Capítulo 17

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-Você está quieta... – Comentou, atenta ao caminho. Encostei minha cabeça no vidro do carro e soltei um longo suspiro.

-É cansaço. – Dei de ombros. – E você não conversa muito comigo, não estou entendendo seu interesse repentino em mim. – Praguejei, vendo-a rolar os olhos.

-Não é repentino, é que a gente tem uma relação complicada. – Billie bufou, parecia irritada.

-Coloca complicada nisso... – Sussurrei, lembrando-me novamente dos impulsos de Billie em simplesmente me beijar. Concluí que ignorar seria a melhor saída, talvez isso nunca mais se repita e pensar sobre isso me tornaria uma vadia traidora...

-Posso pedir um favor?

-Depende, vai enfiar sua língua na minha boca de novo? – Disse olhando-a de canto. Ela sorriu de lado e deu de ombros.

-Só se você quiser... – Riu, claramente provocativa. Balancei a cabeça negativamente, sem conseguir esconder o sorriso de canto que persistia em ficar estampado nos meus lábios.

-O que você quer dessa vez Eilish?

-Eu preciso juntar uma grana para pagar minha demo. – Ela começou, parecia envergonhada. – E eu não sou boa cozinhando, cantar na praça não está dando certo... E minha mãe não quer patrocinar... Então eu pensei em uma coisa que pode funcionar.

-Prostituição de menor é crime, se você estiver pensando em se prostituir...

-Não é isso Alana. – Ela me cortou, rindo de nervoso. – Eu pensei em fazer uma lavagem de carros... – Engoliu em seco. – As meninas do time poderiam ajudar.

-Ah... Você quer nos prostituir. – Comecei a rir, balançando a cabeça lentamente. – É outono Billie, está frio...

-Aqui é a Califórnia, Los Angeles não faz tanto frio.

-Ficamos com 50%. – Dei de ombros. – Dos lucros, afinal... Duvido que você vai ficar esfregando carro de biquíni enquanto um monte de gente fica assistindo.

-Mas porque você quer 50% - Me olhou de canto. Ela não parecia interessada em se opor, apenas curiosa. – Você é rica.

-Todo ano a gente faz uma festa de halloween para custear a viagem para as finais, e fazemos essa maldita lavagem de carros para conseguir o dinheiro para fazer a festa. – Billie parou no sinal e me olhou. – Você fica com 50% da festa, se você cantar nela, e com 50% da lavagem dos carros.

-Ótimo. – Ela sorriu. – Parece perfeito.

-Tá bom, vadia, agora dirige esse maldito carro ou vamos chegar atrasadas na escola. – Ajuda-la não estava nos meus planos, mas meu espirito natalino havia aparecido antes da época.






Eu as observava na coreografia, andando de um lado para o outro ao lado da treinadora. Pairei meus olhos em Billie, vendo-a faz o giro perfeitamente. Como se nunca tivesse errado antes. Ela não precisava da minha ajuda, aquilo era só um pretexto. Eu tive certeza ao vê-la me olhar e sorrir maliciosamente. Balancei a cabeça negativamente e desviei o olhar. Eu sentia algo muito estranho acontecendo com meu corpo. Puxei o ar com força e tentei ignorar aquilo. 

-Isso está bom. – A treinadora disse entediada. – Mas não está ótimo... Falta alguma coisa. – A treinadora me olhou. – Vai com elas, e tenta acrescentar algo na hora daquela levantada sem graça que você faz no meio.

Eu odeio você. - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora