Isso é um mal pressagio! Vamos levar todos eles para nossa aldeia, nosso Xamã nos dirá o que fazer! – O guerreiro Minkys suava e tremia.
O que eles estão fazendo? Por que não ateiam fogo em tudo, como fazem de costume quando conquistam uma aldeia, para ocupar as terras?
Entrei floresta adentro, precisava descansar, eu estava confuso, exausto, com fome, com sede e ferido! Entrei em uma caverna e dormi profundamente.
Não sei por quanto tempo dormi, dias, ou talvez semanas. Mas quando acordei estava faminto! Havia um rio que cortava a floresta, eu não estava longe dele. Então, fui até lá. Era um rio com tantos peixes que não tive dificuldade para me alimentar.
Apesar de não ser tão ruim viver como um urso, eu queria, desesperadamente, voltar a minha forma humana, mas não sabia como fazer isso! E ainda tinha que dar um jeito de salvar minha mãe e os outros!
Corri pela floresta até chegar à aldeia dos Minkys, fiquei escondido nas árvores para que não me vissem. Reconheci o guerreiro Minkys que eu havia visto na minha aldeia, vi quando ele entrou em uma das casas e quando ele saiu dela acompanhado por um homem. Era o Chefe Xamã! Eu queria ouvir o que eles estavam dizendo, mas estava longe.
Eles entraram na floresta e eu os segui até uma caverna. Era escuro nos primeiros metros, mas depois começava a clarear. Passaram por algumas fendas até que chegaram a uma espécie de câmara. Era grande, a parede reluzia, como se houvesse diamantes cravados nela e uma leve névoa pairava sob o chão. No centro havia mesas de pedras e em cima delas havia pessoas deitadas.
Eles se aproximaram das mesas de pedras e o Xamã começou a falar algumas palavras em uma língua que eu não entendia.
_Como isso é possível, sábio Xamã? Eu não entendo! – O guerreiro que o acompanhava estava confuso. _Quando o senhor nos falou que só venceríamos a batalha se matássemos os Anciãos, não disse que isso aconteceria!
_Existe uma lenda que diz que os Anciãos são o espírito da aldeia dos kamah, enquanto eles viverem, a aldeia não poderá ser conquistada por outros povos. Segundo a lenda, se os Anciãos fossem mortos pelos inimigos, sua aldeia mergulharia em uma noite infinita, e foi exatamente isso que aconteceu com aqueles que não foram mortos na batalha. – O Xamã sabia do que estava falando e eu também precisava saber. Talvez ele tivesse as respostas que eu buscava! Então, me aproximei mais.
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Os iluminados. Solstício de inverno.
FantasíaO ano é 1617, Richard Parker se vê refém de uma maldição que caiu sobre ele e sua Tribo Kamah, após o ataque impiedoso e violento da Tribo dos Minkys. Ele é "O iluminado". Ele se torna imortal. Richard Parker tem de encontrar a mulher que poderá qu...