ALVORADA

3- Satisfações

"Bem-vinda ao mundo real. É uma droga. Você vai amar."

(Friends)

Rebecca realmente não imaginou que seu último ano letivo seria em um lugar totalmente desconhecido.

Ela sempre odiou imprevistos.

Toda manhã acorda e caminha no Complexo Parque do Sabiá além de passar longas horas escrevendo em seu diário enquanto observa a réplica do canhão do Período Colonial.

De fato um hobby completamente diferente, mas acontecimentos históricos são belíssimos para ela.

Foi extremamente difícil escolher para qual escola gostaria de ir, na intenção de ajudar, Eduardo perguntou a diversos colegas na universidade para saber o nível das redes públicas e privadas da cidade e essa não foi uma tarefa fácil.

Por fim, encontraram uma localizada perto do apartamento deles.

O clássico primeiro dia de aula de qualquer garota: unhas feitas, cabelo totalmente em ordem, roupas passadas de forma perfeita e maquiagem por todo o rosto.

Sentada no sofá da sala esperando por Eduardo a garota decide mandar uma mensagem para Bruna perguntando como está sendo o seu primeiro dia e ela responde de modo vago, chateada, Rebecca desiste no momento de manter uma conversa.

— Você sabe que vai apenas me levar para a escola, não é? — Pergunta ao ver o irmão espirrando a colônia favorita dele por toda a roupa que veste — você não vai para um show ou algo parecido — ele meramente resmunga algo que Rebecca não consegue entender e continua sua produção física penteando alguns fios do cabelo castanho com as pontas dos dedos.

Sentindo-se impaciente, sai do apartamento e desce as escadas do prédio.

Paciência não era algo que fazia parte de seu vocabulário.

Quando seus sentidos encontram um céu limpo nos quais pássaros cantam ao amanhecer de uma segunda-feira além de um tempo agradável, uma sensação positiva surge em seu rosto.

— Bom dia, senhorita Albuquerque — o porteiro a cumprimenta quando chega ao hall de entrada — está uma linda manhã, não acha?

— Olá! Alberto... — Sorri para o senhor caloroso de cabelos grisalhos que conhecera há algumas semanas — eu te pedi diversas vezes para me chamar somente de Rebecca, não precisa de toda essa formalidade comigo! E sim, está um lindo dia — diz ao respirar profundamente para sentir o ar puro.

Alberto balança a cabeça positivamente e volta ao seu trabalho no momento em que Eduardo passa por eles.

Assim, Rebecca segura à alça da mochila com as duas mãos de forma mais confortável e segue o irmão até o carro.

À medida que passam por diversas ruas, a garota vê muitos adolescentes com uniformes e pessoas se exercitando. Instintivamente pensa que normalmente este horário em São Paulo é natural ver indivíduos se locomovendo, mas não com o intuito de esporte e sim para trabalho.

Claramente as pessoas de Minas Gerais possuíam mais espírito esportista que os paulistas.

— Ali Eduardo! — Diz extasiada ao apontar em direção ao edifício da escola — uau! É muito maior do que eu imaginei.

Eduardo segue calmamente a fila de carros para entrar na escola enquanto ela observa várias pessoas entrando e saindo do local.

A ansiedade começa a tomar forma e pensa se escolher uma escola de rede privada teria sido a melhor escolha.