Apenas Continue Dançando {D E G U S T A Ç Ã O}

Capítulo 7

"Let's finish what we started

It's all I ever wanted"

I Got You – Bebe Rexha

Jogada toda torta no sofá da sala, encarava a tela do meu celular.

A segunda-feira foi exaustiva, entre dar aula para minhas turmas, me dediquei a tentar organizar um esquema de substituição para os dias que ficaria ausente.

Paul estava sendo muito bacana em manter minha vaga, afinal, não sabia quanto tempo realmente ficaria em Las Vegas, existia a possibilidade de ser apenas uma temporada, mas não podíamos descartar a hipótese de se tornar uma residência fixa.

Prometi a ele que prepararia todas as coreografias do próximo recital da companhia, que seria em dois meses. Passei todo meu tempo livre criando a coreografia das turmas de ballet, que Jenna ficou responsável. Até o fim da próxima semana, tinha que estar com a coreografia das turmas de dança de rua prontas, Trevor as assumiria.

Fora isso, ainda teria algumas reuniões de equipe com o produtor responsável por montar o show em Vegas e um ensaio inicial em Nova Iorque mesmo.

Isso significava que meu tempo seria escasso e que não teria tempo para distrações, mas ainda assim, passei o dia vendo Ryan toda vez que fechava os olhos. Ao criar as coreografias, me vi reinventado alguns passos que ele fez comigo, desisti de me esforçar em parar de pensar nele ou em como estava sentindo falta da sua voz. Sentia-me ridícula por isso, e um pouco assustada.

Estava há meia hora com o celular na mão, digitando mensagens de texto que jamais enviei. Escrevia, lia, achava defeitos, apagava e começava de novo. Fiz isso tantas vezes que perdi as contas, até perder totalmente a coragem e abandonar meu celular em um canto qualquer do apartamento.

***

— Acho que deu para concluir essas duas primeiras sequências, amanhã continuamos de onde paramos — falei, ao sentar no banco na lateral da sala para desamarrar minhas sapatilhas e calçar meus tênis.

— Você é muito talentosa, Mia, a coreografia está ótima — respondeu Jenna, pegando sua bolsa para ir embora.

Sorri feliz com o elogio e retribui à minha amiga.

— Que é isso, Jen, você é incrível, aliás, não escuto você falando sobre audições e coisas do tipo, não gostaria de estar no palco ao invés de apenas dando aulas? — perguntei enquanto íamos em direção a porta de saída.

— Bem — raspou a garganta —, esse é um lugar meio negro na minha vida.

— Ah, desculpe — falei sem graça —, não queria me intrometer.

— Mia, sua boba, você é minha amiga! Vou te contar tudo, quem sabe você não me ajuda a encontrar um caminho diferente para resolver meu problema — falou Jenna, sorridente e enroscou seu braço no meu.

— Seja o que for, pode contar comigo! — respondi com cumplicidade — Ei, quer ir a cafeteria? Podemos conversar um pouco.

Jenna abriu a porta que dava acesso à rua, olhou para mim com um sorrisinho de canto de boca quando respondeu.

— Acho que hoje não é um bom dia.

Estava prestes a perguntar o porquê quando alcançamos a calçada e me deparei com um Land Rover preto estacionado a alguns metros. Encostado a ele, usando calça jeans, camisa branca com os dois primeiros botões abertos e as mangas dobradas até os cotovelos, estava Ryan. De braços cruzados no peito e aquele sorriso torto perigoso.