10. Quando eu me for

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_ Jack, o que você está dizendo?_ Cas perguntou incrédulo.

Era madrugada quando Jack apareceu na cozinha do Bunker, dizendo que precisava conversar com ele. Cas tinha acabado de voltar do quarto de Dean, depois de ter passado um bom tempo lá com ele e saído de mansinho depois que o outro pegou no sono. Agora ele e Jack estavam sentados de frente um para o outro e Cas mal podia acreditar no que ouvia. Jack tinha acabado de lhe dizer para desistir de sua graça, se tornar humano e se livrar do acordo com o Vazio.

_ Eu sei que parece pedir muito...

_ E é... Por que não me disse que você e Billie estavam tentando desfazer o meu acordo?

_ Eu queria ter certeza que daria certo.

_ O que mais você anda escondendo?_ Cas ergueu uma sobrancelha para ele.

_ Nada. E esse não é o ponto_ Jack respondeu rápido.

_ E qual é o ponto?

_ Você quer viver para ser feliz, não é?_ o garoto continuou.

_ É o que todo mundo quer, Jack_ Castiel confirmou_ Mas isso... É simplesmente demais pra mim.

_ Você me disse que já viveu um tempo sem os seus poderes e você ficou bem.

_ Eu sobrevivi. Mas não quer dizer que tenha gostado... Você também já perdeu seus poderes e sabe que viver como um humano é desgastante para nós que só conhecíamos a existência com poderes.

_ Eu sei. Eu também não gostei da época em que era humano. Eu fiquei doente e morri, lembra?

_ Exatamente... Os humanos são criaturas maravilhosas em sua totalidade, mas minha experiência como um deles não foi boa, assim com a sua.

_ Mas e se for sua única chance?

_ Jack, abrir mão da minha graça voluntariamente, seria como amputar uma parte minha. Eu não sei se conseguiria viver assim. Tenho certeza que você entende isso.

Jack deu um suspiro. Ele entendia, é claro que entendia. Nos poucos meses em que foi humano, ele se sentiu inútil, um fardo para sua família. Até que ele entendeu que o seu valor não estava nos seus poderes e sim em quem ele era. Dean e Sam eram humanos e ainda assim, eram extraordinários. Humanos podiam ser extraordinários, se quisessem.

_ Cas_ o menino se inclinou um pouco sobre a mesa_ Vai realmente fazer tanta diferença assim? Desculpe, mas os seus poderes quase não funcionam mais. Você mal consegue curar Sam e Dean quando a gente volta de alguma caçada... Isso parece que exige muito esforço da sua parte. Talvez... talvez você já seja mais humano do que anjo ultimamente.

Castiel ficou em silêncio. Ele olhou para as próprias mãos sobre a mesa e se lembrou da época em que elas operavam milagres. Literalmente. Quantas vezes ele curou Sam, Dean e até mesmo Jack_ quando estava sem poderes_ com aquelas mesmas mãos? Quantas vidas ele salvou com seus poderes quando estava com força total? Inúmeras. Agora curar um simples arranhão, demandava muito esforço e o deixava exausto.

Ele não estava alheio ao fato de que seus poderes já não eram mais os mesmos. Nem se comparavam, na verdade, ao que um dia foram. Mas ainda assim, desistir da sua graça seria como desistir de uma parte dele, desistir de quem ele sempre fora, para se tornar algo que o assustava. Ele não temia os humanos, mas temia viver como eles. Todas as limitações, todos os medos, as inseguranças. Não sabia se conseguiria lidar com isso.

Mas por outro lado, Jack estava certo. Se seus poderes estavam falhando tanto, logo não teriam mais serventia. Será que valia a pena lutar por algo quase inexistente em vez de lutar por sua própria vida? E uma vida humana seria tão ruim assim se ele pudesse vivê-la ao lado das pessoas que amava? Se eles sobrevivessem na luta contra Chuck, ele poderia ver Jack crescer e prosperar, ver Sam ser feliz. E envelhecer ao lado de Dean. Mas ainda assim...

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