Capítulo 2

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“Quando você não quer sentir nada, a morte pode parecer um sonho.”
―Garota Interrompida

Eu dou-lhe as costas, mas ele agarra meu braço:

 – Acho que não sabe com quem está se metendo Hermione – ele me ameaça.
- Você também não sabe com quem está se metendo – falo, soltando meu braço e entrando na sala que é simples com uma mesa e duas cadeiras, uma de cada lado, há uma janela com uma cortina de cor azul escuro.

 A mesa está cheia de papéis, além de várias caixas ao lado da mesa, imagino que com várias fichas de meninos e meninas estabelecidos no orfanato. Ela senta em uma das cadeiras indicando para eu me sentar à sua frente:
- Nome? - ela pergunta.
- Hermione Granger - respondo hesitando um pouco não sabendo se deveria mudar meu sobrenome.
- Idade? - ela pergunta me olhando enquanto escreve num papel.
- 17 anos - respondo não hesitando dessa vez.
- Seus pais morreram como? - ela pergunta.
- Eram judeus, por isso foram mortos - eu respondo, deixando cair algumas lágrimas para uma atuação melhor.
- Entendo, sinto muito pela sua perda, com a guerra ficamos lotados de crianças, o que é uma coisa horrível - ela responde.
- Obrigada - agradeço e desvio o rosto.

 Não me sinto culpada por mentir ou nada do tipo, apesar de não sentir meus ferimentos ainda, acho que posso sentir apenas dor, porque é um estímulo físico, isso seria uma boa notícia para o Sr.Riddle:
- Vou levá-la até seu quarto, Sta. Granger – ela fala interrompendo os meus pensamentos.
Levanto e a sigo para fora da sala, enquanto saio, vejo Tom Riddle na entrada, parado de frente à porta:
- Sta.Hill deixe-me acompanhar a Sta. Granger até o quarto – ele fala com um sorriso e com aquela expressão falsa de bom menino que provavelmente ouviu toda a conversa.

Ele finge bem porque só eu sei que é falsa já que eu tinha vindo do futuro, pois nunca fui boa para ver o verdadeiro caráter das pessoas:
- Obrigada, Tom. Estou mesmo cansada - Ela agradece e segue pelo corredor que é escuro como todos.

Esse lugar parece não ter luz, tudo o que vejo de Riddle é uma massa escura e às vezes consigo ver sua expressão devido a estas malditas luzes que querem imitar uma boate, piscando a cada maldito segundo. Percebo que ele me encara com um sorriso estranho e não sei o que ele pretende. Sabe, não é todo dia que se encontra o Lorde das Trevas jovem, é como encontrar um Serial Killer:
- E ai? O que você quer? – eu indago.
- Acha mesmo que eu deixaria você ter a última palavra? Ninguém vira as costas para mim! – ele me empurra contra a parede mais próxima e coloca sua mão no meu pescoço começando a tirar o ar dos meus pulmões, não sei por quanto tempo, só sei que sinto muita dor, acho que morrer sufocada é o mesmo que morrer afogada, sem ar e entrando em completo desespero. Mas comigo foi diferente, mesmo com a dor que sinto, com certeza estou sentindo, não luto ferozmente, espero ele acabar com aquilo naquele momento, ele não é burro e claro que não me mataria:
- Esqueci que você não pode usar magia fora da escola – falo, escorregando pela parede e caindo sentada no chão frio, minha voz está um pouco fraca – Sabe, eu não tenho medo de você – falo, logo me levanto e dou um belo soco na cara dele, acho que esse foi um pouco melhor do que eu dei no Malfoy:

 – Ninguém nunca te ensinou a não bater em garotas? E nunca mais encoste suas mãos sujas em mim! – digo.

 Não é porque que eu não sinto gosto pela vida que vou deixar esse cara me transformar no seu saco de pancadas. Encaramo-nos e como se soubesse o que ele está pensando, tento correr, mas ele me empurra para a parede e com o impacto machuca minhas costas, seu rosto chega bem perto do meu e começo a reparar como seu rosto é perfeito. Como alguém tão mau e horrível pode parecer um anjo e ter essa beleza?
- Você não devia ter feito isso, Sta. Granger – ele fala, mas quando ele tenta continuar eu o interrompo.
- O que você quer de mim? – eu pergunto, não sei o porquê dessa perseguição dele.
- Quero tirar este ar de desafio e desprezo da sua cara, quem você pensa que é garota? Vou acabar com você e vou fazer da pior maneira, vou fazer você se arrepender por ter me tratado assim – ele fala, com uma expressão de maníaco que sei que ele é.
- Estou te lembrando alguém em especial? Eu só não fui com a sua cara, só porque você foi gentil ou seja lá o que você foi, eu não sou obrigada a gostar de você - eu falo mentindo.
- Pare de mentir, sei que você sabe de algo! – ele fala socando a parede, nós não paramos de nos encarar por nenhum minuto.
- Eu acho que você é complexado, sinceramente – eu falo o deixando cada vez mais nervoso – Você acha que o mundo gira ao seu redor? Eu acabei de te conhecer – falo.

Por fim não consigo segurar a risada, aquela situação era totalmente ridícula.
- De que você está rindo? –ele pergunta com uma voz assustadora.
- Acho que somos muito parecidos, exceto pelo fato de você querer mostrar que é poderoso, que é melhor que qualquer pessoa, só porque foi abandonado sente-se um justiceiro achando que suas ideias são certas, que as pessoas são indignas. Mas a verdade é que você é o único indigno, Riddle – Concluo como um belo tapa na cara dele. Olho nos seus olhos e eles estão borbulhando de raiva:
- Eu vou ter o prazer de te matar – Ele fala, me ameaçando.
- Mate, eu não poderia me importar menos – eu falo o encarando – Será que poderia me levar para meu quarto? Eu estou cansada.

 E assim ele faz, andamos em silêncio como se estivéssemos andamos sozinhos, chegamos a uma porta cinzenta, que era a do meu quarto, olho para ele que também me olhava:
- Isso não acabou – ele diz.
- Nunca pensei que tinha acabado – falo, entrando no quarto simples e sujo.

Há uma cama e guarda-roupa e uma única janela que tem vista para o portão do orfanato. Estou tão cansada que deito e acabo adormecendo imediatamente naquele colchão e cobertores cheirando a poeira.

Lass Mich Nicht (Tomione)Onde histórias criam vida. Descubra agora