Capitulo 3

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  “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.”

William Shakespeare

Naquela noite tenho os pesadelos sobre a guerra como sempre, mas durmo bastante porque quando acordo está amanhecendo. Levanto naquele minúsculo quarto e percebo que estou com a mesma roupa suja e um pouco rasgada, abro o guarda-roupa e noto que há uma saia xadrez, uma camisa branca e meias 7/8 pretas. Visto-me colocando a camisa branca dentro da saia e pondo as mesmas sapatilhas, faço minha higiene e também ajeito meu cabelo em um coque. Saio pela porta do quarto e advinha quem me espera no corredor? Esse cara não se cansa não?

- Você não devia estar sei lá, torturando criancinhas ao invés de me perseguir por aí? – digo, com um sorriso falso no rosto.

- Devia, mas ao invés disso vim contemplar sua beleza – ele fala com mais sarcasmo do que eu. Parece que sempre estamos em uma competição e precisamos saber quem sairá vitorioso.

- Eu desconfiei que você estivesse caidinho por mim e por isso você fica me perseguindo, mas sei lá, depois que você me enforcou isso tipo saiu totalmente da minha mente – digo. Ele parece nervoso como sempre:

- Venha logo e pare de abrir sua boca – ele fala, puxando meu braço pelos corredores, é de manhã então está bem iluminado me permitindo reparar que ele é bem mais alto que eu e usa uma camisa branca, calça preta assim como os sapatos.

- Mas assim não teria a menor graça. Eu não tenho culpa se você é estressado, eu te recomendo chá de camomila – assim que paro de falar, ele para de andar e me encara.

 – Olhe aqui, eu não o obrigo a me perseguir, você faz isso por vontade própria e se eu quiser falar eu vou falar – depois que eu paro de falar ele começa a me arrastar de novo pelos corredores até um salão com mesas imensas, lotado de adolescentes e crianças sem pais, família ou nada do tipo, não sinto nada, mas pena é o pior dos sentimentos então agradeço internamente por isso. A comida é escassa, eles até parecem pássaros comedo migalhas. O ambiente é bem iluminado, mas a tinta das paredes está descascando há muito tempo e o teto parece trincado. Esse lugar precisa de uma séria reforma, podia até ser perigoso.

Tom me arrasta para uma mesa que tem pão duro e leite, pega os alimentos e coloca-os na minha frente, pega para ele também e começa a comer:

 – Eu enviei uma carta ao diretor Dippet informando que você é uma bruxa e que perdeu os pais, ele enviou uma carta de aceitação de Hogwarts para você, como não tem responsáveis eles vão disponibilizar o material para você, não se preocupe – ele me informa.

Não é problema eu voltar à Hogwarts, mas não entendo o porquê dele me querer lá. Será que ele quer me incriminar por alguma das suas maldades para eu ir para Azkaban?

- Eu não vou para Azkaban por você, tá bom? – eu digo para ele com a cara seria – Eu não gosto de você e antes disso eu te mato e depois me mato, vamos morrer juntos não é a coisa mais linda? Vai ser um Romeu e Julieta na vida real – meu sarcasmo e ironia se intensificaram muito desde que tomei aquela poção.

- Estou pensando seriamente que você tem problemas mentais – ele fala, com um sorriso, achando graça no que eu falei – E sinceramente, eu sou muito melhor que Romeu.

- Se ele fosse um vilão muito mau, aí eu concordaria – falo, mordendo o pão duro.

- Como se você chegasse aos pés de Julieta, com certeza – ele fala debochando de mim.

- Ela que não chega aos meus pés, eu sou muito inteligente, não falo que eu seja bonita, mas bonitinha e não preciso me matar para ficar com o amor na minha vida que não existe – digo com certeza na voz.

Lass Mich Nicht (Tomione)Onde histórias criam vida. Descubra agora