Capítulo 12

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-Hoje é sua apresentação. – Mamãe disse animada, como se vibrasse internamente. Assenti pesarosamente, sem questão de transparecer algo além de desanimo. – Queria poder assistir.

-Não vai ser nada de mais mãe. – Tomei mais um gole do suco, mantendo o olhar fixo no mesmo. – Só duas adolescentes interpretando dois idiotas.

-E a apresentação de ballet? – Ergui o queixo suavemente, olhando-o de canto. – Você tem se dedicado tanto... Quando vai ser?

-Se você se dedicasse, saberia a data. – Me levantei de uma vez. – Estou atrasada...

-Não fala assim com seu pai. – Era nítido a surpresa em seus olhos. – Seu irmão ainda não desceu. – Minha mãe disse preocupada. – Não vai...

-Ele que vá de ônibus... – Forcei um sorriso. – O carro é meu...






-Está nervosa? – Billie disse apreensiva, andando de um lado para o outro no corredor. – E se eu vomitar?

-Não sendo em mim, não dou a mínima. – Cruzei meus braços e encostei suavemente no armário, observando uma pessoa desagradável se aproximar.

-Backer... – Eva disse em um tom de voz duvidoso, pronunciando meu sobrenome errado.

-Não finja que não sabe meu sobrenome, querida. Você costumava grita-lo certinho.– Pude vê-la engolir em seco e rolar os olhos e desvencilhar seu olhar em direção à Billie, que encarou os próprios tênis coloridos. A tensão aqui dava para se palpar.– Posso falar com você Bill?

-Não, ela não pode. – Dei um passo para frente, olhando-a nos olhos. – Estamos nos concentrando na apresentação, se você puder voltar para sua insignificância. – Abanei a mão, vendo-a balançar a cabeça negativamente e adentrar à sala de aula.

-Você tá estranha. – Mordeu o lábio inferior, levantando o olhar suavemente de encontro ao meu.

-Você é estranha, nem por isso fico jogando na sua cara... – Pude vê-la sorrir e balançar a cabeça negativamente. – Seus dentes são bonitos.

-Obrigada, foram caros... – Mordi o lábio inferior, reprimindo um sorriso. – Vamos? – Ela disse assim que a professora passou por nós apressada e entrou na sala.

As apresentações começaram, diversas cenas foram feitas e com elas meu sono se aproximava, eles eram tão ruins que me causavam bocejos. Eles nem se esforçavam para parecerem menos péssimos, chegava a ser humilhante.

-E por fim, Billie e Alana... – A professora disse animadamente, apontando para o centro da roda que havíamos feito.

-Pronta? – Sussurrei, vendo-a assentir e me lançar um sorriso confiante. Meu estomago estava embrulhado e minhas mãos tremulas. Caminhamos para o centro. A encarei, tentando controlar meu impulso de começar a balançar a perna.

-Podem começar. – Disse animadamente.

-E minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência. – Billie disse olhando nos meus olhos e naquele instante nada parecia estar à minha volta. Era como se estivesse escurecido, inebriado. Suspirei profundamente.

-Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente.– Eu disse com uma tonalidade neutra, recitando cada verso calmamente. Seus olhos continuavam fixos nos meus. Um sorriso se instalou em meus lábios recém humedecidos.

Eu odeio você. - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora