2. Tempo

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Era meio assustador pensar nos eventos das últimas semanas, pelo menos para Dean. Em menos de um mês, eles descobriram que Kaia estava viva, a resgataram do Lugar Ruim, conheceram seus doppelgangers de outro mundo, quase foram comidos por cães do inferno e Jack teve um pequeno passeio até o Jardim do Éden, que foi a segunda parte do plano de Billie para derrotar Chuck. Não que esse tipo de coisa, fosse extremamente surpreendente, mas ainda assim, parecia surreal demais, até para eles. Mas o que poderia ser surreal o suficiente numa realidade em que o plano deles era matar Deus?

_ Hey, Jack. Como você está?_ Sam pergunta meio incerto.

Eles haviam acabado de entrar na cozinha, onde Cas esteve trancado com Jack na última meia hora. O amigo os havia alertado de que algo havia mudado no garoto e Dean sentiu um pequeno nervosismo começar a brotar dentro dele.

Jack estava sentado à mesa, de cabeça baixa, suas mãos unidas e apertando uma à outra e havia lágrimas em seus olhos.

_ Eu sinto muito_ ele diz, ainda sem encará-los.

_ Você o quê?_ Dean pergunta confuso.

_ Por que eu não entendi?_ finalmente Jack ergue a cabeça e a dor é visível em todo o seu rosto_ Minha mãe também morreu. Por que eu não entendi? Foi minha culpa.

Ele volta a abaixar a cabeça e agora está definitivamente chorando.

_ Jack..._ Dean tenta, mas não sabe o que dizer exatamente. Ele tem uma suspeita do que está acontecendo ali. Ele olha para Cas um pouco perdido.

_ A alma dele voltou_ Cas diz finalmente.

Era o que Dean imaginava. Por qual outro motivo o garoto estaria remoendo a morte de Mary e da sua própria mãe desse jeito? Pelo jeito, o passeio ao Jardim do Éden foi mais intenso do que ele imaginou.

_ Por favor... Por favor, me perdoem_ Jack pede olhando para eles.

Ele sustenta o olhar em Sam e Dean por um tempo e depois volta a olhar para baixo, as lágrimas pingando na madeira da mesa.

Aquilo era inesperado para Dean. Com Jack sem alma, ele não achou que veria um momento como aquele chegando, mas ali estava. Agora que o garoto tinha a alma de volta, ele tinha consciência do que tinha feito, e aquilo deixava Dean atordoado. Ele sentiu uma raiva súbita o invadir com a lembrança do corpo de sua mãe em seus braços, do corpo dela queimando no funeral, da realização de que eles nunca a veriam de novo. Ele olhou para Sam. O irmão tinha uma expressão de pesar genuína, mas Dean não conseguia imaginar o que ele estava pensando. Então Sam lentamente caminhou até a mesa e sentou no banco do outro lado em frente a Jack.

Houve um instante de silêncio, no qual a única coisa que se ouvia era o choro do garoto.

_ Jack?_ Sam chamou e pacientemente esperou até que Jack erguesse a cabeça e o encarasse. Seus olhos estavam vermelhos, e as lágrimas escorriam livremente por sua bochecha_ Escuta, o que aconteceu foi muito... Muito difícil para nós. Mas não, não foi sua culpa.

Dean arregalou os olhos. Sam estava mesmo dizendo aquilo?

_ Eu matei a Mary_ Jack disse e um soluço estrangulado escapou dele. Dizer aquilo em voz alta agora que ele podia realmente sentir, doía mais do que ele conseguia expressar.

_ Sim. Mas você estava sem alma. Eu sei que você não quis_ Sam continuou_ E eu sei que se você pudesse mudar o que aconteceu, você mudaria.

_ Eu faria qualquer coisa..._ Jack afirmou ansioso. Ele daria a sua vida se fosse possível.

_ Eu sei_ Sam assentiu e seus próprios olhos agora estavam marejados_ Eu sei... Mas olha, a minha mãe, ela foi feliz enquanto esteve aqui e ela encontrou a paz depois que se foi. E eu tenho certeza de que nenhuma parte da alma dela guarda rancor pelo que aconteceu... Ela também te amava. Você também era a família dela, assim como é a nossa. Nada vai mudar isso... Eu te perdoo, Jack.

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