Safira | Joias do Deserto | 1 (CONCLUÍDO / EM REVISÃO)

Capítulo XXXIII

O céu em tons azuis claros já indicava que um novo dia começava, e Safira despertava com uma dor insuportável na cabeça. Sentindo os olhos arderem com a luz que entrava no quarto bocejou ainda sonolenta, passou as mãos pelas melenas douradas repletas de frizz enganchando os dedos nos cachos embaraçados e por fim se levantou.

Estava se sentindo mais cansada que o normal nos últimos dias e ver qualquer tipo de comida em sua frente fazia seu estômago revirar. Deduziu que seu corpo falava e naquele momento implorava pra que ela reagisse. Pensou que a tristeza por Layla não acordar estava interferindo em seu sistema, e embora fosse verdade, havia ainda algo a mais naqueles sintomas.

Se arrumou rapidamente para mais um dia, uma abaya de tom verde escuro caía perfeitamente pelas curvas de seu corpo e os cabelos já formosos outra vez foram presos a uma tiara de pedras do mesmo tom deixando cair sob as costas de Safira um longo véu verde, o mesmo que havia comprado no mercado em Omã.

Parou por instantes para se observar no espelho do quarto. Já não reconhecia a Safira de meses antes, a princesa que nunca em sua vida havia desejado aquele destino. O casamento de fato não era mais o seu pior pesadelo, nem mesmo podia reclamar de Said que apesar de ter um alto e respeitado posto de sheik não a maltratava como tinha certeza que qualquer outro homem faria se estivesse no lugar dele.

- Senhora?

E então voltou a si ao ser chamada pela nova criada.

- Bom dia, Anekin - Safira a cumprimentou esboçando o melhor sorriso que podia. - Minha irmã acordou? - Perguntou ansiosa pela resposta

- Infelizmente não, senhora - Anekin respondeu.

Safira apenas concordou em silêncio. Seus pensamentos logo a fizeram se entristecer e teve que respirar fundo para se manter calma e ter fé que a princesa ficaria bem.

- E Soraia?

- Senhora Soraia já tomou o desjejum e foi com os criados até o mercado de frutas.

- É claro... - Disse risonha - Meu marido onde está? - Perguntou borrifando o perfume floral em seus pulsos.

- Sheik Said informou que não voltará antes do jantar - A criada disse.

- Mas ainda é manhã... ele já saiu? - Perguntou confusa

- O sheik e mais alguns senhores saíram logo que o sol raiou, princesa. -Respondeu com os olhos alarmados

- O que mais você sabe? - Safira perguntou desconfiada - Porque está tremendo?

- Senhora.. eu.. não sei de nada. - Disse vacilante.

Safira então observou a moça. A pele negra retinta brilhava sob a luz da manhã, os cabelos longos e também negros formavam cachos que coroavam a cabeça dela, sendo adornados apenas pelo véu de tom cru. Os lábios fartos e pálidos emodulravam o rosto oval e pequeno enquanto os imensos olhos cor de amêndoas eram cobertos por fartos cílios.

Anekin tremia como vara verde em meio a tempestade e rajadas de vento. E por mais que trabalhasse para a princesa a pouco tempo, Safira reconhecia quando ela estava mentindo.

- Fale de uma vez, Anekin - A princesa insistiu - Onde meu marido está?

- Senhora... - Ela suspirou derrotada - É uma surpresa, eu não posso contar. Me desculpe..

- Uma surpresa? - Mais uma vez a desconfiança se apoderou de Safira - Para mim?

- Seu aniversário.. - Ela deu de ombros como se explicasse.

Alívio preencheu o corpo de Safira imediatamente e um breve sorriso surgiu em seu rosto, no entanto um vinco de confusão em sua testa veio logo depois.