Súbito

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– Eu sei, nós já conversamos sobre isso. Ele nunca vai encostar um dedo em mim._ falo tentado abrir a porta do quarto com um das mãos, enquanto a outra segurava o celular.

– Se precisar de ajuda...

– Está tudo bem, Lobinho. Agora só estou precisando abrir a merda dessa porta. Acho que emperrou. _digo a Nícolas. – Nos falamos depois. _ e desliguei o telefone.

Tento empurrar a porta com meu corpo. Que merda, digo quando sinto meu ombro doer. Fora todo o constrangimento e o frio que eu estava sentido por estar somente com a toalha na cintura. Ouço um barulho na porta e logo em seguida foi aberta, então uma mulher negra, bem bonita e com os cabelos bagunçados, saio constrangida pela porta enquanto eu entrava no que deveria ser aonde eu dormia. Charles estava sentado em sua cama com um livro na mãos. É claro que estava tentando esconder algo duro no meio das suas pernas .

– O que ela fazia aqui dentro? _ questiono. Era nítido, a cama estava bagunçada, algumas peças de roupas estavam jogadas no canto, e o sutiã que ele havia tentado esconder de baixo da cama estava aparecendo. Ele estava transando.

Ele nem se quer olhou para mim ali em pé, parecia que também não me  ouvia. Como eu estava odiando esse garoto.

– Estou falando com você!_ reclamo.

Ele me olhou de olhos semi-cerrados e com um sorriso sínico de canto de boca ele disse:

– Ela venho estudar Anatomia. Você sabe, é uma matéria difícil.

Eu sabia que estava mentindo, anatomia numa escola de artes? Mas pensei que tinhamos sido claro sobre o nosso combinado, nada de transar no quarto quando eu estivesse por lá, dar espaço e privacidade.

– Será que pode sair para que eu possa me vestir?_ pergunto cruzando os braços.

Seu olhar bem expressivos, corriam pelo meu corpo. Era sério, tava conferido meu corpo ou o volume discreto que eu estava na toalha.

– Pensei que tinhamos um combinado?_ digo.

– Baixa a bola, gato. Eu nem to olhando. _ disse ele voltando para o livro em que lia.

Não era o fato dele estar ou não me olhando, mas o que havíamos combinado. Estabelecer limites era algo que eu presava muito, principalmente após um combinado. Eu tentava ser o menos esquisito, e só me manter focado nas minhas coisas, não se meter na sua vida depravada, mas ele havia me chamado de gato? Eu poderia estar ficando louco, era algo a ser pensado, mas a que ponto tínhamos algo em comum?
Os dias foram se passando, e Charles ainda se mostrava ignorante e fingia minha existência naquele quarto.
As suas depravações e suas festas íntimas durante a noite, muitas das vezes me faziam passar a noite inteira escondido na biblioteca, para tentar dormir. Eu poderia dizer a segurança sobre a orgia que estava havendo no meu quarto desde o dia que eu cheguei, mas não queria parecer o cara gay, que além de gay era careta demais para aquele lugar.

Naquela noite, ele fez questão de conferir se eu estava dormindo...

- Allen, eu sinto muito. Havíamos criado um combinado e eu ultrapassei isso. Sei que sou irritante as vezes não quero que o fato de morarmos juntos cause um desconforto para nós dois.

Eu estava acordado, não estava conseguindo dormir, mas fiz questão de não responder ele, não queria que soubesse que estava acordado. Eu havia passado de colega de quarto para Allen. Foi a primeira vez que eu havia lhe escutado falar meu nome.

Como não se apaixonarOnde histórias criam vida. Descubra agora