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Eevy

Sabe quando você quer realmente matar uma pessoa? Eu quero mesmo matar Benjamin.

- Sério Ben? De novo?. - pergunto vendo um policial traze-lo até mim.

- Me desculpe Eevy. - ele diz e me dá um abraço rápido, ele sabe que eu não gosto muito de contato físico.

- Você foi preso por brigar no trânsito, por que você não consegue sossegar esse rabo fora da cadeia?. - pergunto irritada.

Benjamin é filho da mulher que cuidou de mim quando eu cheguei em Nova  York, ele vive aprontando e eu vivo livrando a cara dele, acho que sempre vou achar que tenho uma dúvida com a mãe dele, e por isso o ajudo toda vez que ele se mete em confusão, mas isso já foi longe demais, Ben apronta cada vez mais, daqui a pouco ele mata alguém e vai querer que eu livre ele dessa, tenho que por um fim nisso.

- Vai pra casa e se você for preso de novo, não precisa nem me ligar, vou desligar na sua cara e te deixar apodrecer na cela. - digo e vou pro meu carro.

Saio dirigindo pela cidade cheia de carros e pessoas trabalhando e fazendo compras, o sol está um pouco a baixo no meio do céu e faz bastante calor, continuo dirigindo até chegar na construção vermelha e pouco movimentada a essa hora do dia, saio do carro e entro pelas portas duplas do pequeno prédio, as luzes coloridas estão apagadas e uma música baixa e pouco animada está sendo reproduzida, me aproximo do bar e me sento em um dos bancos de frente para o balcão, Moe se aproxima de mim e coloca uma dose de um sei la o que na minha frente. Moe é um velho ranzinza tipo o dos Simpsons, mas ele no fundo e um cara legal com seus clientes.

- Dia difícil?. - ele pergunta mesmo sabendo a resposta. - É por conta da casa. - ele empurra o copinho para mim e eu pego e viro na boca.

- Me dá mais duas. - peço e ele coloca mais dois copinhos na bancada e enche eles.

Viro os dois copinhos e sinto o líquido arder na minha garganta.

- Continua servindo Moe, só saio daqui morta. - peço desanimada.

Moe me serve rindo fraco e balança a cabeça em negação.

- Descontar suas frustações nas bebidas não vai resolver nada. - ele diz me olhando como sempre, com desaprovação.

Venho a esse mesmo bar a uns três anos, sempre quando estou com problemas, eu me sento aqui e encho a cara, muitas vezes Moe teve que me colocar em um táxi e em mais vezes ainda, ele teve que chamar uma ambulância por eu estar apagada no chão. Vida difícil.

Bebo uma das doses e então um cara se aproxima de mim, ele se senta no meu lado e me olha com malícia.

- E aí gata, tá fazendo o que em uma espelunca como essa?.- ele pergunta sorrindo para mim.

- Moe, esse cara tá falando mal do seu bar, se eu fosse você, eu não deixava... - digo para Moe e ele ri. Me viro para o cara no meu lado mostrando que eu não tô afim de conversa. - Se você não percebeu, eu tô bebendo e pretendo continuar bebendo, sozinha. - acho que eu deixei claro que não quero companhia.

Pego minhas duas outras doses e as bebo, Moe volta a me olhar com desaprovação e percebo que o cara que estava no meu lado foi embora.

- Já chega por hoje Eevy. - Moe diz dando as costas para colocar a garrafa de bebida em uma prateleira de vidro. - Ainda são três da tarde, você devia estar trabalhando. - ele se vira para mim, de novo ele tá dando uma de que é meu pai.

Conheço Moe a três anos, a única coisa que é maior que seu coração, é a sua ganância, o velho é louco por dinheiro e por mais pura coincidência, eu tenho muito dinheiro.

- Eu pago o dobro do preço de cada bebida que você me servir hoje. - digo a ele e ele se aproxima do meu rosto.

- Agora você só sai daqui carregada... - Ele diz antes de se virar para as prateleiras.

Sabendo como ele é, já me preparo, ele vai pegar as bebidas mais fortes e as mais caras do bar, ele vai tentar me falir, Moe começa a me servir e não me deixa de mãos vazias nem um minuto, vou sentindo a embriaguez chegar e logo não sinto meu corpo, eu gosto disso, gosto de não sentir porra nenhuma.

Não sei quanto tempo em si se passou, mas logo Moe parou de me servir, eu já não sentia nada e mal entendia o que estava acontecendo então nem liguei, meu rosto estava apoiado no balcão de madeira e o espaço já estava bem movimentado, as luzes coloridas estavam ligadas e tocava uma música eletrônica alta. Eu paguei a conta que claramente foi uma fortuna e Moe me colocou em um táxi, dormi até chegar em frente ao meu prédio, sai do táxi cambaleando e logo vi a figura conhecida sentada na escada do meu prédio, Tristan olhou para mim e se levantou, eu caminhei e parecia que o chão estava subindo e descendo.

- Eevy, onde você estava?. - Tristan me pergunta confuso e eu mal me mantenho em pé. - Você está bêbada?.

- Claro que não... - respondo e gargalho sei la porque. Minha credibilidade foi pro espaço agora.

Tristan me pega no colo e começa a me carregar, encosto minha cabeça em seu ombro e sinto seu cheiro, também sinto meus olhos se encherem de lágrimas e um segundo depois minhas lágrimas estão molhando a camisa de Tristan.

Isso é muito doloroso, esses malditos  sentimentos, estão me matando aos poucos.

Tristan mexe na minha bolsa e escuto uma porta ser aberta, ele anda um pouco, abre outra porta e se senta na minha cama comigo ainda em seu colo, o abraço com força ainda sentindo um aperto forte no peito e com as lágrimas molhando meu rosto.

- Porque você fez isso comigo?. - pergunto em completo sofrimento.

- Eu juro que não fiz nada, ela estava de pé na minha frente, você bateu na porta, eu terminei de assinar os relatórios e fui abrir, nesse tempo ela sentou na mesa. - ele diz acariciando minhas costas.

- O batom dela estava borrado, e as pernas estavam abertas - digo com a voz arrastada.

- Se tivesse sido eu que borrei, minha boca estaria suja quando eu abri a porta, mas não estava, eu não beijei ela. - Tristan me abraça forte. - Use a ligação, você vai saber se eu estou mentindo ou não.

Todo o meu corpo diz que ele não está mentindo, mas meu cérebro não quer acreditar, então uso nossa ligação de companheiros para descobrir.

- Eu não fiquei com ela, e nem com nenhuma outra mulher depois que te conheci. - Ele diz verdadeiramente, posso sentir que ele não está mentindo.

Fecho os olhos e volto e a abraçá-lo forte, a sensação de estar em seus braços é muito boa, o calor dele é diferente, estar em seus braços é como voltar para casa depois de longos dias fora, é como finalmente encontrar algo que você procurou a vida toda, é como sentir que tudo faz sentido, sentir que tudo está em seu lugar, sentir a mais pura e plena felicidade.

- Eu não quero que você tenha mais ninguém. - finalmente digo a ele. - Não quero porque quero ter você só para mim, porque sinto ciúmes de você e principalmente porque eu estou me apaixonando por você. - digo sentindo meus olhos mais pesados.

- Você está bêbada, só está confundindo as coisas e está piorando tudo. - Ele parece irritado. - Você faz de tudo para me afastar e agora diz que está se apaixonando por mim, você não pode me deixar confuso desse jeito, então por favor, pare de me iludir - Ele pede e me coloca deitada na cama.

Sinto quando ele se levanta e começa a se afastar.

- Não vai, fica comigo aqui. - peço e escuto ele suspirar.

Tristan se deita no meu lado e faz carinho no meu cabelo, sinto que cada vez vou me afundando mais em sonhos até apagar completamente.

Poistetaan (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora