Estava tudo claro. E logo depois, tudo escuro. Lembrava a vida de um demônio.
Ele abriu os olhos devagar, e notou que o cenário não era igual ao de antes. Quando apagara, estava no ginásio de uma escola. Agora...estava em casa.
Impossível. Ele não podia estar ali. Não havia terminado sua missão.
Encarou suas roupas. O terno preto que apreciava. A casca, que usava mesmo não estando na terra. Notou que estava sentado no trono prateado, estofado com almofadas vermelhas. Nos braços, era possível ver dois crânios, onde era possível apoiar as mãos e se sentir um rei. Ou era como ele se sentia quando os anéis brilhantes batiam ali.
Esfregou os olhos e respirou fundo. O que estava havendo? Onde está a escola? Os humanos? A casa que cheirava a panquecas de manhã? Ou melhor, onde estava Jeny?
Tentou relaxar o corpo e viu o cenário medonho e frio que era o inferno. Olhou o piso de mármore xadrez que fora mandado colocar ali a milênios. As cortinas pretas que cobriam a vista. Os quadros dos antigos lordes que cobriam todas as paredes ao seu lado. Todos sérios, assustadores e sem expressão alguma de sentimentos. Viu também um espaço vazio bem do seu lado esquerdo. Cabia outro quadro ali. Ele sabia de quem era.
- Sente falta disso? - Ouviu uma foz vazia ecoar. Vinha da entrada do grande salão. Ouviu cada passo no carpete, junto a uma bengala pesada. Ergueu o olhar e levantou do trono no mesmo instante. Sentiu a garganta fechar. Era reação normal quando o pai estava perto.
- Na verdade, eu não sou capaz de responder. Digamos que julgar mortos é...intrigante.
- Você é incrível, William! Mesmo quando tudo está um completo caos, você continua a me esnobar e usar sua ironia. Nunca...irá aprende. - A voz ficava cada vez mais próxima e o sangue demoníaco nas suas veias corriam como gelo.
A casca dele era enrugada, com os olhos fundos e sombrios. Os cabelos estavam presos e eram inteiramente brancos. Mas por dentro, sua real aparência, era a mais assustadora que já vira. Talvez, Satã fosse mais amigável que o pai.
- Me perdoe, senhor. Apenas usei uma piada para...descontrair. - Sua voz saiu mais rouca que o normal e o demônio iria desmaiar se não fosse a cadeira atrás de si.
- Quer meu perdão...mas incrivelmente não consegue cumprir simples ordens. Queria uma garota. Uma simples garota. Tinha que fazê-lá assinar um contrato. Aceitar se juntar a nós! Empregados fizeram Judas trocar de lado em menos tempo que você demora para subordinar uma criança!
Ele estava se alterando, e gritando. Isso era péssimo.
- E-ela não é tão simples e fácil quanto pensa. Se nega a se juntar a mim e quer respostas!
- Chega! Se me vier com mais desculpas, lhe deserdarei! - O mais velho gritou e Will sentiu que iria morrer ali mesmo. - Não me venha com desculpas estúpidas! Sempre foi o melhor em manipular. Conseguir o que quer. Ah, William. Eu sei o seu problema.
- S-sabe? - O garoto sussurrou.
Ouviu o pai rir e um calafrio subir pela sua espinha.
- Satã me ajude! Meu filho está amando uma humana! - as palavras saíram como flechas que iriam cortar Will em milhões de pedaços. - Assim que a viu, sentiu algo, certo? No começo, você a machucava. Torturava. Queria vir logo para casa. Mas se passaram os dias e você...se divertiu com ela. - E como se fosse o fogo correndo pelo dísel, o pai estava subindo as escadas que levavam até o trono, diminuindo seu espaço entre o filho, desesperado por ar. - Agora, William, me diga o que devo fazer com você? Trazê-lo para casa e tratar com amor e carinho? Lhe prometer um trono? Um quadro naquela parde?
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Good Nigth, Demon!
FantasyJeny é uma aluna normal e uma ótima arqueira quando ninguém consegue ver. Mas, ás vezes, o destino prega peças. E uma dessas vezes, Jeny tinha um urso mordendo sua panturrilha. Quando acorda como um milagre no hospital, ela consegue ver coisas que n...