3. Eu escolho você

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A última caçada havia sido interessante. Jack nunca tinha visto um Wendigo antes, mas havia lido tudo sobre essas criaturas. Eram pessoas que sucumbiram ao canibalismo e aos poucos se transformaram em algo sobre-humano. Até sabia como matá-las (era preciso atear fogo), embora o que enfrentaram, tenha sido morto por Sam.

Ele ficou bastante satisfeito quando dois dias atrás, eles encontraram esse caso não muito longe, em uma pequena floresta em Belle Fourche, uma cidadezinha vizinha à Lebanon. Sam e Dean foram capazes de entender muito rápido que os estranhos desaparecimentos na floresta combinados com restos de corpos humanos devorados, era obra de um Wendigo. Sam lhe contou que eles já haviam enfrentado esse monstro muitos anos antes, então eles sabiam como era seu comportamento, e sabiam exatamente o que fazer.

Então junto com Castiel, eles partiram rumo a Belle Fourche, colocando em prática seu velho truque de agentes do FBI investigando desaparecimentos.

Encontrar e matar o Wendigo não foi difícil, embora a aparência da criatura, tenha dado calafrios em Jack. Ele ficou com a lembrança do corpo grande, deformado e desproporcional da criatura, mesmo horas depois de voltarem ao Bunker. Mas foi divertido e deu a Jack uma sensação de normalidade. Sem contar que foram dois dias em que sua mente estava ocupada. Sem pensamentos de autodepreciação, sem angústia, apenas o caso e nada mais.

A parte ruim ficou por conta de dizer a mãe de uma das vítimas que seu filho estava morto. Sam e Dean decidiram isso no pedra, papel e tesoura e como sempre Dean perdeu.

Dean então ficou na casa dela para dar a notícia, enquanto Sam, Cas e Jack o esperaram no hotel. Quando ele voltou da casa da mulher, estava muito estranho. E na volta para o Bunker, ele passou o caminho inteiro muito calado e pensativo. De vez em quando, pelo espelho retrovisor interno, ele lançava olhares para Jack que o garoto não sabia como interpretar, mas que o assustavam. Não sabia o que havia feito de errado dessa vez. Ele se comportou, não usou seus poderes nenhuma vez, tentou não fazer nada que fosse considerado estranho e tentou ajudar da maneira que pôde. Jack ficou se perguntando se Dean havia arranjado mais um motivo para odiá-lo. Não conseguiu pensar em nada que pudesse ter feito de errado nesses dois dias, uma vez que ele já tinha feito o pior mal que alguém poderia causar a outra pessoa. Seu estômago doeu só de pensar em Mary outra vez.

Antes mesmo de chegarem em casa, Jack começou a ficar ansioso enquanto repassava os dois últimos dias em sua cabeça, tentando achar alguma coisa que pudesse ter feito para estragar tudo. Sua mente começava a trabalhar contra ele novamente.

E quando finalmente chegaram, ele já estava com os nervos em frangalhos, imaginando se Sam e Cas também o odiariam mais cedo ou mais tarde. Nos dias seguintes nem a sua rotina de atividades diárias, conseguiu acalmá-lo, pois Dean continuava lhe lançando olhares furtivos e falava com ele cada vez menos e Jack não conseguia entender. Ele sabia que Dean ainda não estava pronto para perdoá-lo, mas alguma coisa mudou desde o caso do Wendigo e Jack não sabia o que era. Dean não parecia bravo com ele, apenas mais distante, o que desesperava Jack de uma maneira que ele não achava que seria possível. Talvez se Dean gritasse com ele, esbravejasse, fosse menos pior do que esse tratamento silencioso. Ele já vinha se sentindo muito mal, não considerou que pudesse piorar.

Parecia que ter a alma de volta só tornava tudo mais difícil. Pois embora ele estivesse cada vez mais forte, seu emocional parecia a beira de um colapso. Ele não sabia quanto tempo aguentaria com toda aquela pressão que havia colocado em si mesmo. E ao mesmo tempo não sabia o que fazer para se sentir melhor. Não tinha com quem conversar. Seus únicos amigos eram seus pais e definitivamente não poderia falar com eles. Então quando eles lhe perguntavam se ele estava bem, ele dizia que sim. Quando lhe perguntavam se precisava de alguma coisa, ele dizia que não. Mas ele não estava bem, estava longe disso. E ele precisava sim de algo, precisava que alguém lhe dissesse que tudo ficaria bem. Pensou em sua lista e em como precisava urgentemente a por em prática, antes que surtasse e antes que seu tempo acabasse.

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