Capítulo 6

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Eram quase 2:00 horas da madrugada, eu não conseguia dormir. Olhava pela janela do quarto em direção a floresta. Eu não o via, mas podia sentir o Christian de guarda entre as árvores. Tem sido assim desde que ele descobriu que eu tinha a marca da meia lua e corria risco.

Peguei o baú que eu escondi debaixo da minha cama, achei que era um lugar tão óbvio que ninguém procuraria ali. Tirei o livro de dentro dele. Eu tinha que descobrir como abri-lo. Ainda não havia falado com o Christian sobre o livro, não sabia se falaria.

Deitei-me na cama e fiquei tentando abrir, mas não consegui. Eu fechei meus olhos, comecei a relaxar, quando dei por mim, estava mais uma vez na floresta. Segurava o livro. O homem vestido como um guerreiro indígena estava comigo. Não tinha medo, confiava nele. Ele me olhava fixamente. Caminhei em sua direção, quando cheguei perto, ele me segurou e pôs um objeto em minha mão. Era uma espécie de medalhão. Tinha o formato de duas meias-luas de costas uma para outra, entrelaçadas, formando uma interseção. Acima delas havia um Sol Negro e abaixo o símbolo do infinito.

_O que devo fazer com isto? – Perguntei entre a respiração intensa, mas ele não respondeu, apenas sumiu.

Acordei. Estava abraçada ao livro. Senti algo na parte superior do meu braço, então levantei a manga da camisa, e não pude acreditar! Era um bracelete com o medalhão do meu sonho! Eu tentei tirar, mas não saía.

O dia havia amanhecido. Comecei a pensar que toda vez que eu tinha esses sonhos, estava na floresta. Então, botei o livro na mochila, subi na moto e fui em direção a Reserva. Pilotei por algum tempo. Se o livro era dos Minkys, talvez eu conseguisse algumas respostas nas florestas de lá.

Deixei minha moto escondida no mesmo lugar onde escondi o carro da última vez em que estive na Reserva. Mas ao invés de ir para praia, fui para floresta. Andei por alguns minutos, me sentei em um tronco de árvore e tentei mais uma vez abrir o livro, mas era em vão. Foi então que escutei um barulho, como se algo caminhasse em minha direção! Levantei-me e olhei ao redor, de repente ouvi o som de algo veloz rasgando o vento, e em frações de segundos, duas flechas acertaram a árvore atrás de mim! Senti uma dor forte no braço, pus a mão e vi que estava sangrando! Corri pela floresta o mais rápido que consegui, passei por uma fenda em uma rocha que estava um pouco encoberta por plantas, era à entrada de uma caverna. Mas então, tudo começou a rodar, não conseguia mais ficar de pé! Eu me esforcei para manter meus olhos abertos. Mas não consegui.

Não sei por quanto tempo eu apaguei. Quando finalmente consegui abrir os olhos, eu me vi deitada em cima de uma espécie de mesa feita de pedra. E o homem que aparecia para mim vestido como guerreiro indígena estava de pé ao lado do meu corpo. Ele estava com a cabeça baixa, dizendo coisas em uma língua que eu não entendia.

Conforme ele falava a ferida em meu braço cicatrizava! Na verdade, eu ainda não havia acordado! Não podia acreditar no que estava acontecendo! Eu estava assistindo tudo de fora do meu corpo!

Eu me aproximei devagar. O livro estava ao meu lado. E o bracelete com o medalhão brilhava em meu braço. O Homem continuava falando, então quando cheguei ao lado do meu corpo, ele se calou, levantou a cabeça em minha direção, de pé ao seu lado e olhou nos meus olhos.

_Volte! – Ele disse com voz de trovão!

Nesse momento senti uma força extraordinária me puxando, fechei os olhos, uma corrente de energia passou por mim! Quando a sensação parou, abri os olhos, eu estava deitada na pedra, de volta ao meu corpo e o homem havia desaparecido. Sentei-me, respirei fundo, pus uma mão no bracelete e com a outra peguei o livro que estava ao meu lado.

Já estava anoitecendo. Bem acima da mesa que eu estava sentada, havia uma abertura por onde entrava um feixe de luz, por isso não estava tão escuro lá dentro. Eu havia passado praticamente o dia todo dentro daquela caverna! Sarah devia estar preocupada. Eu tirei o celular do bolso, mas não tinha sinal. Eu queria sair dali, mas estava com muito medo!

Os iluminados. Solstício de inverno.Onde histórias criam vida. Descubra agora