▪️O QUE EU PRECISO?

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MÚSICA: O QUE QUISER FAZER - LUCCAS CARLOS.

"...E eu que tô acostumado a ditar o ritmo do jogo. E eu que tô acostumado a ser cercado delas, tô bobo. Mina eu quero teu contato não só telefone
Tu tinha que se ver do jeito que tu me olha. Mas se é só intenção de me ter na mão. Vai embora ou cola, conversa não mata a fome.

E eu sei que você não quer
Alguém que te fale o que fazer
Então faça o que quiser fazer
Virando a madrugada, eu não me importo mais com nada
Só o que você me fala..."
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🔷GUGA

Era a primeira vez que eu estava realmente assustado com alguma coisa.
Quando eu era criança, eu assumi o papel de protetor e cuidador, mesmo sendo o mais novo, mesmo sendo o que não iria herdar o complexo como numero 1.
 Eu assumi esse papel, Dante era só um ano mais velho que eu, e enquanto ele fosse criança eu queria que ele tivesse a chance de chorar, se esconder, desmoronar, ter medo... Porque eu via o tempo todo o que o meu pai fazia e eu sabia que quando ele crescesse, ele nunca mais ia poder fazer nada disso.
 
Eu me acostumei tanto com esse papel que deixou de ser um papel e se tornou quem eu era.
Eu era o cara que tomava as rédeas quando ela estava quase se perdendo, eu fazia o trabalho realmente sujo só para que ele jamais precisasse correr esse perigo, eu era quem falava a verdade para ele e quem ele olhava nos olhos e deixava a nuvem do medo e só assombro amostra.
 
Eu estava acostumado em ser a ovelha negra, mesmo nunca me sentindo assim por parte da minha família.
 
Eu era a ovelha negra, eu escolhi ser, eu gostava de ser.
 
Mas a ovelha negra que carregava a responsabilidade de não sentir medo e de segurar as rédeas, estava assustado. A ovelha negra não estava conseguindo segurar as rédeas porque tinha alguém agora que estava fazendo isso, alguém que colocou os problemas nas costas e estava carregando sozinha e isso era assustador.
 
A ovelha negra tinha certeza que ela era completamente diferente dele e isso era o motivo de eles nunca se acertarem de fato, mas percebi que eu estava totalmente errado.
 
Ela era igual a mim.
Em uma versão muito melhor.
 
Se responsabilizando em resolver um problema que não era dela, proteger alguém que não era ela, se colocando em risco para que a outra não estivesse em risco e se esquecendo de si mesma para colocar quem ama na frente.
 
Ela protegia todo mundo e quem a protegia?
 
Eu estava assustado... Eu nunca tinha conhecido alguém assim.
 
Ela tinha medo de tudo, mas ia com medo, ela temia tudo, mas o temor era quem dava mais força...
 
Eu estou assustado por estar tão fascinado, assustado por que eu tinha certeza que ninguém nunca me impressionaria e ela estava ali me impressionando, me testando, me levando ao máximo e ainda assim sendo melhor.
 
E foi ai que eu percebi que eu tinha que ser melhor, na verdade... Eu queria ser melhor, eu queria por ela, queria porque ela me mostrou que ser melhor é realmente bom.
 
Foi por estar tão assustado que na noite anterior que não tinha ido até ela, e é por estar ainda mais assustado que hoje eu estou aqui.
 
Não da pra não querer essa mulher, é a primeira vez que eu quero algo com tanta vontade.
-
 
Nós terminamos o banho, eu enrolei uma toalha em volta do corpo dela e a trouxe para o quarto.
 
Eu joguei uma das minhas camisas para ela. Eu tinha deixado algumas camisas escondidas pelo quarto dela, eu sabia que ia ouvir até a decima geração se ela descobrisse que até escova de dente eu tinha deixado ali.
 
Ela vestiu a camisa e se deitou na cama. Eu vesti uma cueca e me joguei do lado dela, puxando seu corpo para ficar grudado ao meu, um aquecendo o outro.
 
Se eu queria transar? Obvio! Eu sempre vou querer transar com essa mulher, mas nem tudo é sexo, e nesse momento nenhum de nós dois precisamos disso.
 
Eu alisava o cabelo dela enquanto a respiração dela ia se acalmando.
 
Ela protegia todo mundo e eu iria proteger ela.
 
A respiração dela foi ficando pesada aos poucos e eu tinha certeza que ela tinha caído no sono, mas a voz baixa e suave dela soou.
 
Luna: Eu acho que é uma armadilha. – Ela falou tão baixo que se eu não estivesse colado a ela eu não teria ouvido.
 
Guga: Eu também acho que está fácil demais. – Minha mão ainda alisava o cabelo macio dela.
 
Luna: O que a gente faz pra contornar? – E me surpreendendo ela se aconchegou ainda mais em meu corpo, os braços dela estavam abraçando seu próprio corpo enquanto os meus estavam em volta dela.
 
Guga: Nos vamos até lá preparados pra tudo, se tiver com contornar algo vai ser a adrenalina que vai nos ajudar. – Eu fechei meus olhos quando ela afundou seu rosto em meus pescoço e respirou fundo.
 
Luna: Deixa para amanhã.
 
Sim, deixa pra amanha... Eu nem cheguei a pronunciar essas palavras.
 
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Eu nunca tive um sono pesado.
 É como se eu dormisse o tempo inteiro com um olho aberto mesmo estando os dois fechados e eu sabia que tinha alguma coisa errada.
 
Meus estavam fechados e o silencio completo da casa tentava me provar o contrario, parecia estar tudo bem, mas eu não saio do meu sonho com a pele do meu braço se arrepiando por motivo nenhum.
 
Eu abri um olho e a escuridão completa do quarto me impedia de ver qualquer coisa, o pequeno relógio ao lado da cama marcava 03h03min da madrugada.
  A porta estava trancada a chave e Luna estava deitada sobre o meu peito, eu não tinha como me mover, mas eu precisava saber se o sonho que não estava bom ou se foi o meu sensor de bandido bom que apitou.
Eu a segurei pelos braços e a coloquei deitada com a cabeça no travesseiro, ela se virou para o outro lado e respirou fundo. Quando percebi que ela continuava dormindo, eu me levantei a passos silenciosos, peguei a minha Glock que estava ao meu lado no criado mudo e com a arma em punho em caminhei devagar até a porta do quarto, rodeia a chave e abri a porta devagar.
Da porta do quarto já dava ver toda a sala e a cozinha e estavam vazias, silenciosa e apenas com a iluminação da lua que entrava pelas janelas de vidro transparente.
 
Não tinha nada ali, absolutamente nada, mas eu ainda não estava contente, meu braço ainda estava arrepiado e eu ainda sentia que estava deixando alguma coisa passar.
 
Talvez eu esteja ficando paranoico demais.
 
Eu sai da porta do quarto e fui até a geladeira, abri e peguei uma garrafa de agua virando logo em seguida na boca mesmo.
 
Se Luna visse ia falar até minha decima geração.
 
Coloquei a garrafa de volta na geladeira e passei meus olhos novamente por todos os cantos que eu podia ver e como antes estava vazio e silencioso.
Travei a minha Glock de estimação, a primeira arma que eu segurei na vida. Com ela entre os dedos eu voltei para o quarto, mas meu corpo gelou por completo quando eu cheguei bem na porta do cômodo que tinha literalmente quatro paredes e era espaçoso demais nesse momento.
 
Ela estava tão perto de mim e ao mesmo tempo a milhares de quilômetros de distancia porque agora eu não sabia o que fazer.
 
Não era eu que tinha que proteger ela enquanto ela se preocupava em proteger os outros?
 
Os olhos dela estavam abertos e brilhando, mas não tinha medo ali, com certeza diferente dos meus que estavam demonstrando o pavor que eu estava sentindo sem ao menos conseguir controlar.
 
Ele abriu um sorriso enorme, os dentes eram tão brancos que brilhavam, a faca em uma mão pressionando o pescoço de Luna e a arma com silenciador em outra apontando para a lateral da testa dela.  
 
Um homem alto e forte parou na minha frente, a minha mão esteva elevada com a minha Glock de estimação em mira e eu nem tinha percebido que eu apontava minha arma para eles. O cano da arma mirou no peito do homem que parou na minha frente e ele segurou a minha arma.
 
X: Eu acho melhor você soltar. – A voz dele era grossa e com sotaque de quem pouco conhecia o português.
 
Ele tinha pelo menos 10centimetros a mais que eu e olha que eu nunca fui baixo de altura. Mas eu não tinha coragem nem de dar uma resposta, eu só queria que aquilo acabasse era a pior tortura que eu já imaginei passar.
 
Virei o cano da arma para o chão e levantei ainda mais minha mão para entregar a Glock ao grandalhão a minha frente, ele ergueu a mão para pegar, mas eu fui mais rápido e exatamente como eu queria o punho da minha Glock bateu na lateral do queixo do homem.
 
 Ele cambaleou para trás e levou a mão ao queixo, ele com certeza não esperava que eu fosse reagir. Sem dar tempo de contra atacar, eu acertei o punho da minha arma bem no meio da garganta dele, bem no gogó em um golpe rápido e forte o suficiente para esmagar a traqueia dele. Os olhos dele se arregalaram, as mãod dele agarram o pescoço procurando por ar em desespero, eu o empurrei com o pé para que ele saísse da minha frente e ele caiu para o lado se contorcendo em busca de oxigênio.
 
X: Acho melhor você nem pensar em chegar perto. – Ele também tinha um sotaque italiano, mas diferente do outro que eu acabei de matar esse eu sabia quem era.
 
Lorenzo tinha a aparência totalmente contraria do que deveria ter.
Ele é um assassino sanguinário não? É! Mas tinha olhos azuis, cabelo liso que caia para o lado, uma estatura de quem nao faltava academia. Qualquer um que olhasse ele diria que é o galã do século.

RESILIÊNCIA | MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora