Uma semana depois de ter surtado no quarto de Lucas, seu protetor(Uma palavra agora odiada), Jeny se encontrou no espelho, encarando a roupa que usaria na audiência que, obviamente, ela ficou sabendo por último. Will havia dito que era uma reunião que resolveria conflitos. E sua resposta foi dar uma gargalhada na sua cara. Como se alguma coisa fosse resolvida nesse lugar.
A reunião deveria conter todos os membros dos três mundos. Era tudo que sabia. Que seria uma idiota em uma sala cheia de seres celestiais e demoníacos, talvez até outras criaturas que sequer tinha conhecimento. Iria fazer o papel da ruivinha tonta que nunca sabe de nada.
Se sentia tão irritada com todos que pensou em fugir, mas acabou se perdendo naquele lugar imenso e cheio de portas. Queria falar com Will, mas ele não a importunava mais e havia se fechado no seu mundo. Queria falar com Lucas, mas ele era um idiota mentiroso. Queria falar com Ivan, com Harper... Queria ter a mínima noção de onde estava sua mãe.
Não falava com ninguém recorrente na sua vida. Jeny pensou que estivessem mortos. Ou pior, se achavam que ela estava morta. Will ou a custódia deve ter inventado uma mentira sobre seu paradeiro. A cada dia, era possível notar o buraco que aquelas pessoas importantes traziam na sua vida. O quanto não estar em casa havia se tornado um problema para viver. Para se sentir completa.
Jeny tinha virado uma estranha para si mesma. Se questionava de cada respiração. Por que era especial? Por que pessoas queriam matar por ela? Por que iriam mentir? Ela era tão importante e tão desconhecida. Queria saber se seu coração era diferente. Se como doía nela, não doía nas outras pessoas.
Vou como ser um peixinho tirado do aquário. Ou melhor. Quando Nemo é sequestrado e posto em um aquário. Essa era a alusão.
Encarando sua roupa, Jeny mordeu o lábio e estufou o peito, vendo como o vestido branco se comportava no seu corpo. Se mexeu para o lado, e depois para o outro, checando as costas. Viu o rosto pálido e doente naquele espelho e imaginou Harper puxando sua mão e a obrigando a sentar-se quieta como uma boneca Barbie. Se fechasse os olhos, conseguia sentir os pincéis e o cheiro de maquiagem.
Antes que pudesse desistir da sua aparência, Jeny viu a porta do seu quarto ser aberta e uma garota passar a cabeça por uma brecha. Surpresa, a estranha acabou rindo.
— Achei você. — falou gentilmente e sorrindo. — Eu posso entrar?
Jeny se viu sem opções e fez o sinal de sim com a cabeça.
Quando a mulher entrou, ela se sentiu em uma música sobre mulheres poderosas. Porque era isso que exalava daquela figura.
Seus cabelos eram da mesma tonalidade dos dela, mas menos vivos. O rosto era perfeitamente desenhado e se completava com a pele branca. Mas não um branco triste. Chegava a ser tão radiante, corado e vivo que Jeny se sentiu feliz pela saúde que ela passava. Diferente do seu vestido branco, ela estava com uma roupa mais séria, como se fosse realmente importante naquele cenário. Caso lhe fosse tirado o brilho, ela poderia ser gêmea de Jeny.
Mas sua real face diferenciava as duas. Piscando duas vezes, foi possível ver a porcelana que revestia seu corpo. Um anjo. Literalmente e não.
— D-desculpe... — Jeny titubeou.
— Ah! Claro, meus modos se foram. — Mantendo a porta aberta, o anjo abriu um sorriso. — Eu não me apresentei e sequer pedi licença. — Agla. Terceiro membro da Custódia, e eu sei que essa você conhece. Na verdade, Agla é meu nome celestial, mas você pode me chamar de Aleesha Brown. É um prazer finalmente conhecer Jeny . Estava ansiosa e fiquei mais ainda quando disseram que minha casca era parecida com a s... — Se interrompendo, ela soltou uma risadinha. — Estou tagarelando. De novo. Desculpe.
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Good Nigth, Demon!
FantasyJeny é uma aluna normal e uma ótima arqueira quando ninguém consegue ver. Mas, ás vezes, o destino prega peças. E uma dessas vezes, Jeny tinha um urso mordendo sua panturrilha. Quando acorda como um milagre no hospital, ela consegue ver coisas que n...