8. Livres para sermos você e eu

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A semana sem o celular e sem o notebook (porque seus pais resolveram que deixá-lo sem nenhum acesso à internet, seria um melhor castigo), passou se arrastando para Jack. É claro que ele sempre poderia se distrair lendo, porém ele já tinha lido todos os livros do Bunker no mínimo duas vezes, então simplesmente não tinha mais graça. Ele sabia de cor as palavras, os monstros, os feitiços. Até mesmo os livros que Rowena deixou para Sam, ele leu. E sem poder ocupar seu tempo cumprindo sua lista ou estudando Mandarim ou vendo filmes e séries online, a ansiedade começou a tomar conta dele.

Ele tentava se distrair ajudando Sam nas pesquisas ou simplesmente ficando ao lado dele na biblioteca ou com Dean lavando os carros do Bunker ou conversando com Cas durante horas, mas aquilo não era o suficiente. Sua mente ainda vagava para lugares que não deveriam ir e ele se assustava ao pensar nos itens da lista que ainda não havia realizado. E para completar, Billie não apareceu para dizer se havia conseguido finalizar o acordo com o Vazio. Estava começando a ficar demais para ele novamente e ele ficou se perguntando como as pessoas lidavam com todos os sentimentos que as sobrecarregavam, porque ele não sabia como fazer isso. Não sabia como ir para a cama todas as noites e dormir em paz, quando aquele peso ficava girando e girando dentro dele como um tornado pronto pra destruir a casa mais próxima. Nesse caso, a casa era ele. Jack podia sentir as fundações desmoronando aos poucos, como se a casa estivesse velha e mal cuidada e não sabia mais o quanto daquela pressão aguentaria.

_ Nós já estamos indo, Jack_ Sam avisou da porta da cozinha quatro dias depois de o terem posto de castigo.

Ele e Dean tinham descoberto um possível grupo de lobisomens aterrorizando as pessoas em Blue Rapids e estavam a caminho, enquanto Cas ficaria com Jack no Bunker.

_ Não posso ir mesmo?

_ Enquanto estiver de castigo, não_ Sam respondeu.

_ Posso assistir TV então?

Sam pensou um pouco. Jack estava sendo muito obediente nos últimos dias. Sempre pedia para fazer qualquer coisa, fosse ficar com eles até mais tarde na sala do mapa, fosse para comer doces depois das refeições e outras pequenas coisas que antes ele não costumava pedir, porque estava implícito que ele podia fazer.

_ Tudo bem_ Sam concordou_ A gente deve estar de volta em um ou dois dias. Se acontecer alguma coisa, pede ao Cas pra ligar pra gente.

Jack fez que sim com a cabeça e Sam se foi.

Ele tentou planejar o seu dia, mas não tinha muito o que fazer. Então arrumou a cozinha, limpou seu quarto, organizou os livros da biblioteca por ordem alfabética e no fim do dia na Caverna do Homem, convenceu Cas a lhe contar sobre como foi quando ele estava na barriga da sua mãe. Era uma história que ele nunca tinha ouvido. Jack se lembrava de algumas coisas que vivenciou de dentro do útero de Kelly, mas não era nada muito nítido.

_ O que você quer saber exatamente?_ Cas perguntou. Os dois estavam sentados lado a lado no sofá encostado na parede.

_ Ela sofreu muito enquanto estava grávida de mim?_ Jack perguntou, enquanto pausava o DVD de Toy Story 3.

_ Kelly sabia de todas as dificuldades, Jack. E mesmo assim, ela quis você. Não foi uma gravidez fácil com todo o estresse que ela passou, mas ela estava feliz por ter você dentro dela.

_ Acha que em algum momento ela pensou em voltar atrás? Sabe, sobre me deixar nascer...

_ Ela teve dúvidas e acho que você pode entender isso... Mas o amor dela foi mais forte. Kelly acreditava que você era bom e estava certa.

Jack então olhou para baixo.

_ Mas eu não fui bom o tempo todo.

_ Você cometeu alguns erros. Mas foram erros involuntários... Nada do que aconteceu foi sua culpa.

Bem-Vindos ao FimOnde histórias criam vida. Descubra agora