23- Suspeitas

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"Acha que conhece as pessoas e elas te surpreendem."

(Pretty Little Liars)

À medida que os olhos de Rebecca encontram um feixe de luz em meio à escuridão no lugar em que está sentada, percebe que em seus pulsos contêm correntes e próximos aos seus pés uma tigela com água e outra com algum tipo de mingau.

Observando mais ao fundo do galpão que se encontra, Rebecca instantaneamente percebe o exato lugar que está, mas a observação é chocante quando descobre a pessoa que está por trás de tudo.

[...]

— Eu ainda espero a sua resposta — Eduardo comenta olhando para o garoto sentado à sua frente.

— Talvez eu possa pensar em responder a sua pergunta quando a Rebecca aparecer — fala ao estalar os dedos.

— Por falar nisso... Onde ela está? — Pergunta se levantando — eu a vi no corredor há alguns minutos.

— Que eu saiba foi lá embaixo para colocar o lixo, mas confesso que não entendi porque ela esqueceu o mais fedorento — Daniel comenta também se levantando e apontando para Eduardo com a cabeça.

O irmão da garota morde o lábio inferior para conter a raiva e não voar no pescoço dele.

— Vou para o meu apartamento porque não consigo ficar em um mesmo cômodo que você por mais de um segundo e por ironia do destino já se passaram... — Diz olhando para o relógio no pulso — vinte minutos...

Daniel franze as sobrancelhas ao ver quanto tempo havia se passado e uma sensação ruim percorre por seu corpo, mas pensa que Rebecca deveria apenas estar em seu mundo como sempre.

— Quando ela voltar pede para me procurar — finaliza ao fechar a porta atrás de si.

Daniel atravessa o corredor a passos largos e rapidamente chega a seu apartamento. Quando abre a porta e encontra Thiago deitado assistindo um episódio qualquer de Supernatural na TV pensa se a melhor escolha foi ter voltado para casa.

— Se está pensando que eu vou lavar o que você está sujando — aponta para a tigela nos braços dele — ou pegar isso — vê algumas pipocas jogadas pelo chão e no sofá — está completamente enganado.

— Eu não te pedi para fazer nada — Thiago responde.

Daniel vai em direção ao quarto e quando se deita de lado na cama percebe que o caderno de poesias ainda está em seu bolso de onde ele o retira e começa folhear calmamente até seus olhos encontrarem aquele poema.

Escultura

Diversas vezes pensei na sua instigante altura

E não foram poucas as que te imaginei como uma escultura.

Enquanto inúmeros pintores selavam os espaços em branco

Seu corpo não demonstrava nenhum para ser franco!

Você era completa

E eu realmente não gostaria que fosse descoberta.

O cabelo vermelho como o nascer do sol

Os olhos tão brilhantes como a luz de um farol

As curvas perigosamente coloridas como uma fantasia

E as sardas incríveis que até me constrangia

Talvez a parte mais instigante seja a boca rosada natural

E encostar meus lábios aos dela seria completamente mortal.

Mas, sabe... Quando o assunto era sobre ela eu nunca fui muito racional.

Termina de ler e um sorriso abre em seu rosto ao lembrar-se da sensação suave dos lábios de Rebecca nos seus. Movido por essa emoção melodias começam a surgir em sua mente e palavras dançam em suas imaginações. Corre em direção ao estojo para alcançar uma caneta e evitar que essa inspiração repentina passe despercebida.

Tempo

Quando te encontrei não era dia?

Acho que me perdi novamente no tempo enquanto você sorria.

Quando estou contigo o ponteiro do relógio simplesmente para

E infelizmente quando estou sem você dispara.

Te convidei para dançar já esperando um "não"

Você sorriu intensamente

E eu me apaixonei impensadamente

Quando você esticou a mão

Eu me perdi completamente.

Daniel coloca a caneta ao seu lado e com as pálpebras carregadas de sono olha para o relógio que marca 00h00min.

Você está em casa? Por que não me avisou? Eu fiz algo errado?

A mensagem não chega ao celular de Rebecca.

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