"Você não pode pular direto para o final, a jornada é a melhor parte."
(How I Met Your Mother)
Certamente esse deveria ser um aviso para Rebecca Silva Albuquerque.
Uma vez que o impossível ato de acompanhar a um determinado filme ou seriado sem deslizar o mouse do computador em direção ao desfecho da história não é aplicado a ela.
Embora o incômodo com livros seja completamente pior, pois, ao comprá-lo e ler a sinopse sua consciência e os impulsos de seus músculos a levavam imediatamente ao final sem ao menos tê-lo começado.
— Quantas vezes mais eu preciso dizer para seus olhos e dedos permanecerem no mínimo CINCO metros do meu notebook? — Ela escuta uma voz aveludada próxima a seu ouvido esquerdo e toda sua concentração se desvanece.
Lentamente vira seu pescoço para o lado e seus olhares se cruzam resultando em uma energia que faz com que os corações de ambos se aqueçam, todavia antes que ela possa perceber, ele estica os braços por cima de seu médio corpo e alcança o notebook que está sobre a mesa.
— Como sempre enganada por esses indesvendáveis olhos verdes — a garota resmunga levantando-se da cadeira — espero um dia conseguir causar o mesmo efeito que você provoca em mim.
As sobrancelhas dele se erguem em sinal de interrogação, mas em questão de segundos torna-se um olhar travesso e inconsequentemente ela perde o domínio de seus músculos e coloca a mão sobre o peito na tentativa de amenizar as batidas rápidas de seu coração.
Ele vira-se em direção à cozinha e Rebecca consegue analisar, como todos os dias, a enorme cicatriz que cobre toda a parte traseira do antebraço direito de seu namorado.
— Você está absolutamente enganada se pensa que não consegue fazer isso — o garoto diz ao fechar a geladeira com uma maçã entre os dentes.
— Posso saber como faço isso? — Pergunta aproximando-se e o abraçando pela cintura — seria a minha incrível capacidade de roubar sua comida? — Seu olhar torna-se confuso, porém, no momento em que ela dá uma mordida em sua maçã ele revira os olhos.
— Eu provavelmente diria que a cor refletida do seu cabelo quando está exposta à luz é similar ao nascer do sol e isso me provoca de uma maneira que nenhuma pessoa no mundo pode entender, muito menos eu — comenta ao piscar sua pálpebra esquerda de modo provocativo para ela — mas, depois disso — ele aponta para a recém-mordida na maçã — é melhor você ter um pouco de atenção enquanto dorme porque posso ocasionalmente aparecer no seu quarto durante a noite e você acordar sem ele.
O senso de humor dele ainda a surpreende e ela particularmente não deseja isso a outra pessoa, pois, assim não teria que disputá-lo com outra garota já que a sociedade, em sua maioria, não gosta de outras diferentes, por outro lado, esse é um dos maiores fetiches de Rebecca.
Mas, há um ano sua maior rival fora a que menos esperava.
— Você conhece a palavra alvorada? — Pergunta ao depositar um rápido beijo em seus lábios e ele afirma que não — pois, bem! É um sinônimo de nascer do sol, mas uma palavra relativamente mais culta, e não entendo o motivo de me cativar dessa forma.
— Então, minha alvorada, que nasce de leste a oeste no horizonte — ele diz envolvendo mais a cintura dela — compreendida em todas as regiões entre os dois círculos polares — os olhos da garota brilham intensamente com a repentina declaração e abre um tímido sorriso — pode ficar com a maçã porque eu não quero mais.
Ele se desvencilha do abraço e ela apenas balança a cabeça rindo da atitude infantil de seu namorado como sempre.
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ALVORADA
RomancePLÁGIO É CRIME!!! *OBRA CONCLUÍDA* Quando eu, Rebecca Albuquerque, tive que me mudar para Uberlândia, nunca imaginei que conheceria pessoas e lugares fantásticos... Mas, aqui estou contando a cada um que estou perdidamente apaixonada por um par de i...