𝒕𝒉𝒆 𝒄𝒓𝒐𝒘𝒏 ✧ daniel seavey

𝑪𝒐𝒎 𝒂𝒎𝒐𝒓, 𝑫𝒂𝒏𝒊𝒆𝒍.

— Você realmente achou que eu nunca iria descobrir? Desconfiar? — Falo fechando a porta atrás de mim.

— Do que você está falando? — Ele diz se sentando na pequena cama e passando a mão no rosto.

— Eu sei Daniel. Eu sei de tudo.

— Sabe do que Ashley? O que...? —  Ele se levanta e me encara. — Ah.

—  Você... Todo esse tempo... — ele chegou perto de mim e eu comecei a dar pequenos socos em seu peito. — Como você foi capaz? COMO? Você disse que me amava...

— Ashley! Ashley, calma...

— VOCÊ ME USOU! COMO TODO MUNDO AQUI... — eu ja estava sem forças para dar socos que realmente doessem. Estava somente o empurrando,  com a visão embaçada. — você... você fez eu te amar, como eu nunca amei ninguém... E me apunhalou pelas costas! Me usou pra infiltrar pessoas no castelo, me prejudicar! Prejudicar minha família!

— Ashley, não... Eu nunca faria isso — ele segura meu rosto com suas mãos olhando para mim. — Eu sei que é o que parece, mas eu realmente te amo, eu nunca ousaria fazer nenhum mal a você. Nunca deixaria ninguém fazer nenhum mal a você.  

— Sabe Daniel, todos aqui ja me usaram de certa forma. Mas eu acreditei... Eu realmente acreditei que você...

— Ashley, por favor, eu posso explicar, por favor... Eu nunca te usaria. Eu sou apaixonado por você!

— E como eu faço pra acreditar nisso? — boto as minhas mãos sobre a dele. — Eu queria tanto... Mas não sei se sou capaz de acreditar em qualquer coisa que você diga.

— Ashley... Por favor. Por favor. — ele diz, e uma lágrima desce sobre o seu rosto. Apenas me livro do quente toque de suas mãos sobre o meu rosto, e saio do quarto.

                                      [...]

   Não me lembro de ter chegado ao quarto.

   Não me lembro de ter adormecido.

   Queria também não me lembrar dos acontecimentos da noite passada, mas infelizmente, eu recordava.

   Cada momento. Cada toque. Cada palavra. Cada lágrima.

    Tinha dado folga para Mare na noite passada, e fiquei feliz com essa decisão. Precisava do meu tempo, e tenho certeza que ela também. Imagino que a noite tenha sido agitada para todos.

   Levanto da cama e a primeira coisa que vejo, é um papel no chão, próximo a porta.

   Eu ja sabia o que era, ja sabia de quem era. fiquei encarando o pedaço de papel por um tempo antes de pega-lo e abri-lo.

   "Ashley. Você não quis ouvir uma explicação minha ontem, e eu realmente não mereço. Mas eu sou tão perdidamente apaixonado por você, que somente a hipótese de não poder te dizer as últimas palavras, mesmo que sejam escritas, me dói. Não mereço seu perdão, eu sei disso. Mas mesmo assim gostaria de te explicar. Eu te devo explicações.
   Sim, eu vim para o castelo em busca de mais informações, sobre o rei, para passar para os meus companheiros. Mas nunca — nunca mesmo — pensei que me apaixonaria pela filha do rei.
   Vim aqui com um objetivo muito claro. Desde que meu irmão morreu, tenho me dedicado todos os dias a isso, a essa causa, para crianças e adolescentes como ele não passarem pelo mesmo. Não morrerem.
   Não somos terroristas, Ash. Não queremos machucar ninguém, só queremos nossos irmãos, filhos, sobrinhos, crianças, vivos. Salvos.
   Da minha província, de uma só vez, levaram 250 jovens para a guerra. 30 voltaram vivos. E meu irmão não era um deles.
    E sim, Ash, eu luto por essa causa, e sempre vou lutar. Eu daria minha vida para salvar essas crianças. Eu quero justiça. Eu quero paz para os pais que tem seus filhos, ja sabendo que um dia vão os perder para uma guerra sem sentido, por dinheiro.
   Eu te amo Ashley, como nunca amei ninguém. E meu juramento é sério, eu nunca vou deixar ninguém te fazer mal algum — nunca — mas não posso deixar essa causa. Não me peça para fazer isso, porque um pedido desse, vindo de você, a mulher que eu tanto amo, me destruiria.
   Espero que você me entenda. E me perdoe. Deixarei o castelo assim que receber sua carta oficial.

                                   Com todo o amor,
                                                      Daniel."

   Minhas lágrimas molhavam o papel. Meu coração estava apertado.

   Novamente saio pelos corredores do castelo, mas dessa vez, sabendo exatamente onde iria.

                                      [...]

    Chego no corredor, e paro diante a porta. A encaro por alguns instantes. Tive que reunir todas as minhas forças para abri-la.

— Daniel. — digo entrando e batendo a porta. O garoto estava arrumando uma pequena mochila.

— Ashley. — Ele diz ainda virado de costas.

— Você pode parar de arrumar suas coisas. Você não vai embora desse castelo.

   Ele se vira lentamente em minha direção.

— Você...?

— Não. Eu não te perdoei. É muita coisa para pensar... — me aproximo mais do garoto. — Eu não te perdoei. Mas cheguei a conclusão que não consigo viver sem você. A hipótese de te ter longe desse castelo me destrói. Eu te amo, e isso não mudou. E eu estou me odiando por isso, por não conseguir parar de te amar, não conseguir te ter longe de mim. Então, você não vai sair desse castelo por enquanto. A não ser que você queira.

— Eu não quero.

— Ótimo. — coloco o dedo em seu peito. — Mas isso não significa que tudo está bem. Porque não está, Daniel. Mesmo te amando, não sei se sou capaz de fazer isso.

— Eu sei.

— E aliais, eu estou noiva.

— Sim.

— Sinto muito pelo seu irmão.

— Eu sei que sente. Eu sei, que você sente por todas as crianças. Você é diferente, Ashley.

— Eu gostaria de acreditar nisso.

   Então saio.

                                   ✨✨✨

Pessoal! Mil leituras! Muito obrigado. Isso significa muito pra mim. Amo todos vocês <3

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